PICA-MIOLOS 

 (8) 

Luís Calisto                                                                                             

Operação Marquês de Pombal

Vamos esperar para ver

o entendimento do VAR

 

Como vai esta "Justiça", o sistema mais justo em Portugal para decidir tanto os mega-processos como os processos dos pilha-galinhas ainda há-de ser o velho 'moeda ao ar'. E é para não irmos à conversa de tasca sugerindo uma resolução dos processos à 'milhada'. A Justiça merece respeito!

Neste tempo de pandemia que mantém anestesiados o povinho e a classe política tão recheada de nulidades, perguntam-me alguns Leitores se estou com receio de comentar a nulidade total a que o nosso conterrâneo Ivo Rosa reduziu o MP ao detectar nulidades processuais e investigativas nos cento e tantos alegados crimes da Operação Marquês.

Não, não se trata de receio. Acontece é que desde há muito passei a encarar a Justiça como um passatempo que todos temos o direito de usufruir, já que somos nós todos a pagar as aventuras deles - os protagonistas da 'Justiça à portuguesa' -, e então o espectáculo é de aproveitar.

Assim, depois da refrega de ontem, depois de telever 3 horas de leitura da cartilha de Ivo Rosa na disciplina MP, achei melhor esperar para ver o que sai da próxima diligência, praticamente agendada para a Relação, transformada numa espécie de Cidade do Futebol dos conflitos judiciais. 

Vi Sócrates falar aos jornalistas, logo a seguir à extensa oração de sapiência pelo nosso Ivo -, e percebi-o radicalizado na convicção de que o jogo estava ganho, pese o extenso caminho que aqueles 6 processos de branqueamento de capitais e falsificação de documentos ainda o farão palmilhar.  

Vi uns especialistas da matéria reagirem àquela tarde bem passada radicalizados na crença de que Sócrates devia estar 'apanhado' por não perceber que a partir de ontem está completamente 'arrumado' para a sua vida pessoal e para um hipotético regresso à política - isto quando o homem entrou no tribunal com 30 e tantos crimes sobre a cabeça e saiu de lá com apenas 6, nenhum destes do âmbito da corrupção, pelo menos por ora.

Num contexto destes, quem é que se mete naquela peixeirada?

Quem é que entende uma disparidade daquelas entre agentes da mesma Justiça?

O campeonato 'Ivo FC' vs 'Alexandre MP' ameaça invasão de campo; quem é que arrisca estar próximo?

Eu não, depois do que senti da parte da "Justiça à madeirense" que deu suporte ao poder político regional durante 40 anos para proibir a liberdade de imprensa na Tabanca. Já agora: parece que depois dos tais 40 anos se mantém a mesma melodia salazarenta. A 'Justiça' que temos aí está a proteger, pelo menos é o que se ouve, os barões do antigamente mas também aqueles que acusavam o velho regime da Madeira Nova (com razão) de condicionarem os jornalistas - para agora esses neófitos oportunistas, detentores de uma côdea de poder, tentarem calar os jornalistas que não lhes aparam o jogo. Parasitas armados em esquerdistas cuja trama se resume a tomar o lugar dos antigos rivais para também beneficiarem do sistema.

A Câmara do Funchal é um manancial de truques, apostada que se mostra em conservar o espírito de 'albergue espanhol' da falida, ruinosa e cadavérica Frente Mar.

Em suma, esperemos pelo VAR. Se o caso Sócrates seguir depois para sucessivas consultas aos VARes das instâncias superiores, abrevie-se a saga: moeda ao ar.

Mesmo aqui na Madeira, começo a pensar que a 'moeda ao ar' é uma solução a levar em conta. É que cada VAR que se segue normalmente porta-se mais perigosamente do que o anterior.

Não vou cair na baixeza discursiva de colocar como hipótese um campeonato de 'moedas' ('milhada' em Madeirense) Ivo-Alexandre; Sócrates-MP.

Pois.

Enfim, caros Leitores, um Marquês de Pombal dava um jeitão para varrer uns pseudo-importantões que se insinuam nestas caricatas 'operações marquês'.

E que é que uma pessoa pode escrever sobre essa coisada toda?