VERÃO 2016
(1)
SAUDADES DOS NOSSOS
'PATINHOS FEIOS'
O sol inclemente queima hoje a 27º. Os ultravioleta infectam ao nível 11. E uma pessoa, feita lagartixa no calhau funchalense, há-de lembrar-se de quê?!
Da nossa classe política.
Nós costumamos azucrinar o desgoverno, as débeis oposições, os debates
erísticos no parlamento. Mas, quando eles nos faltam, que saudades! É verdade
que pagamos muito caro para que nos divirtam. Não sendo espantoso exigirmos que
eles vão de férias por turnos.
O corpo transpira ao sol e a pessoa meditando ao ritmo dos calhaus
arrastados na maré alta. Pode ser efeito do golão do Éder, mas começamos a
valorizar também os nossos 'patinhos feios'. Eles destroçam. Piram-se para
defeso. E nós, ao procurarmos novidades da política, batemos com o nariz à
porta da TV e dos jornais. A RTP-M afugenta os telespectadores do TJ com 3
temas de abertura como pastilhas contra a insónia: certificados de artesanato,
arraial da ginja, festa da maçaroca. Os jornais, assim como o Blue
Establishment chuta os reais berbicachos para Lisboa, dá de biqueirada nas
agendas, por alto até ao Areal. Assim, não espantam a caça no Funchal, que é
onde se decidem suplementos comerciais e subsídios. Ainda hoje, JM e DN
refugiam-se em assuntos do Presidente Marcelo e evocações de águas passadas na
forma de chouriço bolorento sem a-propósito nenhum. O espaço ocupa-se e os
eternos críticos não têm onde dizer mal do Establishment.
Pestes dos 'patinhos feios' da nossa Sociedade, que afinal nos fazem falta.
Atrevo-me a pedir aos políticos que se cuidem do calor. O mal das
moleirinhas generaliza-se. Temo pelas altas temperaturas do próximo Chão da
Lagoa. O Johnnie Walker costuma pregar rasteiras no 'poeiral' onde cantarão,
daqui a dias, o Vasco, Kátia Aveiro, Vânia Fernandes, enfim, os mesmos do ano
passado (assim se vê a renovação miguelista!).
Os Amigos lembrar-se-ão da intervenção tresloucada de Passos Coelho, na
edição do ano passado. Garantiu o homem, em pleno planalto, que o seu governo
faria 'das tripas coração' pelo novo hospital. Ou seja, sem sequer ser médico,
prometeu um passo à frente do Dr. Barnard, que nos anos 60 se ficou pelo
transplante de coração. Como se sabe, não houve consequências do juramento de
Passos, que entretanto trambolhou do governo abaixo.
Para piorar as coisas, parece que a louca deu no clima. As 4 estações do
ano invadem umas às outras. Então! As doidices quando da visita de António
Costa à Madeira. Foi em Março, mas houve aquele sobre-aquecimento na Doca
do Cavacas: o 'nosso primeiro' em farta patuscada junto de Miguel, Rui Abreu e
algumas adjuntas. Com o 'hospital na ementa', como lemos praí. À mesa não houve
tripas nem coração e bofe. Mas correu muita dose de lapas, caramujos,
caranguejos, e lagosta, com o inevitável e caudaloso 'branco seco' bem
fresquinho. Se houve hospital a meio da copofonia, até hoje ninguém deu por
isso. Parece que Costa se fixou mais no inextricável cripto-projecto Brava
Valley, ou lá o que é.
Quem deve adorar este período de férias - ou de baixa - é o secretário da
Saúde Faria Nunes, que enfim respira sem as farpas contundentes e incansáveis
de Mário Pereira do PP.
A falta de material político nas redacções também serve que nem ginjas aos
verdes do JPP, que à custa do JM aproveitam mais umas quantas manchetes na
concorrência da Fernão de Ornelas.
Banho-maria político, logo agora, que Albuquerque acabou com
a marmelada parlamentar, salvo seja, para falar grosso com as
esquerdas! Parece que resolveu aproximar o estilo da sua Blue Broquilhândia ao
da Tabanca que o precedeu! A coisa animava.
Lá teremos de esperar 2 ou 3 meses. Pode ser que os 'patinhos feios' voltem
com novidades sobre assuntos que muita tinta fizeram correr. Não vou falar do
ferry nem do cargueiro. Mas é imperioso saber em que pé estão os decisivos voos
da Ryanair de Liliana. O gabinete autárquico do PP. A solução de Carvalho para
os dinheiros ao desporto. Que adveio do gabinete de estudos de Sérgio.
Resultados das acções de Cafôfo em Lisboa e no Porto. E das caçadas de
Albuquerque, o terror dos leões africanos e da perdiz alentejana. E das viagens
do mesmo presidente, e de Sérgio, pela diáspora. E das reduções de
passivo apregoadas pelo nosso Gasparzinho.
Não quero estragar as férias da maralha política, mas lá para Setembro
tenham prontas novas desculpas para os verdadeiros berbicachos, que não se
derreterão ao calor estival: os lesados do Banif, os transportes marítimos e aéreos,
o desemprego, a pobreza galopante, o JM, a falência da nossa economia, que
arrasta tudo para o abismo.
Albuquerque é um político arguto, muito hábil e sociável. Mas em Setembro
ninguém lhe quererá ouvir dizer que esses grandes problemas não são com ele,
que isso é lá com os cabos... de Lisboa. Também não será bem aceite que insista
na ideia de que o Salvador está no céu. A populaça bem sabe que dos céus nada
há a esperar e que o Salvador, depois do que lhe fizeram há 2 mil e tal anos,
não cairá na asneira de vir cá abaixo outra vez. Nem à força de oração do seu
sósia das Angústias.
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