Actual polémica sobre
'offshores'
justifica indignação dos Madeirenses
e da
Assembleia Legislativa
A actual polémica sobre 'offshores' e as inevitáveis agressões demagógicas à Madeira
pelo acolhimento e sediação, em regime de baixa fiscalidade, de investidores e
empresários estrangeiros nesta Região Autónoma justifica um grito de repúdio e
indignação por parte dos madeirenses e, muito em particular, por parte desta Assembleia.
Pela minha parte não calarei a minha ira relativamente a qualquer ataque ao único sucesso
financeiro da nossa Autonomia.
A nossa vida por cá, a nossa História como portugueses, muito raras vezes deu
oportunidade de perspectivar realidades económicas que libertassem da dependência
financeira de Lisboa. Nunca se concretizou mesmo quando a cana de açúcar se revelava
como potencial ouro branco.
A capital do império acabou sempre por ganhar mais do que
nós.
Mesmo o turismo, qual maior empregador e valorizador social de inúmeros madeirenses
relacionados profissionalmente com esta nossa principal actividade económica, dizia,
mesmo os lucros do turismo não contribuem especialmente para a receita fiscal regional
face à fraca rentabilidade das empresas do sector.
Cinco milhões de euros de IRC num
ano é muito pouco para toda a hotelaria da Madeira e Porto Santo.
Se as empresas não têm lucros razoáveis, se em particular as empresas da hotelaria são
fracos contribuintes fiscais, o mesmo acontecendo com a indústria, a agricultura, a pesca,
etc., e agora também a construção civil, fica para as pessoas, trabalhadores e não
trabalhadores, o encargo de suportarem o orçamento regional.
E NÃO PODE SER!
Infelizmente é e tem sido assim, esforço felizmente aliviado pelas actividades económicas
em regime de baixa fiscalidade no âmbito do Centro Internacional de Negócios da
Madeira. Não fossem estas receitas fiscais e faltariam ao orçamento cerca de duzentos
milhões de euros e das duas uma: ou cortávamos despesas, e não se adivinha onde cortar
num orçamento tão curto, com tantas carências nas áreas sociais e nos incentivos ao
investimento, dizia, ou cortávamos nas despesas ou os madeirenses e porto-santenses
teriam de pagar mais impostos.
E não podem até porque são quem mais paga impostos em Portugal.
As receitas fiscais pagas pelas empresas em regime de baixa fiscalidade, são uma preciosa
receita financeira que ajuda o orçamento regional como nenhuma outra receita: não é paga
pelo nosso povo nem pelas nossas empresas. Todas as outras nossas receitas fiscais têm
o esforço fiscal das pessoas, das famílias, dos trabalhadores, dos funcionários públicos,
dos empresários e empreendedores, dos desempregados, dos reformados, dos deficientes,
em resumo, de todo e qualquer ente que esteja em solo regional.
O IRC das actividades em regime de baixa fiscalidade, não é pago a partir do nosso
esforço fiscal mas sim das empresas que encontraram na Madeira condições competitivas
para cá produzirem ou registarem as suas actividades.
Para além dos cem milhões de euros anuais em IRC, estas empresas empregam
madeirenses, contratam especialistas e serviços gerais, ocupam hotéis, compram ou
alugam escritórios e casas, e muitas outras despesas como todos percebem. Por cima de
tudo isto, pagam outros cem milhões de impostos directos e indirectos.
É aqui que não se percebe, aceita ou admite, a traição de políticos do continente ao tudo
fazerem para eliminar esta fonte de receita que não envolve o trabalho duro, penoso, mal pago e, muitas vezes, quase escravo a que os madeirenses historicamente estiveram
sujeitos.
Gente mesquinha, vingativa e invejosa que não aceita que a autonomia nos fez ter
esperança de vivermos melhor que os demais portugueses.
A deputada Ana Gomes é um desses exemplares que odeio e remeto para a sarjeta da
política lamacenta e danosa em que afundaram Portugal.
O regime de baixa fiscalidade que engloba actividades económicas realizadas na Madeira
está aprovado pela legislação portuguesa com a absoluta concordância das instituições da
União Europeia.
Ora, sendo assim, como pode uma senhora que se diz política e desempenha funções de
deputada no Parlamento Europeu eleita por Portugal, promover a eliminação de um
estatuto fiscal aprovado no seu próprio país, também pelo seu partido, e que tem o acordo
europeu ? E como pode essa "madona" invocar a falta de fiscalização central para pôr em
causa todo um sistema de benefícios fiscais?
Portugal revela-se um centro de corrupção
e negócios fraudulentos com paralelo apenas em latitudes africanas e essa deputada, sem
qualquer escrúpulo, vem apontar o CINM sem referir um única caso concreto.
Obviamente que o ponto frágil de todas estas polémicas fiscais em torno do "offshore" da
Madeira é, única e exclusivamente, responsabilidade portuguesa. Nossa responsabilidade.
A nossa fraqueza em nunca assumirmos as coisas como são, fazem-nos ter um regime de
'ajudas de estado', os sempre indesejáveis e incómodos benefícios fiscais, agravado
'mortalmente'' por um sistema de 'plafonds', quando devíamos desfrutar de um sistema
fiscal próprio que não permitisse esta permanente demagogia por políticos sem
escrúpulos nem competência.
Para não nos darem autonomia fiscal deram-nos este sistema de subsídios. Para o Estado
é absolutamente igual em termos financeiros.
Qualquer uma das opções custa zero ao
orçamento português. Só que para nós faria toda a diferença em termos de dispormos de
um sistema fiscal competitivo com as demais praças europeias. Para além de acabar com
a verborreia, podre e venenosa, das Anas Gomes e dos Franciscos Louçãs deste país, de
políticos primários e hostis a tudo o que traz prosperidade aos que escolheram o caminho
da autonomia.
Vão para a Europa com o fim de eliminar o que se aprova em Portugal com o acordo
europeu. E vêm à Madeira no fim-do-ano, o que é sempre agradável, a convite e
acolhimento de políticos de regionais, e com o ar cândido de quem está a salvar o mundo
dá a entender que até está a perceber e a se interessar pela realidade regional.
Provavelmente uma futura candidata, juntamente com Francisco Louçã, ao Conselho
Consultivo do Banco de Portugal. A quem estamos entregues!
Este é o tema mais importante da nossa actualidade. Pode-nos dar sustentabilidade
financeira ou levar-nos a uma maior penúria orçamental.
Se esses pérfidos propósitos políticos que denunciei forem bem sucedidos estaremos em
situação financeira aflitiva. Por isso, julgo que devemos tudo fazer para fixarmos um regime fiscal próprio. Como
Malta e Chipre, como o País Basco e Navarra, como Jersey e a Ilha de Man, como terão
brevemente a Catalunha e a Escócia, ou, visto pelo outro prisma, que Portugal fixe um
sistema fiscal que dê à Madeira um regime de baixa fiscalidade como é proporcionado no
Luxemburgo, na Holanda, na Irlanda e na Áustria, entre outros exemplos.
Pedir igual aos outros, tanto dentro da União Europeia como fora dela, nem é original
nem epidémico. Nem é regra nem é excepção.
É uma questão de sensatez e acerto político. De fazer como deve ser. Como é feito na
Europa. Sem histórias de offshore, paraíso fiscal ou outra denominação pejorativa.
Como representantes da população, mesmo que em algum detalhe possamos precisar de
convergência, no essencial espero estarmos de acordo.
Nenhum dos exemplos que enunciei estão associados a dificuldades financeiras ou
sociais. Os exemplos das ilhas de Malta e Chipre são especialmente interessantes. São
estados independentes, da União Europeia, com pouco mais de população que nós, com
algum turismo sazonal e que vivem sobretudo à custa das receitas fiscais proporcionadas
por regimes de baixa fiscalidade. Com essas receitas suportam todas as despesas internas
de Estado, a diplomacia internacional, as forças armadas, etc. Não andam a mendigar por
um hospital!
Porque esta Assembleia não reúne uma delegação alargada e vai lá ver como é?
Ou porque não o governo regional acompanhado por deputados desta Assembleia
Legislativa ?
Podia revelar-se um bom investimento!
Percebamos uma coisa simples.
No final de 2015, as empresas no sistema fiscal normal, sujeitas a IRC de 23 por cento,
eram 12.771, e que pagaram uma média de IRC de 5.000 € cada. As registadas no Centro
Internacional de Negócios eram, na mesma data, 1.887, tendo pago de IRC nesse mesmo
ano, uma média de 52.000 € cada. Dez vezes mais!
Ou seja, os lucros de 12.771 empresas pagaram de IRC 64 milhões €, enquanto os lucros
de apenas 1.887 pagaram 100 milhões de euros. Se as empresas do sistema fiscal normal
pagassem igual ao regime de baixa fiscalidade (4 ou 5%, consoante o caso, em vez de
23%, a partir de 2017 passa a 21%) perdíamos de receita fiscal cerca de 14 milhões de
euros.
Isto é o mesmo que dizer que mais 270 empresas no Centro Internacional de
Negócios pagariam o que as empresas madeirenses poupariam em imposto.
Repito: Para que as empresas madeirenses passassem a pagar o mesmo IRC que as do
Centro Internacional de Negócios, SEM PREJUÍZO PARA O ORÇAMENTO, em vez
de 1.887 empresas no CINM precisávamos ter 2.157, apenas mais 270, e não podemos
esquecer que já tivemos mais de 6.000.
Por sua vez, angariando 20.000 empresas arrecadaríamos mil milhões de euros de IRC e
outros mil milhões provenientes dos restantes impostos. Malta e Chipre têm 60.000 e
80.000 empresas respectivamente.
Como o sistema fiscal regional já arrecada 750 milhões teríamos uma receita fiscal global
de quase três mil milhões de euros.
Percebamos que o risco é nulo. Nunca poderemos perder o que agora arrecadamos. O
sistema fiscal fica mais competitivo que agora por isso vai agradar às empresas que já cá
estão. Acresce que nunca mais nos chamam de offshore ou paraíso fiscal. E proporia que a redução do IRC das empresas madeirenses fosse igual ao ritmo da entrada de novas
empresas que se registassem no CINM. Como com igual ritmo se reduziria o IRS, o IVA
e demais impostos que nos retiram competitividade e justiça social.
Não perdemos receitas e podemos ter um grande sucesso financeiro.
Com um regime fiscal igual aos mencionados colocar-nos-emos em situação igual à dos
Estados e Regiões com quem queremos concorrer.
Não podemos desistir de o conseguir.
Esta matéria deve ser apresentada formalmente junto das instituições nacionais. Fora do
âmbito do Estatuto, onde muito nos separa e também muito esbarra nos limites da
Constituição. Ou, porque não, justificar uma alteração do Estatuto, para já apenas sobre
matéria fiscal.
Este é o tema da nossa vida política. Nada mais suplanta a sua importância. Devemos
todos fazer um esforço pela sua concretização já que mudaria a face da Madeira e do
Porto Santo. Teria valido a pena fazer parte desta geração de políticos. Seria a maior
conquista da Autonomia”.
Miguel de Sousa
Deputado
Assembleia Legislativa da Madeira
7 de Março de 2017
8 comentários:
Falta de nível espumada por um desesperado em manter as gorduras do seu próprio papo. É uma vergonha a lavandaria da madeira, uma vergonha.
Esta proposta esteve para ser aprovada no final na legislatura anterior e não foi quando tinha todas as condições para o ser, porquê?
Continuamos entretanto com mudanças de governos, renovados e recauchutados, sem que nada de significativamente novo e melhor para a população, aconteça. Mas. a politiquice, as jogadas, os interesses e as falcatruas para o bem de uns poucos continuam e continuamos nós entretidos com a bola e outras distracções.
Esta Autonomia, só por si e como está, serve apenas os protegidos do PSD, à custa de um despesismo pago por todos nós e sem qualquer mais valia.
Apoio a proposta do Deputado MS que pouco tem feito na ALRM e se a conseguir aprovar, assim bem pode continuar.Esta proposta valeria por toda a sua legislatura e deste PSD desnorteado.
A Solução para a Madeira.
É o regresso do Guerreiro.
Deixem-se de histórias e aprovem o que é importante. E isto é o projeto que a Madeira devia acarinhar e propor a Lisboa que até ia ter menos preocupações com a Madeira em termos Orçamentais.
Retirada a retórica ficam no ar algumas dúvidas.
O CINM não será o único sucesso financeiro. Com argumentos demagógicos semelhantes estes, vemos demonstrada na imprensa, a rentabilidade das despesas com o futebol espectáculo. Os madeirenses sabem, por experiência própria,que tiveram pagamentos efectuados a profissionais do futebol feitos a partir de offshores.
Vai sendo tempo de deixar de discutir pessoas - Ana Gomes e outros - e explicarem-nos, como se fossemos atrasados mentais, nomeações de responsáveis pela fiscalização para determinados cargos. A mulher será séria, mas não parece. Quando as fiscalizações constatam que a Srª Tal e Coisa fez-se tarde e os escravos do sistema já estão na miséria. Deixem-se de dogmas embrulhados em demagogia engana tolos.
este é como o azeite galo. " azeite galo galo a cantar há mais de 30 anos."
este, bem este é só mudar o verbo...
Se calhar o PSD votou internamente no candidato errado, de longe o Miguel de Sousa mostra que tem outro cabedal para ser presidente do Governo Regional.
Anónimo das 12:07... Apartir de outubro MS terá mais uma oportunidade de concorrer,de certeza que não ganha, mais, não se encaixa no próximo elenco.foi pagamento por pagar uma campanha como outros tantos tiveram pagamento por se infiltrarem nas equipas adversárias.
Confesso que agora sinto-me arrependido por não ter votado no Dr Miguel de Sousa.
É de longe o único com os ditos no sítio dentro do PSD (Partido Sem Destino)
No lugar dele não aprovava o orçamento e acabava com o regabofe de uma só vez.
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