Os vampiros da câmara

Os tipos dos paços do concelho aqui na capital, incluindo o caramelo Gouveia que passa metade do tempo de mandato a insultar nas redes sociais, desencadearam uma investida sobre os moradores que precisam de um lugarzinho para o carro. Além de outras investidas. No tempo do Albuquerque também havia disso - lá estão eles a desculpar-se -, mas isso não apaga a actualidade

1. Os moradores que julgam residir ainda no Paiol que pensem bem na vida. Actualizem-se. Desde 6 de Dezembro de 2016, temos as seguintes alterações toponímicas, decididas lá pr'a dentro pr'à câmara do Funchal: "Rua Henrique José de Sousa Machado" é como se chama agora o troço com início no cruzamento da Calçada do Pico, Beco do Amaro, Rua dos Frias e Caminho da Achada e termo na Rua do Paiol; outra alteração é a "Rua Alberto Sena Mendes" no troço compreendido entre o actual Beco do Paiol e a Travessa do Paiol.

Alguns residentes, desapercebidos, já tiveram problemas derivados das alterações quase secretas. Porque a deliberação camarária com as novidades não lhes chegaram. Então, é o novo nome da rua, o número de polícia desactualizado, os códigos de correio, um bico-de-obra difícil de contornar. 

Foi mais um dos casos em que a câmara resolveu mostrar serviço: não há problemas, arranjam-se.

Assim, há uns moradores que não sabem onde moram. E há outros que dizem morar no Paiol quando, coitados, moram num 'troço' com nome de tropa.

São estas pequenas coisas que, amontoadas no paiol, depois explodem nas barbas dos autarcas que decidem tudo à sua maneira.

Eles riem-se dos abaixo-assinados que o caso já motivou, mas pode ser que a granada lhes saia pela culatra.

2. O passeio da Rua do Oudinot é uma vergonha. Estreito e esburacado, não chega para um carrinho de bebé, muito menos para dar segurança aos visitantes que frequentemente saltam ali das camionetas de turismo - e também para os naturais que usam as paragens lá instaladas.

Quando se dá tanto espaço na imprensa para anunciar que o alcatrão do Bom Jesus vai ser removido para dar lugar aos tradicionais paralelepípedos, não se consegue espaço numa 'breve' para anunciar um pouco de cimento que tape os buracos num local também muito concorrido?!

3. A câmara resolveu voltar à carga com a reserva de estacionamentos destinados aos moradores (contribuintes), na benemérita predisposição para colaborar com os seus próprios cofres municipais. Ora, na situação financeira precária para onde políticos como esses autarcas lançaram as famílias, é natural que não haja orçamento pessoal que chegue para satisfazer o negócio de quem devia trabalhar precisamente ao serviço dos cidadãos. Como as eleições ainda estão à distância, que é que os tipos dos paços do concelho fazem? Isto: ai os moradores não compram os lugares? Então vamos riscar a branco todos os espaços possíveis e impossíveis, mesmo que fiquem vazios. 

Assim, uma pessoa, sem sítio onde largar o lata-móvel, depois de um dia em que trabalhou no duro para pagar o ordenado daqueles vampiros vaidosos, ou tira alimento da boca dos filhos para lhes pagar as viagens ou vai deixar o carro na serra.

Para conseguir mais facilmente dobrar a espinha aos cidadãos embeiçados, os tipos arranjam maneira de mandar os agentes PSP do trânsito multar de enfiada os desgraçados que se desenrascaram pondo o carro numa esquina proibida - já que não o podem deixar em cima da careca do Cafôfo ou no gabinete daquele vereador Miguel Gouveia, que nos dizem ser o tal ordinarão dos insultos nas redes sociais. Vem bater a bom sítio.

Quanto às multas de estacionamento, carreguem, que o povo está bem de massas. 

O cidadão levanta-se cedo, não consegue espaço para o carro - aliás agora é tudo pago -, e vê-se obrigado a gastar 60 euros quando ganha 30 a trabalhar o dia todo, para cobrir os desperdícios daqueles que não fazem a ponta de um corno lá dentro da câmara.

Como a única desculpa destes trambolhos colocados em sítios onde devia estar gente competente (mea culpa) - como a única desculpa deles, pois, é dizer que no tempo do Albuquerque municipal também era assim, digo já que sim, é verdade, e isso foi denunciado na altura. Assim como no tempo de João Dantas, Sá Fernandes e Virgílio Pereira. E provavelmente no tempo de Fernão de Ornelas, embora não houvesse o espaço 'moradores'. Mas isso não faz tábua rasa do comportamento draculiano (de Drácula) que temos de gramar hoje em dia.