Campanha arranca esta terça-feira

CAFÔFO PARTE 

BEM NA FRENTE

EM POPULARIDADE

Respira-se na rua: apesar de tantas e tão graves trapalhadas, o Mayor continua na mó-de-cima quanto a popularidade entre os eleitores. A oposição não lhe consegue provocar desgaste. Mas atenção que a nossa 'sondagem' é mero exercício de empirismo.

  

O actual presidente da câmara do Funchal é primeiro na lista de simpatias do eleitorado. Respira-se na rua. Fenómeno curioso, depois das sucessivas polémicas em que esta vereação se envolveu durante os quatro anos de mandato, especialmente nos últimos tempos. Os funchalenses não se esqueceram do início conturbado da governação municipal Mudança, que levou a que metade dos eleitos para edis fossem obrigados a deixar os seus cargos, pelo que a equipa cafofiana de hoje é muitíssimo diferente daquela que venceu nas urnas em 2013 para desalojar o PSD-M da câmara. 

Toda a gente sabe da guerra das esplanadas.

Programas e projectos apresentados a letras garrafais e levados a cabo, alguns deles, sem um único proveito que se diga benza-te Deus. Casos do 'fica na cidade', reabilitação urbana invisível (está bem, o Caju, está bem), orçamentos participativos. 

Tornaram-se clássicas as mentiras do tamanho da Pontinha que o Mayor tem utilizado, pondo-se fora de todas as responsabilidades que lhe possam borrar os cartazes do sorriso e das pessoas: nunca foi a câmara, foi a anterior, ou então o governo ou então o Semeador. 

Ninguém ignora a tentação do autarca para cair nas boas graças também dos grandes lóbis que tomam conta da cidade. Daí os Lazaretos, os Savoys e quejandos. 

Bem impactante foi o comportamento de Cafôfo em momentos-chave como os incêndios, o carvalho, a derrocada perto da Ribeira de João Gomes, para falarmos do que é mais recente. 

Escandalizam a opinião pública as verbas estonteantes gastas por Cafôfo para se propagandear a si próprio. Neste preciso momento, cai aqui na mesa uma notícia dando como certo que o MP vai investigar o contrato alegadamente ilícito da CMF com a agência de publicidade LPM. 

Tudo isso. 

De sondagens, tem-se falado em jogo escondido. Nem a Confiança nem o PSD viraram as cartas porque a diferença entre ambos seria curta, roçando as margens de erro, logo nenhum queria falar em marcar passo. Como se sabe, a única sondagem supostamente credível, divulgada há umas boas semanas, dizia que Cafôfo estava na frente e Rubina Leal 10 pontos abaixo. Pelos últimos rumores, a candidata laranja teria conseguido aproximar-se do rival. Rumores.

No exercício habitual destas alturas, de resultados obviamente falíveis, andámos uns dias por aí a tirar nabos da púcara. A tal 'hipótese de sondagem' privada, sem telefonemas nem inquéritos para preencher. Apenas a tal conversa introdutória com a pergunta sacramental: e quem é que vai ganhar isto?

"O Cafôfo já ganhou!" 

Assim mesmo. Julguei que encontraria muita gente revoltada com os temas referidos acima - e falei disso tudo, para ver até que ponto ia a convicção do interrogado. E era o próprio inquirido a fabricar desculpa salvadora para Cafôfo! 

Bem puxei: mas o homem mente que se farta, lembras-te do... 

E os outros? - responderam muitos.

Tantas e tão graves trapalhadas municipais nos últimos tempos! E aquela oposição não consegue fazer baixar Cafôfo ao seu lugar!

Falei com dezenas de pessoas e há uma certeza nisto: não me responderam tacticamente, como nas sondagens por telefone, onde persistem medos antigos. Falei com gente que conheço da cidade, entre todas as classes sociais e categorias profissionais. Acreditem: tirando a classe politizada e mais pensadora em matéria política, essa sim deveras zangada com Cafôfo e irritada consigo própria por ter votado Mudança em 2013 - classe essa que ainda por cima não está a desviar a agulha para o PSD (Rubina Leal) ou PP (Rui Barreto) mas para Funchal Forte (Gil Canha) - fora esses eleitores, esclarecidos mas poucos, só ouvi uns escassos funchalenses assumidamente anti-Confiança. Presumo que representem mais uns quantos de munícipes, a quem não cheguei. Um deles votou Cafôfo e agora vai votar PSD (já parece um milagre) por causa das obras atrasadas na Estrada Monumental. Estava na conversa um socialista, que logo rebateu: se a Empresa de Electricidade não tapou os buracos, como é que a Câmara ia asfaltar? E o revoltado: pois, para o Cafôfo a culpa é da Electricidade, é do carvalho...

As últimas prospecções que fiz, junto de pessoas da minha confiança e conhecedoras dos respectivos meios, fi-las pelo msg. Também me falam de descontentamento com o município por causa da Estrada Monumental. Outro inquirido barafustou com a Rua das Mercês. Outro com a briga governo-câmara por causa da Ponte Nova, que prejudica o cidadão. 

Mas por aqui ficou a crispação contra o actual elenco municipal, e sem bater muito forte no edil n.º 1. De resto, ouvi: "já ganhou", "merece mais um mandato", "este sempre fez alguma coisa", "a Rubina é o mesmo que o PSD, Deus me livre", "já não posso com o PSD".

Não se julgue que estas conclusões resultam de uma pesquisa circunscrita a um determinado ambiente social. Não. Já disse acima que falei com João e Maria, com políticos, com o barman e o profissional do volante, com desportistas (claro está) e... ah, é verdade, mudei uma opinião que tinha mal formada: afinal, a parte de leão dos funcionários da câmara "gosta do Cafôfo". Garantiram-me a pés juntos. Mais: operacionais de entidades dependentes da mesma edilidade estão satisfeitos com o tratamento recebido, mesmo que o vereador tenha passado ao lado das suas funções.

Esta agora!

Muito francamente, quando não estou a escrever sou adepto de uma lição eleitoral às arrogâncias e vaidades do emproado presidente da câmara. Mas, ao meter-me neste trabalho, habitual neste vosso amigo sempre que há eleições para fundamentar os escritos e não dizer muitas asneiras, este trabalho, dizia, foi como 'ir à lã e voltar tosquiado'. Saiu-me o tiro pela culatra, velha tropa! Apanhei o que se chama uma lavagem do Cafôfo.

Dava jeito ignorar as andanças destes dias, levando como certo que as minhas conversas e perguntas são feitas sem método científico, sem as técnicas das empresas profissionais nem dos matreiros ao estilo LPM, que levam o nosso dinheiro. Esquecia candidamente a via-sacra e assunto arrumado. Mas não ficaria bem comigo próprio se desprezasse as diligências assentes num empirismo que já me deu bons resultados. Embora me pareça hoje um tanto perigoso.

Pelo que conto aqui com o coração nas mãos, o Leitor vê o resultado que daria o 1.º de Outubro em caso de acerto dos meus interrogatórios. Maioria absoluta para a coligação Confiança. Sem tirar nem pôr. Derrota não tanto para Rubina Leal, mas para Miguel Albuquerque, dado que o seu partido não recuperava a capital - com o agravamento dos resultados que o esperam em muitas outras câmaras. O descontentamento geral entre os social-democratas, internamente. Tudo muito negro para 2019.

Referiram-me nestes dias o nome de Rui Barreto. Bom sinal para o PP. Mas sobretudo Gil Canha. Com o PSD em derrapagem vertiginosa e o PP sem tradição de oposição ao seu vizinho PSD, compete a Canha fazer o contraponto da provável maioria absoluta da Confiança. De contrário, aquilo seriam quatro anos de cafofismo absoluto com as coisas a acontecerem no Funchal sem a gente sequer se aperceber.

Para terminar: continuam a insistir com Cafôfo perguntando se ele, vencendo em Outubro, fica na câmara até 2021. O homem mete os pés pelas mãos para acabar dizendo que sim senhor, o seu projecto é o Funchal e que concorre para 4 anos. Quando podia muito bem despachar o assunto com sinceridade: se saio em 2019 para disputar o governo? Eu não sei o que vou almoçar amanhã, quanto mais o que vai acontecer em 2019. Claro que concorro para o mandato inteiro. Mas nunca se sabe se em 2019 a conjuntura não será outra, se a Madeira nessa altura precisa de mim no governo (aqui tirava o sorriso pepsodent) e então não posso virar a cara ao desafio, pela nossa terra, na certeza porém de que deixaria a câmara acautelada com a grande equipa que formei e... blá blá. 

Estava resolvido. Mas não. Mete os pés pelas mãos e acaba a dizer que fica até 2021.

Vício de enfiar uma mentirinha por dia, o nosso almocreve-das-petas. Mas vá o Leitor falar do Cafôfo nesses ambientes por aí e verá se alguém se importa com isso. 

PS - Será que a Oposição se vai 'picar' e trabalhar 15 dias como deve ser para virar o bico ao prego? Tarde demais.