EMPURRAR COM A BARRIGA
E CHUTAR PARA CANTO
Ainda tentámos ouvir um bocado daquilo que se está a passar esta manhã no parlamento distrital. Chamam-lhe o 'estado da Região' e apregoam-no como estreia do estilo em causa, dentro da melhor democracia do País, a madeirense - palavras de Miguel Albuquerque.
Lá ouvimos uns minutos daquilo. Com a impressão de que havia erro de sintonização hertziana. O ponto de situação de Albuquerque referia-se mesmo à Madeira? Será que vamos ler um dia o livro 'Albuquerque no País das Maravilhas', citado hoje por Ricardo Lume, e viver no 'Paraíso' que Jaime Leandro sentiu na descrição do presidente do Governo?
A horrível qualidade oratória dos intervenientes e os paupérrimos argumentos cruzados, que fariam chorar Sócrates (o grego), desmobilizam o mais fanático apreciador do debate político. Um desastre. Que se estende a partir dos membros do governo e grupo parlamentar apoiante aos deputados da oposição, até se espatifar para além da Taprobana. Uns deles afundando-se com o ferry, outros despenhando-se com o avião cargueiro, outros soterrados nos escombros da pré-histórica marina do Lugar de Baixo, outros anestesiados com os problemas no hospital. E muito poucos a pensar numa fórmula que permita resolver todos esses problemas, que é a redinamização da economia. É disto que se trata, mas onde estão as cabeças pensantes? O outro exportou em tempos toda a nossa inteligência.
Quanto ao desgoverno, e se o jardinismo foi mestre em 'empurrar com a barriga' os problemas que surgissem, pois este desgoverno é daqueles guarda-redes que não seguram uma bola que seja, antes mandam tudo para corner e depois logo se vê quando o barulho voltar à área. Quando regedor Albuquerque e seus cabos de freguesia não podem com a carga, dizem que é da molhelha, ou seja, é com o governo de Lisboa.
Faria Nunes, ultimamente tomado por um autoritarismo que ninguém lhe reconhece, a não ser a título de piada, uma arrogância que faz rir, falou da política de saúde que será aplicada "enquanto eu for secretário" e mandou erros seus para canto usando recortes de jornal sobre as críticas feitas à política de Saúde... do governo alfacinha.
Não há pachorra, vão à fava.
Claro que a divulgação mediática destes acontecimentos, desta broquilha estreia do estado da Região, será cor-de-rosa. Publicidade e subsídios à comunicação assim mandam. Política para a 'comunicação' aliás com a cobertura da oposição, que alinha com o sistema - em questões de imprensa como no resto. Mesmo perante o 'critério' segundo o qual moralizar o jornalismo não é baixar tudo para subsídio zero, mas sim contentar todos comprando todos, para jogar depois com todos. Nem mais um cêntimo para o JM, proclamaram estes blue broquilhas em tempos! Ora, irão milhões para o JM e mais milhões para os outros todos. E a gente a pagar.
E ainda há o reforço dos dinheiros do Cafôfo (subtraído ao Zé), já que o mayor tem como prioridade da sua autarquia domar a 'comunicação'.
Isto é tudo um pu..do, sr. Alfredo!
Mas atenção! Pode-se fazer esta política, pode-se, porque os Açores já a fazem há anos! Logo, está legitimada. Alguns que se acham superiores aos Açorianos, vá lá saber-se porquê, têm a 'lata' de ir buscar exemplos àquela Região quando lhes dá jeito para as suas estratégias de sarjeta. Giro.
Como será que a blue comunicação irá repetir as velhas críticas contra a política de dar dinheiro ao desporto quando há falta de pensos e injecções no hospital? É que, num instante, pode-se lembrar que há doentes sem tratamento por falta do dinheiro que vai para a propaganda nos 'media'.
Subsídios + suplementos... Vida longa, desgovernantes. E oposicionistas, que continuarão a ser bem tratados com fotografias e textos inócuos para não fazerem barulho como antigamente. Tão caladinhos que andam agora, os mauzões da direita, do centro, da esquerda, do raio que os parta! Leram bem.
Um dos itens do critério de atribuição de subsídios aos 'órgãos' regionais é o de ajudar a criar emprego. Subsidia-se os jornais para eles darem emprego à malta! O ponto a que chegou o 'jornalismo'! Com sindicalistas no activo e tudo, sentados à volta da panela!
De modo que seguir o debate parlamentar de hoje ou ler rescaldos e comentários depois, tá quieto. Uma chatice! A renovação precisa de aparecer, porque nada se vê de novo relativamente ao passado.
Por falar em Sócrates (o grego), vejamos se alguém se lembra deste diálogo maiêutico, aconselhável para os que acham que discutir o estado de uma Região é falar da água do poço no cabeço de cima e do inchaço do Zé das iscas:
Diálogo de Sócrates com um discípulo:
Discípulo - Sabe o que é que eu acabo de ouvir a respeito de um dos meus colegas?
Sócrates - Espera um momento. Antes de mo contares, gostaria de te fazer um pequeno teste, a que chamo teste de tripla filtragem. Vamos filtrar o que me queres contar. O primeiro filtro é o da verdade. Tens a certeza absoluta de que aquilo que ouviste é verdade?
Discípulo - Não. Só ouvi outras pessoas a falar sobre isso.
Sócrates - Muito bem. Vamos ao segundo filtro. O que me queres contar sobre o meu aluno é alguma coisa boa?
Discípulo - Não, pelo contrário.
Sócrates - Vamos ao terceiro filtro: o que me queres contar tem alguma utilidade para mim?
Discípulo - Não.
Sócrates - Bem: se o que me queres contar não é verdade, não é bom, nem me serve para nada, por que me queres contar isso?
Com Sócrates à porta da Assembleia, bem poucos deputados destes teriam direito a entrar.
8 comentários:
Calisto,
Falar da substância nem vale a pena. É um zero total, do governo à oposição. Uma pobreza franciscana de bradar aos céus. A argumentação de um lado e outro é coisa de pasmar.
Não peço tribunos de alto gabarito. Servia apenas homens e mulheres inteligentes que soubessem o que diziam.
Mas o assassinato da língua materna é algo que me dá arrepios na espinha. Esta gente não andou na escola primária ? Com certeza que não levaram uns "bolos" à moda antiga ! Só pode ser.
Por razões profissionais estive há uns tempos nos Açores. Vi no telejornal local, parte de uma sessão da AL açoreana. Que diferença. Não costumo ser dessas coisas, mas os nossos deputados dão por vezes vergonha de ser madeirense.
Vão para a esola !
Caro comentador, nem me fale de assassinato da língua materna! Houve um deputado que passou a manhã de hoje a falar da 'rúbrica', e mais 'rúbrica', assim com acento no 'u'. Bolas, não há ninguém que vá dizer ao senhor que 'rubrica' é uma palavra grave e não esdrúxula? Lamentável. Ainda bem que os estudantes não ligam àquilo.
Está tudo perfeito. As rosas estão regadas, as dividas à segurança social foram arrumadas, a conta da luz está paga, as empresas multi-objeto-social vão de vento em popa, não tem faltado viagens, toda a gente o bajula, as perseguições e vinganças estão com bom andamento, a imprensa está controlada, a oposição adora ser oposição. Parabéns Albuquerque.
Agora a Saúde vai ter um xanax ou gorozan...Tem um Assessor/reforço que veio da Assembleia de Santa Cruz....
Agora sim...
Alguém que me explique porque o comunista Dírio Ramos anda sempre atrelado ao incompetente Faria Nunes e a troco de quanto? E já agora, o que acha o PCP disto tudo? Há coisas estranhas...
Boa noite Sr Calisto, reparou na reportagem da RTP-M, que na reunião da Comissão Política do PSD Madeira havia muitas cadeiras vazias. Ouvi dizer que faltaram à reunião 14 membros. Seria interessante perceber quantos antigos apoiantes já não estão com o Dr. Miguel Albuquerque e porquê? Um excelente fim de semana
Caro Calisto
pegando na sugestão do comentador anterior , sugeria que soubesse quantos conselheiros regionais faltaram á reunião de hoje , quantos praticamente nunca lá foram e quantas pessoas o Rui Abreu convida para comporem a sala.
Isto está muito pior que no JARDINISMO , com a agravante que Jardim e Jaime ainda sabiam fazer as coisas.
Acabar com os subsídios para o desporto? Depois como é ...o Marítimo vai jogar sozinho. Nem haverá mortos para bater.....
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