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segunda-feira, 18 de julho de 2016





VERÃO 2016 

(1)





SAUDADES DOS NOSSOS 
'PATINHOS FEIOS'


O sol inclemente queima hoje a 27º. Os ultravioleta infectam ao nível 11. E uma pessoa, feita lagartixa no calhau funchalense, há-de lembrar-se de quê?! 
Da nossa classe política. 
Nós costumamos azucrinar o desgoverno, as débeis oposições, os debates erísticos no parlamento. Mas, quando eles nos faltam, que saudades! É verdade que pagamos muito caro para que nos divirtam. Não sendo espantoso exigirmos que eles vão de férias por turnos.
O corpo transpira ao sol e a pessoa meditando ao ritmo dos calhaus arrastados na maré alta. Pode ser efeito do golão do Éder, mas começamos a valorizar também os nossos 'patinhos feios'. Eles destroçam. Piram-se para defeso. E nós, ao procurarmos novidades da política, batemos com o nariz à porta da TV e dos jornais. A RTP-M afugenta os telespectadores do TJ com 3 temas de abertura como pastilhas contra a insónia: certificados de artesanato, arraial da ginja, festa da maçaroca. Os jornais, assim como o Blue Establishment chuta os reais berbicachos para Lisboa, dá de biqueirada nas agendas, por alto até ao Areal. Assim, não espantam a caça no Funchal, que é onde se decidem suplementos comerciais e subsídios. Ainda hoje, JM e DN refugiam-se em assuntos do Presidente Marcelo e evocações de águas passadas na forma de chouriço bolorento sem a-propósito nenhum. O espaço ocupa-se e os eternos críticos não têm onde dizer mal do Establishment.
Pestes dos 'patinhos feios' da nossa Sociedade, que afinal nos fazem falta.
Atrevo-me a pedir aos políticos que se cuidem do calor. O mal das moleirinhas generaliza-se. Temo pelas altas temperaturas do próximo Chão da Lagoa. O Johnnie Walker costuma pregar rasteiras no 'poeiral' onde cantarão, daqui a dias, o Vasco, Kátia Aveiro, Vânia Fernandes, enfim, os mesmos do ano passado (assim se vê a renovação miguelista!). 
Os Amigos lembrar-se-ão da intervenção tresloucada de Passos Coelho, na edição do ano passado. Garantiu o homem, em pleno planalto, que o seu governo faria 'das tripas coração' pelo novo hospital. Ou seja, sem sequer ser médico, prometeu um passo à frente do Dr. Barnard, que nos anos 60 se ficou pelo transplante de coração. Como se sabe, não houve consequências do juramento de Passos, que entretanto trambolhou do governo abaixo.
Para piorar as coisas, parece que a louca deu no clima. As 4 estações do ano invadem umas às outras. Então! As doidices quando da visita de António Costa à Madeira. Foi em Março, mas houve aquele sobre-aquecimento na Doca do Cavacas: o 'nosso primeiro' em farta patuscada junto de Miguel, Rui Abreu e algumas adjuntas. Com o 'hospital na ementa', como lemos praí. À mesa não houve tripas nem coração e bofe. Mas correu muita dose de lapas, caramujos, caranguejos, e lagosta, com o inevitável e caudaloso 'branco seco' bem fresquinho. Se houve hospital a meio da copofonia, até hoje ninguém deu por isso. Parece que Costa se fixou mais no inextricável cripto-projecto Brava Valley, ou lá o que é.
Quem deve adorar este período de férias - ou de baixa - é o secretário da Saúde Faria Nunes, que enfim respira sem as farpas contundentes e incansáveis de Mário Pereira do PP.
A falta de material político nas redacções também serve que nem ginjas aos verdes do JPP, que à custa do JM aproveitam mais umas quantas manchetes na concorrência da Fernão de Ornelas.
Banho-maria político, logo agora, que Albuquerque acabou com a marmelada parlamentar, salvo seja, para falar grosso com as esquerdas! Parece que resolveu aproximar o estilo da sua Blue Broquilhândia ao da Tabanca que o precedeu! A coisa animava. 
Lá teremos de esperar 2 ou 3 meses. Pode ser que os 'patinhos feios' voltem com novidades sobre assuntos que muita tinta fizeram correr. Não vou falar do ferry nem do cargueiro. Mas é imperioso saber em que pé estão os decisivos voos da Ryanair de Liliana. O gabinete autárquico do PP. A solução de Carvalho para os dinheiros ao desporto. Que adveio do gabinete de estudos de Sérgio. Resultados das acções de Cafôfo em Lisboa e no Porto. E das caçadas de Albuquerque, o terror dos leões africanos e da perdiz alentejana. E das viagens do mesmo presidente, e de Sérgio, pela diáspora. E das reduções de passivo apregoadas pelo nosso Gasparzinho. 
Não quero estragar as férias da maralha política, mas lá para Setembro tenham prontas novas desculpas para os verdadeiros berbicachos, que não se derreterão ao calor estival: os lesados do Banif, os transportes marítimos e aéreos, o desemprego, a pobreza galopante, o JM, a falência da nossa economia, que arrasta tudo para o abismo.
Albuquerque é um político arguto, muito hábil e sociável. Mas em Setembro ninguém lhe quererá ouvir dizer que esses grandes problemas não são com ele, que isso é lá com os cabos... de Lisboa. Também não será bem aceite que insista na ideia de que o Salvador está no céu. A populaça bem sabe que dos céus nada há a esperar e que o Salvador, depois do que lhe fizeram há 2 mil e tal anos, não cairá na asneira de vir cá abaixo outra vez. Nem à força de oração do seu sósia das Angústias.

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