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quinta-feira, 29 de abril de 2021

 


OPINIÃO



GIL CANHA                                                                                              



Olho no mar!






Há dias, vi na televisão o Presidente de Câmara de São Vicente a se lamuriar e a pedir ajuda ao Governo, porque o mar estava a ameaçar casas e a levar terrenos na zona costeira de Ponta Delgada. E nessa mesma semana de choro e ranger-de-dentes por causa do mar, o mesmíssimo presidente defendia a construção de um parque de estacionamento em frente aos estabelecimentos de restauração e comércio, no sítio do Calhau, em São Vicente.

Há mais de vinte anos que ando a clamar no ´deserto´ alertando as entidades competentes que a nossa faixa costeira é uma zona de risco, afetada pela chamada Mudança Global, em que o mar está a ´invadir´ a terra (Efeito transgressivo), e não há neste momento engenharia humana que consiga contrariar ou travar este terrível fenómeno.  

Os holandeses, que são o povo com mais experiência e mais conhecimento científico desta temática, decidiram não artificializar mais a sua faixa costeira, e puseram em prática uma política inteligente que foi retroceder a sua fronteira marítima à que tinham em 1979, e aí estão a usar todos os seus recursos financeiros e todo o seu conhecimento para defendê-la.  Nos Estados Unidos, a estratégia tomada é não permitir a construção de estradas, moradias, edifícios e outras infraestruturas na faixa costeira, excetuando-se aquelas que são vitais para as comunidades e desde que bem analisados os seus custos/benefícios. Mas, mesmo assim, a palavra de ordem é o ´Recuo planeado e estratégico da faixa costeira`, porque é uma zona de risco.

Na Madeira, e já desde o tempo de Alberto João Jardim (o homem que bradou que iria desafiar o mar), a política tem sido entrar pelo mar dentro com toda a espécie de infraestruturas, quando as nações mais civilizadas têm feito precisamente ao contrário. E basta darmos uma volta pela ilha, para vermos passeios marítimos, infraestruturas balneares, e até pequenos portos, completamente desfeitos e abandonados porque não há dinheiro para mantê-los a salvo da fúria do mar.

E o atual governo de Albuquerque continua com esta política insana e tresloucada de continuar a artificializar a nossa faixa costeira. Como exemplo, temos o recente passeio marítimo que liga a Ribeira Brava à Tabua, uma obra milionária construída numa zona duplamente de alto risco, não só ameaçada pelo mar, mas também pela queda de blocos das falésias. Aliás, só sinais de aviso de queda-de-pedras, contei mais de sete. E pior ainda, o empreiteiro ainda se deu ao luxo de ´roubar´ preciosos inertes, que são fundamentais para defender este segmento costeiro da preocupante subida do nível do mar.

Em São Vicente, o inteligentíssimo Presidente de Câmara, assistido por uma chusma de morcões com palas, abraçou a peregrina ideia de construir o tal estacionamento em cima da antepraia, mesmo na fronteira com a zona do jato da rebentação. Segundo as leis da dinâmica costeira, os muros e os enrocamentos construídos para defender e absorver a energia libertada pela forte ondulação da costa norte, além de caríssimos, são a médio prazo ineficazes e de manutenção milionária. Primeiro, porque em alturas de marés vivas ou de mar tempestuoso, as ondas, ao embaterem nestas defesas costeiras frontais, criam as chamadas correntes de refluxo (backwash), e é esse enorme turbilhão de energia libertada que em resultado desse embate irá ganhar grande velocidade, retirando e transportando para longe os inertes que estão na sua frente (calhaus e areias), acabando os muros por desabar, mesmo que bem enraizados. Para minimizar este terrível efeito, os técnicos recorrem a tetrápodes (pés-de-galo) ou antiferes de betão, mas até esses blocos o mar consegue levar ao colo, como se fossem bebés; segundo, estas defesas frontais defendem momentaneamente as infraestruturas construídas na sua retaguarda, mas nas áreas adjacentes não enrocadas ou não defendidas, a erosão aumenta duma forma muito acelerada, pois como já referi, a corrente de refluxo ganha velocidade, refletindo a sua energia longitudinalmente ao longo da defesa marítima e, mal esta termina, o mar então entra pela terra adentro como se fosse um comboio desgovernado. (Podemos observar esta ocorrência na Marina do Lugar de Baixo, onde, mesmo ao lado da boca da marina, notamos grande erosão da praia a sotamar, e se nada for feito, o mar vai acabar por ´comer´ a própria estrada)

 




Assim, o tal estacionamento que querem fazer em São Vicente, além de ser dinheiro deitado ao mar, ainda vai causar mais erosão costeira, seja para o lado da foz da ribeira seja para o lado da boca de saída do túnel da via rápida que vai para o Porto Moniz, mas nem podemos aferir com precisão onde vai entrar o tal ´comboio´, porque neste momento não há estudos para aferir a orientação da deriva nem a direção predominante da ondulação/swell da costa norte. Aliás, a ilha da Madeira é, paradoxalmente, a única região insular europeia em que não se sabe qual é a sua Taxa de Recuo da linha de costa nem existem quaisquer estudos de Dinâmica Costeira.  Os únicos geo-indicadores alarmantes que temos é que o mar está a levar terras, muros, fazendas e a ameaçar casas e outras infraestruturas, predominantemente no segmento costeiro entre Ribeira Brava e o Paul do Mar, e entre São Vicente e Ponta Delgada. (A título de curiosidade, onde hoje existe o restaurante Quebra-mar, em São Vicente, em tempos já houve um campo de futebol que o mar levou)

Na minha opinião, a região terá que imitar a estratégia dos Holandeses, isto é, fazer um balanço das infraestruturas vitais para a nossa sobrevivência económica e para a segurança das populações, e aí investir o dinheiro na sua manutenção e defesa, como o enrocamento do aeroporto, o porto do Caniçal, o porto de cruzeiros do Funchal, as frentes marítimas e os complexos balneares mais importantes e rentáveis, as vias e as defesas costeiras dos povoados; o resto é melhor deixar o mar evoluir naturalmente, e sempre que algum governante ou autarca queira fazer mais uma obra eleitoralista na costa, é contratar alguém para o amarrar a um pé-de-galo em tempos de levadia. 

Gil Canha é Vice-presidente da Associação COSMOS

 

28 comentários:

Anónimo disse...

Força Sr. Dr. Gil
Quem sabe, sabe
Realmente o nosso presidente não tem tempo de estudar os fenómenos marítimos como Vossa Excelência
O homem ou bem arranjar pequenos ou pintar o cabelo para ir à TV dar 2 apalpadelas no piano.
É um vazio que diz ser de sangue azul, mas que os Senhores de Lisboa andam de olho nele.
Será que os Vicentinos ainda verão o estacionamento feito e inaugurado antes do homem ir para a cancela?
O convertido Vicentino, pensa que este reinado vai durar por muito tempo, até parece que não ouve as notícias
Os desunidos por S. Vicente já estão a cuspir para o lado.
Veremos o futura

Anónimo disse...

Canha somos governados por selvagens, não há volta a dar!

Anónimo disse...

Agora o gilinho é um especialista em mares ? Daqui a nada vai divagar sobre foguetes e os admiradores vão delirar

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas cheira-me que a ofélia do quebra-costa anda novamente a cheirar o Fénix! A escrita da criatura não engana.

Anónimo disse...

O Papadas já comenta no Fénix? Boa Calisto!

Anónimo disse...

O mar vai sempre buscar o que é seu, já dizia a minha avó

valter disse...

Gil, caro amigo Falcão do Mar!
Sabias palavras.
Concordo plenamente ainda acrescento mais, o calhau rolado por ser uma estrutura dinâmica é a melhor forma de defesa da costa perante as fortes ondulações, pois molda-se consoante a direção das ondulações. Tenho inúmeras fotos tiradas no calhau de São Vicente que o podem comprovar.
Um abraço deste teu companheiro corredor de vagas!
Valter Camacheiro

valter disse...

Quem sabe de mar são os engenheiros de quarta classe do Lugar de Baixo

Anónimo disse...

Nesse campo de futebol que falas Gil o meu avô jogou à bola. Ele diz que ficava mais abaixo do Restaurante giratório.

Anónimo disse...

O drº Gil Canha esqueceu-se de referir que há mais de 20 anos chamou atenção do erro que foi fechar as correntes na praia formosa com uma muralha de betão que liga o pequeno ilheu à praia, e como não há circulação de inertes consoante as correntes, o mar está a cavar o paredão junto aos hotéis do Pestana, e serão os vilhões que votam nestes tresloucados a pagar futuramente uma muralha de protecção aos hotéis de um dos Donos Disto Tudo. Vilhão paga e não bufa, porque é burro!

Anónimo disse...

Contra factos não há argumentos! No Caniçal a piscina etc está tudo ao abandono,ai o nosso dinheirinho!

Anónimo disse...

Os comerciantes querem ser defendidos do mar e ter estacionamento aos clientes os resto são converças de papagaios.

Anónimo disse...

Há quem,a estilo do comentador do Dia 29abril 2021 12:19,no gozo, diga que o “Gilinho é especialista em mares”, provando a cretinice e ignorância de quem lambe botas. O Gil Canha sabe mais de mares, e de muitos outros assuntos, dos quais fala com conhecimento de causa, do que certa gente que, chega ao cúmulo de afirmar serem os aviões que, com os seus radares, ajudam a prever o tempo.....

Anónimo disse...

Estranho! Os vilhões da Ponta do Sol ainda não apareceram aqui com a politica caseira deles?!

Anónimo disse...

Meu Caro chega de tanto bater no ceguinho , o desastre da Marina neste momento precisa de solução: retirar os escombros dignificar a Praia do Canário.
Mas há outro "cancro" a chocar os Ponta-solebses ,o Vale da Ribeira da Ponta do Sol. Antes Vale de uma grandeza paisagística hoje "monte de escombros" com a conivencia da inoperante Camara socialista da Ponta do Sol.
Enquanto Carlos Ramos ornamenta Santa Cruz por aqui depara-se uma delapidação das nossas FLORES " consta que a nossa Edil nao gosta de flores" , os nossos jardins da Vila de relvados passaram a ervados , flores nem ver ..... carros e mais carros carregados de flores descem da Cova da Fazenda para os seus municípios, para Ponta do Sol ZERO ... infelizmente é a Câmara que temos.... prometo regressar.

Anónimo disse...

Também não tem muito que se diga, como as coisas estão, é o deixa andar.

Anónimo disse...

Ninguém vai preso? Politica de broquilhas

Anónimo disse...

Anónimo das 05:58. Tem razão, o vale da Ponta do Sol atrás da Geba está entregue à bicharada/sucataria. UMA VERGONHA! Flores, quais flores? Meteram foi a clientela do primeiro Damo dentro lá dentro... essas são as flores do mal!

Anónimo disse...

Limpar os escombros e restabelecer a antiga praia do Canário é a solução

Anónimo disse...

Durante 12 anos Marques descuidou-se dos cemitérios.Célia a beira do fim, desata a cuidar dos defuntos ,cimento e mais cimento, toca substutuir calhau rolado e calçada "paralelepípedos" por trief.
Estamos a aguardar inaugurações em breve!

Anónimo disse...

Isto prova que os nossos governantes são uns cavernícolas.Para não dizer matarruanos.

Anónimo disse...

Adoro o termo " vilões da ponta sol". Cá na ponta sol o unico que verdadeiramente conheço,com ares de vilão é aquele que passou maior parte da sua vida no funchal e que agora por birra,por algum rabinho de palha,forçou a candidatura a câmara da ponta sol,mais conhecido pelo FEITICEIRO.
Vilão esperto diga-se de passagem,conseguiu ludibriar os inteligentes do Funchal.Por valor pessoal não é,longe disso,não deve nada á inteligência.aparência e afins também não. Logo, só pode ser por saber aquelas jogadas sujas,que todos nós pensamos existirem no entanto sem as poder provar.
Voltando aos vilões,é preciso lembrar que graças às badaladas vias rapidas,às redes sociais,funchal, fica ali tão perto,outrora as noticias demoravam um eternidade a chegar á ponta sol,hoje, segundos,minutos e estamos a par do bom e do mau que os senhores governantes fazem. Hoje somos vilões de olhos abertos.

Anónimo disse...

Realmente só mesmo vilões para aceitarem a inoperância da Célia e as jugadas sujas do PSD com esta última do Sr. Rui Marques e do malandro Lino Pita. A Ponta do sol tem afinal o que merece!

Anónimo disse...

A ponta do sol, da-me pena, pena porque? Porque temos uma autarquia que só se lembra e ajuda os seus, os seus amigos, seus militantes os que a ajudaram, como a Velha da Ponta do Sol, que até renda de casa teve direito. Pena porque o psd poderia e tinha condições para voltar a liderança autárquica, mas pomos e chamamos os amigos, vejam bem essa constituição de equipa, apenas e unicamente amigos, que só tem nome de famílias e amigos que não trazem nada, nem ninguém para bem do concelho. Pena porque a liderança concelhia do cds, esteve muito bem, mas fica sem participar nestas eleições. Pena porque a JPP poderia ser a surpresa nas eleições e o candidato já anda lavando roupa suja no Facebook. Ponta do sol, podia ir longe, mas temos pena.

Anónimo disse...

A ribeira da POnta do Sol está entregue a selvagens, aterros, sucatarias, estaleiros de obras, e a Câmara da Pêssego não diz nada nem faz nada. Os estrangeiros que andam nas levadas olham para baixo e parece que estão a ver a sucataria de Sacavém. Pu***q***os Pa***. PRETALHADA!

Anónimo disse...

A Celinha e o seu gaiteiro o que fizeram nestes 4 anos na Ponta do Sol.
Nada de nada.
A levada do moinho de S. João na Lombada, está em péssimo estado.
De que serve algum emigrante, investir neste Concelho, se é o único que tem piores acessos pedonais
A levada dos Lombardos poderia estar em pleno funcionamento e interligada à Levada Velha da nossa Lombada e nem água trás
Há locais como no local onde morreu a Santa, na Rocha Queimada, antes do Furado, nem uma vedação tem para proteger a queda dos caminheiros
Podia ser a ribeira mais linda da Madeira, no entanto o vilão calheteiro e outros também mamaram a pedra toda
Poderia fazer a ligação da levada nova da Lombada ao sítio dos Lanços nas Terças e Pomar de D. João, por onde desceu a Polícia na revolta da água.
A Fajã dos Lombardos não tem acesso de carro capaz, nem água de rega, idem aspas na nossa Fajã do Limão(na Lombada)
A presidente, nem conhece estes sítios, pois anda sempre de tacão alto.
Pobre miséria
Mas o canheiro, também não é melhor, O Povo da Ponta do Sol, só lhe sai bananas e marroncos
Acorda Sara, está na hora de reinares no meio destes ceguetas da política
Recordo-me de ir da Carreira ao Poio da Ribeira à erva, outros traziam sacas de semilhas e molhos de feijão. O Navalha tinha lá o seu palheiro e as suas vacas
Com tanta bazuca e não se vê nada feito


Anónimo disse...

Gilinho e as suas noticias requentadas

Anónimo disse...

Já te destaparam a careca com um comentário acima, mas o sabujo insiste...