Jornal electrónico acusa Marcelo de privilegiar o DN

Recebemos o texto de um Editorial do 'Funchal Notícias' em que aquele órgão acusa o Presidente da República de discriminar os media insulares ao privilegiar o DN a diversos níveis. A Direcção do FN anuncia que, em face da curiosa situação, decidiu suspender o acompanhamento informativo que vinha fazendo da visita oficial de Marcelo. 

Dentro de minutos, 'Fénix' divulgará um breve comentário ao incidente.

Eis o Editorial do FN:

Editorial: Presidente da República discrimina comunicação social e FN suspende cobertura da visita

O Presidente da República decidiu, no decurso da sua visita oficial à Madeira, privilegiar hoje um órgão de comunicação social da Região, o Diário de Notícias do Funchal, com uma visita às remodeladas instalações deste jornal e com previsível direito a entrevista exclusiva.

Perante a confirmação oficial da visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao Diário, fora do programa distribuído aos jornalistas, o FN informa os seus leitores que suspende, a partir deste momento, a cobertura que vinha fazendo da visita à Madeira do Presidente da República. Lamentamos, aos nossos leitores, o facto de serem eventualmente prejudicados com esta decisão, mas preferimos assumir esta medida a compactuar com a subversão de princípios de uma informação livre, plural e transparente.

Entende o FN que é dever do mais alto magistrado da Nação tratar, por igual, todos os órgãos de comunicação social, num Estado Democrático, livre e plural. Assim manda a Constituição (art.ºs 38, n.º 4, conjugado com  19.º, n.º 1) e o Presidente é o supremo garante do seu cumprimento. Ao aceitar o convite particular de um Diário local, deixando os outros à porta, a ver, o Presidente, no âmbito de uma visita de Estado, assume uma atitude discriminatória e intolerável da qual a redação do FN se recusa a ser mera espetadora, “porta microfone” ou sequer cúmplice.

O FN entende o exercício do jornalismo com regras iguais para todos, como bem sabe o experiente professor de Direito Constitucional Marcelo Rebelo de Sousa. Longe vão os tempos em que, políticos de cá, deixavam à porta jornalistas gratuitamente rotulados de “perigosos esquerdistas” porque não escreviam o que lhes era conveniente, com ameaças aos chorudos cortes de verbas na publicidade institucional na imprensa. Pensávamos que essa era fazia já parte do arquivo histórico dos 40 anos da autonomia, no capítulo dos ataques aos mensageiros da informação livre, plural e necessária. Afinal, o Presidente da República mostra, com atos, que não é bem assim.

O FN tem registado, de forma positiva, a abertura deste Presidente à sociedade, num estilo claramente mais sedutor e aberto que os seus antecessores. Mas também nota que, nenhum dos seus antecessores, no seu famigerado cinzentismo, mostrou, em visita de Estado, afetos, pelo menos explicitamente, por qualquer comunicação social.

As atitudes ficam com quem as pratica, como é óbvio.O FN continua a sua missão de informar, acima de qualquer poder, jogos de interesse ou sequer a soldo de quem paga mais e melhor. A informação não é transacionável em Democracia.

A Direção