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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Plebiscito sobre as FARC deu para o torto



GOVERNO DA COLÔMBIA JUNTOU
PARTIDOS, ELITE E OPINIÃO MUNDIAL
...MAS ESQUECEU-SE DO POVO




O Presidente colombiano Juan Manuel Santos fez tudo, incluindo a ilegal utilização de meios estatais e de funcionários públicos, para levar o povo colombiano a votar afirmativamente pelo fim da guerra civil que dura há meio século no País, opondo a guerrilha das FARC às forças governamentais. 
Todos os partidos políticos, à excepção do Centro Democrático, do conhecido Álvaro Uribe, participaram na propaganda do 'sim'. 
A elite colombiana também. 
Empresários e desportistas. 
Até o Papa Francisco, também sul-americano de nascença, encorajou a caminhada para o fim da guerra. 
O plebiscito realizou-se.
Os resultados estão na rua: 
- 'Não'! 

Mais de metade dos 12 milhões de votantes entenderam ser criminoso passar uma esponja por cima de 5 décadas de sequestros, assassinatos, violações, massacres em aldeias de camponeses desarmados; esquecer isso tudo seria uma imperdoável falta de respeito pelas dezenas de milhares de mortos espalhados pelos cemitérios do País e enterrados na floresta colombiana, vítimas dos guerrilheiros narcotraficantes.
O Presidente achou ser tempo de acabar com a matança. Nas negociações com representantes das FARC em Havana, nestes meses, prometeu amnistia aos líderes da guerrilha e aos combatentes clandestinos. Porém, mais de metade da Colômbia foi às urnas contrariar os intelectuais e os políticos do sistema, exigindo - tal como o Centro Democrático do ex-presidente Uribe - que os guerrilheiros com crimes de sangue passem pela prisão, embora com penas reduzias. Exigindo também que lhes seja vedado entrar na política do país. Exactamente os dois passos que o actual Presidente negociara, com concessões.
Juan Manuel Santos, durante a campanha, acusou os apoiantes do 'no' de serem "inimigos da paz". Quando estes do 'no' só são 'inimigos da impunidade', porque a paz todos querem, os do 'no' e os do 'sí'.
As tréguas com cessar-fogo mantêm-se, por decisão de ambas as partes, que prometem insistir na paz definitiva. Oxalá saiam do caminho errado por onde queriam atingir o destino certo. Com este plano derrotado nas urnas, só conseguiram empurrar mais de meia Colômbia para a direita, onde Uribe aguarda tranquilamente, de braços abertos.

3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Lembro aqui o que aconteceu com o movimento guerrilheiro M-19 que em 1989, depois de uns anos de luta, se rendeu a troco de passar a partido político. Acabou a guerrilha? Claro que não. Para azar dos colombianos, surgiram do nada as FARC.
E a História parece repetir-se. Depois destas negociações, o governo da Colômbia prometeu que vai prosseguir a luta contra um grupo rebelde, surgido do nada, o chamado” Exército da Libertação Nacional”.
A Colômbia só terá paz quando acabar com o narcotráfico. Porque são os cartéis da droga que financiam a guerrilha que, de acordo com as conveniências do momento, vai mudando de nome...

Luís Calisto disse...

De acordo, caro coronel. O ELN também já ensaia a retirada de cena. Mas terá de aparecer quem faça a vez. O sistema já não dispensa o conflito. E o sistema inclui o narcotráfico, óbvio.

Anónimo disse...

M-19 e Farc tudo com ideologia de esquerda