Aos Leitores: convém acompanhar mais este esclarecedor artigo de Tolentino de Nóbrega no 'Público'.
ZONA FRANCA DA MADEIRA REVOGA
LICENÇA DA SUCEDÂNEA DA TELEXFREE
TOLENTINO DE NÓBREGA
Concessionária da praça financeira madeirense justifica o cancelamento da
licença da empresa-fachada da Wings, homologado pelo governo regional, com a
“verificação de um exercício de actividades não compreendidas na licença”.
A licença da Tropikgadget Unipessoal, associada à pirâmide financeira Wings
Network, foi revogada pela Zona Franca da Madeira (ZFM).
A resolução de revogação da licença foi publicada a 29 de Abril, no dia
imediato ao da divulgação pelo PÚBLICO de que a “sucedânea da pirâmide Telexfree
está licenciada na Zona Franca da Madeira”. O despacho do secretário regional
do Plano e Finanças informa que a autorização concedida pelo próprio a 5 de
Novembro de 2013, para o exercício de actividades da Tropikgadget Unipessoal
Lda, foi revogada, com efeitos a partir de 1 de Abril de 2014, “em virtude de a
referida sociedade não pretender continuar a operar no âmbito institucional da
Zona Franca da Madeira”.
A homologação do pedido de cancelamento da licença, que permitia beneficiar
de isenções fiscais, foi feita no passado dia 14.
Contactada pelo PÚBLICO, a Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM)
concessionária da zona franca, esclareceu que a Wings “nunca esteve licenciada
na ZFM”. Relativamente à Tropikgadget, associada àquela pirâmide financeira,
adianta que esta sociedade, “face à verificação de um exercício de actividades
não compreendidas na licença, por exigência da SDM, apresentou o pedido de
cancelamento da mesma, pelo que já não está licenciada na Zona Franca da
Madeira”.
Sobre a licença da Tropikgadget Unipessoal, exibida pela Wings Nework, para alegar a legalidade das suas próprias actividades, a SDM
sublinha que “não tem que escrutinar os sites das empresas que são estranhas à
ZFM”. As duas empresas, ambas com um capital social de 100 mil euros, indicam o
mesmo endereço do Funchal – a loja 1 do número 24 no Caminho do Engenho Velho –
e idêntico objecto, “a prestação de serviços na Internet”.
No site da Wings Nework, esta reproduz uma certidão da licença da
Tropikgadget na zona franca, que utiliza como fachada, para mostrar que ela
própria “tem sua sede administrativa em Portugal, na Ilha da Madeira e sua sede
fiscal em Dubai e está devidamente registrada”.
Na mesma página apresenta-se como uma “empresa que chega com a proposta
inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas de soluções de
marketing online e mobile”. Propõe-se também “gerir, supervisionar e aconselhar
sobre investimentos de qualquer tipo no interesse de pessoas individuais e de
qualquer outro grupo de pessoas que estejam legalmente associadas ou não”.
Apesar das insistentes tentativas de contacto feitas pelo PÚBLICO, através
do email e telefone indicados na respectiva página electrónica, a Wings nada
respondeu às questões colocadas sobre a natureza da sua actividade,
referenciada como pirâmide financeira. Nem agora esclareceu o motivo da
retirada da licença da zona franca.
Com a actividade iniciada em Janeiro passado, a Wings intensificou o
negócio mais recentemente, após a insolvência da Telexfree nos Estados Unidos e
a proibição de operar no Brasil. Esta situação lançou o pânico entre milhares
de investidores
madeirenses, que receiam não poder recuperar os cerca de 50 milhões de
euros investidos em mais de 40 mil contas do negócio declarado fraudulento pelo
estado de Massachusetts.
No relatório oficial, divulgado a 14 de Abril, as autoridades dos EUA pedem
o fim das actividades daquela pirâmide financeira, que arrecadou cerca de 1200
milhões de dólares em todo o mundo, a devolução dos lucros e o ressarcimento
das perdas causadas as investidores, chamados divulgadores.
A Wings Network, empresa de marketing multinível, vende produtos
semelhantes aos da Telexfree e utiliza os mesmos angariadores na ilha. O
esquema (figura em baixo) de adquirir dinheiro fácil também consiste em ganhar
comissões através da colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de
comunicação.
9 comentários:
Rebenta Wings!
Sr. Calisto: para sabernos o que se passa temos que ler oPublico ou o Sol? Que vergonha. O DN censura comentários nas cartas dos leitores ou notícias sobre o telexfree. E sabem porquê? Porque um dos maiores negociantes - ou serão aldrabões? - do telexfree numa freguesia da zona leste/centro da Madeira é jornalista do DN. Como é que querem que o DN seja isento e analise este assunto da forma que fazem os jornais..."cubanos" por via dos seus correspondentes? É isto que explica um manto de silêncio na imprensa sobre o telexfree. Quando é que vamos ter a lista dos principais angariadores, que enganaram milhares e agora andam fugidos ou medrosos que nem ratos de esgoto?
Sr. Calisto, não acha que é tempo dos blogues - dado que a imprensa está metida na porcaria pelas piores razões, graças a ligações perigosas... - começarem a pegar o boi pelos cornos sobre esta vergonha do telexfree? O sr. Calisto tem a noção dos dramas sociais que se anunciam para a Madeira? Nem quero imaginar se isto rebenta!
O Telexfree é um negócio da responsabilidade de quem o faz, ciente dos seus riscos. Tal como a bolsa, ou outros. Este blogue da forma como vindo a ganhar audiência e participação, podia evoluir gradualmente para um jornal on line que a Madeira bem precisa, já que os tradicionais não cumprem seu dever, nem são independentes. Sem cedências...em frente Fénix.
essa historia do telexfree continua numa teia escondida em que quase ninguém fala do caso em publico,... mas pelos vistos está um "vulcão" na Madeira que pode a qualquer momento entrar em erupção e daí sair consequências devastadoras para milhares de madeirenses...
Ao anônimo das 14:56: o telexfree e outros esquemas em pirâmide não é um negócio, é uma burla. Nos países desenvolvidos já foram criadas leis para proibirem estes esquemas. A todos os que ganharam dinheiro com o telexfree: que vivam bem com a vossa consciência, o dinheiro que ganharam foi perdido por outras pessoas. E expliquem isso aos vossos filhos.
Anónimo das 14.56. Não é burla, porque todos os que entram na empresa, sabem o regulamento. Logo são responsáveis elucidados pelos seus atos. Nos países desenvolvidos como nos EUA ontem foi liberada a Telexfree.
Anónimo das 10:34
Ontem foram ouvidas as partes em relação ao pedido de protecção da empresa contra os credores (os divulgadores). Este é um "jogo" com muitos campeonatos sendo que os divulgadores não percebem que a TF têm dívidas de 5 mil milhões e património apreendido no valor de 100 milhões. A TF pode sobreviver mas não será como a TF que muitos conheceram, sendo que os responsáveis pela mesma até 15 de abril acabarão na prisão e os 700.000 divulgadores sem recuperarem um cêntimo.
amsf
Estive a defender aqui que a responsabilidade é de quem investe.Não tenho interesse no sistema. Qd fui convidado há um ano deveria ter entrado, mas com receio do risco, não o fiz. Fui o único responsável de não entrar, como outros foram, ao entrar. Apenas não gosto ser bota abaixo quando ninguém foi agarrado e arrastado para investir. Opção própria, com benefícios ou prejuízos...como outros negócios que não sabemos como terminam...
Enviar um comentário