Situações e problemas que põem em causa a manutenção e conservação, bem como as normais actividades de trabalho, no Jardim Botânico da Madeira
Com uma área de cerca de 80 hectares, o Jardim Botânico da Madeira – Eng.º Rui Vieira, a par da sua importância a nível científico na área da Botânica, transformou-se num dos maiores cartazes turísticos deste Arquipélago.
Propriedade da Região, e integrado no Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM, entidade sob a alçada da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, o Jardim Botânico da Madeira registava, segundo dados oficiais de 2010, uma afluência anual que ultrapassava os 345 mil visitantes; actualmente, com o aumento da ocupação hoteleira e o alargamento do mercado de cruzeiros na Região, estima-se que o número de visitantes seja bem superior.
Tendo em conta as potencialidades desta importante infraestrutura de incontornável valor científico e turístico, considerada mesmo como um pontos de visita obrigatória nas visitas à Ilha da Madeira, torna-se necessário apurar a forma de gestão do Jardim Botânico, bem como as condições da sua conservação e preservação.
Numa recente visita às instalações do Jardim Botânico da Madeira, constatou-se que não estão a ser garantidas as condições necessárias aos seus trabalhadores para o bom desempenho das suas tarefas, situação bem evidente no que diz respeito aos jardineiros, que desempenham um papel fundamental na preservação e manutenção dos jardins e zonas arborizadas.
De facto, aos trabalhadores não são fornecidos equipamentos de trabalho, como por exemplo galochas para as actividades de rega, nem calçado protector (comummente designado por “botas de biqueira de aço”) para outros trabalhos que impliquem o manuseamento de ferramentas de corte ou operações de transporte e acomodação de volumes pesados. Também se constata que aos trabalhadores não lhes é atribuído fardamento de trabalho, situação que não só prejudica os trabalhadores, que se vêem obrigados a adquirir a roupa para trabalho, como também faz com que não exista uma indumentária que diferencie os funcionários dos visitantes, como acontece, por exemplo, com os jardineiros e outros trabalhadores afectos às autarquias.
No decorrer da referida visita, verificou-se que os trabalhadores, para poderem conseguir regar as plantas e os jardins, têm que praticamente “enxertar” mangueiras umas nas outras, recorrendo para tal a arame, borracha e plástico por forma a que a água não verta. Foi igualmente possível verificar a falta de material de jardinagem para as tarefas diárias, tendo mesmo alguns trabalhadores confidenciado que têm de trazer ferramenta própria, de casa, para trabalhar.
Uma outra situação grave que foi colocada é que os trabalhadores não têm acesso a água quente para tomar banho depois da sua jornada de trabalho, dado que há já quatro anos que o esquentador de serviço está avariado, e é-lhes dito, por parte da direcção do Jardim Botânico, que não há verbas para o substituir.
Também se constatou que algumas zonas do Jardim Botânico apresentam um elevado grau de degradação.
Parece inconcebível que uma infraestrutura como o Jardim Botânico da Madeira, que arrecada volumosas receitas de bilheteira, dado que, anualmente, recebe cerca de 350 mil visitantes, pagando cada um deles, em média, cinco euros de entrada, não consiga garantir a resolução dos problemas acima referidos, resolução essa que, a acontecer, só viria a melhorar as condições de trabalho e, consequentemente, de preservação e manutenção do Jardim Botânico
Dados os tópicos acima focados, e ressalvando, mais uma vez, a importância do Jardim Botânico da Madeira, não apenas do ponto de vista ambiental e científico, mas também turístico – que lhe acarreta valor acrescentado, dada a relevância do sector para esta Região e para a sua economia –, o PCP irá requerer, através do seu Grupo Parlamentar na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, a realização de uma Audição Parlamentar para confrontar os responsáveis pela tutela e pela direcção desta valiosa infraestrutura da Região com as questões apontadas, nomeadamente no que concerne à situação da manutenção e conservação do Jardim Botânico da Madeira, e às condições laborais e problemas que afectam a bom desempenho das actividades dos trabalhadores que ali prestam serviço.
Funchal, 11 de Julho de 2016
3 comentários:
Gostaria de saber a opinião do PCP (se é que a tem) sobre o que se passa na autarquia do Porto Santo.
Compreendo que seja um pouco difícil, pois em 3 anos nada disse, ou será porque o apelido Nepuneceno faz parte do fandango dos advogados contratados para dar cobertura ao incompetente Filipe Menezes e as suas falcatruas.
O que tem o PCP a dizer sobre a escandaleira dos ajustes directos ??
O PCP não tem mais nada para se entreter?
gostaria de ver a CDU ou PCP a falar da situação da Venezuela mais isso parece que não interessa para eles
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