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quarta-feira, 30 de abril de 2014

VIDA MUNICIPAL


ASSEMBLEIA DO FUNCHAL
TEM DE IR À BRUXA

Continua difícil esconjurar naquela Assembleia Municipal os tiques prepotentes de antanho. 

Incidentes marcaram mais uma sessão ordinária

Os problemas começaram na parte da manhã. Nem se chegou à ordem de trabalhos.
Guida Vieira, deputada municipal da coligação, diligenciou junto da Mesa da Assembleia no sentido de que uma proposta de resolução da CDU não chegasse a ser discutida. Tratava-se da criação de um conselho municipal para a igualdade de género, direitos e oportunidades, pretensão da Coligação Unitária da Rua da Carreira.
O assunto deu muito falatório na sessão até que a proposta fosse mesmo a debate, já que os elementos da CDU não se conformaram com a pretensão de Guida Vieira. Nisso, PPD e CDS apoiaram a CDU. 
Em todo o caso, a proposta não passaria, recebendo apenas 3 votos favoráveis, dos representantes da força proponente.
Mais complicada foi a entrada na discussão e votação das contas da câmara de 2013, já dentro da ordem de trabalhos.
Com algum veneno do social-democrata Domingos Abreu, gerou-se um confronto verbal entre os deputados municipais Rui Cortês, do PPD, e Baltasar Aguiar, da Coligação 'Mudança'. O social-democrata empreendeu insinuações que o líder do PND evidentemente não aceitou. Cortês chegou mesmo a chamar "estúpido" ao adversário, segundo nos relata um deputado municipal de uma força diferente.
Com a iminência de se assistir na sessão a um confronto 'vias de facto', a verdade é que os trabalhos não retomaram mais a normalidade desejada, chegando a Mesa a suspendê-los.
O resultado prático desta sessão ordinária é que ela começou pelas 10 da manhã e só acabou perto das 7 da tarde. Produtividade, muito relativa. 
Senhoras e senhores deputados municipais, é certo que às vezes custa e os bofes pedem outra coisa, mas é preciso manter a calma, em nome da democracia.
Comunicado do BE


CANDIDATO DO BLOCO FALA
DE DIREITOS LABORAIS NA UE


O Candidato na Lista do BE ao Parlamento Europeu, Rodrigo Trancoso, acompanhado da mandatária da candidatura para a Região, assinala o Dia do Trabalhador com uma conferência de imprensa subordinada ao tema "Os Direitos Laborais na União Europeia". A referida conferência realiza-se junto ao monumento do Trabalhador, na Avenida Sá Carneiro, pelas 16,30 horas.

De seguida, o candidato acompanhado por outros activistas políticos e sindicais, participa na manifestação do Dia do Trabalhador, organizada pela USAM.
Com as melhores saudações bloquistas.
O Secretariado Executivo do BE Madeira

ELEIÇÕES


OS CARTAZES NÃO SE MEDEM AOS PALMOS, MAS...

No interior do PPD pergunta-se: a Controlmedia jaimista não fia um cêntimo ao partido?



As estruturas dos outdoors custam dinheiro que escalda e lá se foi o tempo em que o PPD nadava em notas oferecidas pelos amigos empreiteiros. Até o Circo Cardinali chegou a percorrer Madeira e Porto Santo com elefantes e tudo para chamar gente aos comícios do chefe. 
Agora, numa época em que nem Tony Carreira chega para convencer as senhoras domésticas, o Laranjal vive uma infindável quaresma. Vai 'Galáxia'... se for.
Comenta-se nos corredores do PPD que a Controlmedia, de Jaime Filipe, poderia dar um jeito e vender publicidade a crédito à Rua dos Netos, porque um dia virão melhores tempos. Mas, se bem conhecemos Jaime-pai, isso de negócios é taxativo: amigos, amigos...
E repare-se que Jardim, no velório da JSD, insistiu em 3 vertentes primordiais para a economia regional: turismo, CINM e construção civil. Não ouviram? Construção civil a injectar com o pouco de dinheiro que mandarem para cá! Ahn, Jaime? O orçamento da RAM vai contemplar o velho desenvolvimentismo - se calhar pela última vez.
Conclusão: a realidade é que, pelas vias e rotundas da Madeira Nova, brilham ares diferentes. Pelas dimensões dos cartazes, Liliana Rodrigues, candidata do PS, dá goleada em Cláudia Aguiar, da coligação de direita. Podem dizer que é irrelevante. Mas, se é, porque fizeram os laranjas propaganda no antigamente que atravessava a ribeira de João Gomes desde os Bombeiros até ao ex-Equipamento Social?

Outro pormenor: Cláudia estará esta noite com Paulo Rangel, cabeça-de-lista PPD-PP, na sede da Rua dos Netos. Para falar a militantes na sala do 4.º andar... que é onde ocorrem aquelas inflamadas reuniões da comissão política. Ou seja, num local onde não cabem mais de 40 pessoas.
É a desmobilização total. Como se viu já no incrível congresso da Jota. Meia dúzia de 'gatos pingados', como diz o povo, a mostrar que resta pouco da velha JSD. Se não eram 'jovens' como Miguel Mendonça, Guilherme Silva e 4 Delfins a fazer número...


O PS lá conseguiu arranjar umas massas para eclipsar o PPD-PP...

DELFINS


ULTRAPASSAGEM PELA DIREITA 
E PELA ESQUERDA

Desde o lançamento da candidatura vice-presidencial, como se imaginava, Delfim Cunha e Silva ganhou mais embalagem na corrida pelos meandros do JM. Chefe Jardim apanhou tal bofetada de luva branca naquela Caixa de Previdência que mudou agulhas em matéria de apoios no processo sucessão, é isso.
Vejamos o caso da edição desta quarta-feira do seráfico JM.




Nota-se a olho nu que João Cunha e Silva disparou, no bom sentido. 
Contra os habituais milhões de Manuel António aos produtores de peros, banana e anonas, o Vice lança-se nas promessas aos idosos, que são mais que as mães para votar. Depois, faz uma ultrapassagem pelo outro lado e aparece numa página da frente onde, pela vez primeira nesta encarnação, não se vê Jardim a dizer isto ou a considerar aquilo ou a desmentir aquele ou a realçar a obra feita. Simplesmente, não há Jardim na primeira página. Se o Leitor não acredita, nós compreendemos.
Mais: em duas páginas de 'Opinião' (é o que lá está), os comissários das Angústias na Fernão de Ornelas escarrapacham na íntegra a intervenção de Cunha e Silva em Lisboa sobre o 25 de Abril, coisa só ao alcance do chefe, até a este dia da graça.
Manuel António, nas páginas da frente, ainda resiste, a tratar de flores na página 10. Mas está visto: já se notam mudanças no Laranjal.


terça-feira, 29 de abril de 2014

O TAL DINHEIRO FÁCIL


Há pânico entre milhares de 'investidores' madeirenses? Pois, é o Telexfree. Declarado fraudulento, há dias. Veja toda a história na reportagem do 'Público', da autoria do nosso companheiro Tolentino de Nóbrega


Sucedânea da pirâmide Telexfree 

está licenciada na Zona Franca da Madeira



Esquema de dinheiro fácil consiste em ganhar comissões com a colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação. No mês passado, foi considerado fraudulento nos Estados Unidos.

A declaração de falência da empresa Telexfree nos Estados Unidos e o encerramento do seu sítio na Internet, desde o dia 15 de Abril “em manutenção”, lançou o pânico entre milhares de investidores madeirenses que receiam não poder recuperar os cerca de 50 milhões de euros investidos em mais de 40 mil contas.
A Telexfree tornou-se um fenómeno viral na sociedade madeirense, envolvendo figuras públicas de várias áreas e conhecidas individualidades da administração regional, mas a tentativa de “exportação” para a ilha de Jersey, onde existe uma importante comunidade de emigrantes da Madeira, foi barrada pela apertada vigilância das autoridades locais. E até entrou no discurso do presidente do governo madeirense que comparou a rede de marketing multinível à agricultura da ilha. "A agricultura constituiu, permitam-me a comparação, uma espécie de Telexfree neste tempo de crise, porque não há dúvida que mais uma vez se mostrou e demonstrou que a terra, a propriedade, aquilo que é concreto, isso nunca perde o seu valor quando é explorada inteligentemente", disse Alberto João Jardim.
A contrastar com o optimismo do governante, que revelou algum desconhecimento do esquema daquela pirâmide financeira cujo nome trocou, a apreensão dos investidores madeirenses, gerada com a insolvência da Telexfree nos Estados Unidos e a proibição de operar no Brasil, volta-se agora para a Wings Network, empresa de marketing multinível que vende produtos semelhantes e utiliza os mesmos angariadores na ilha. O esquema de adquirir dinheiro fácil também consiste em ganhar comissões através da colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação.

Escritórios no Funchal e em Lisboa, registo no Dubai

Licenciada na Zona Franca da Madeira, esta sociedade por quotas, com um capital de 100 mil euros, tem escritórios (loja 1) no número 24 do Caminho do Engenho Velho, no Funchal, e no Parque das Nações em Lisboa. Apesar disso, foram infrutíferas as tentativas de contacto, pelo telefone e email indicados no site, feitas pelo PÚBLICO no sentido de esclarecer a natureza dos negócios desta empresa também inscrita numa zona offshore em Hamriyah, nos Emirados Árabes Unidos. O mesmo endereço da Madeira, e igual objecto social, apresenta a empresa Tropikgadget Unipessoal Lda, que com idêntico capital social de cem mil euros, usufrui de benefícios fiscais por também estar licenciada no offshore madeirense.
Com a actividade iniciada em Janeiro passado, a Wings Network apresenta-se como uma “empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas de soluções de marketingonline e mobile”. E, para atestar a legalidade do negócio, exibe os documentos a confirmar que “tem a sua sede administrativa em Portugal, na Ilha da Madeira e sua sede fiscal em Dubai” e “está devidamente registada”.
A própria empresa informa como devem agir os interessados para obterem ganhos: “Arranjar duas pessoas, por cada pessoa recebes 50 euros e, completando essa linha das duas pessoas, ganharás 250 (total 350). Depois, cada dia 8 de cada mês recebes 750, dos quais 99 ficam para a Wings. Por isso, são 651 euros que ganhas sem fazer mais nada. Claro que quanto mais pessoas tiveres em baixo mais recebes. Por exemplo, se a tua irmã/irmão ou um amigo, por exemplo, entrar, das duas pessoas que meterem tu recebes 250 da linha que ficar completa (binário), e assim sucessivamente." Mais: “A finalidade é progredir na rede ajudando uns aos outros”, diz a Wings, que se declara “uma empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas”.
Neste momento, “empresas deste tipo proliferam como cogumelos”, revela ao PÚBLICO o investidor madeirense António Silva. Wings Network, Libertagia, Wenyard, Get Easy e Dollars Flow System são alguns dos nomes de empresas de marketing multinível que, na sua opinião, “são fachadas para esquemas semelhantes ao da Telexfree".

Lucros de angariar familiares

António Silva confessa que, “após muita resistência”, entrou na Telexfree em Novembro de 2013. “Estava ciente que se tratava de um 'negócio' menos claro e pouco sustentável. Sabia que a qualquer altura poderia perder o dinheiro investido. Com os 1050 euros investidos consegui, até início de Março, recuperar o dinheiro investido e ainda lucrar cerca de 600 euros”, conta. Para além dos ganhos das rendas semanais, Silva teve “ganhos por prémios de entrada de alguns familiares que pediram para ajudá-los na realização dos anúncios, pois, como me diziam, não percebiam nada de computadores".

segunda-feira, 28 de abril de 2014

DELÍRIOS DA LUSITÂNIA


Caso da Madeira: Subvenção Vitalícia e Subsídio de Reintegração

A região Autónoma da Madeira é um caso único no que diz respeito à subvenção vitalícia e ao subsídio de reintegração, uma vez que estes continuam em vigor para os titulares de cargos públicos da Região. A Lei 52-A/2005 que revogou estes privilégios não é aplicável à Madeira.
Esta situação deve-se ao Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, que define os direitos dos titulares de cargos políticos na Madeira. Este Estatuto não é alterado desde 2000 e consagra as subvenções em vigor até à Lei 26/95, onde 12 anos de funções dá direito a uma subvenção mensal vitalícia e menos de 12 anos um subsídio de reintegração.
A acumulação de reformas com o vencimento de cargo público também não está sujeita a limitações como no resto do país.
No capítulo III referente ao Estatuto Remuneratório, há mesmo um ponto que diz:

  • O estatuto remuneratório constante da presente lei não poderá, designadamente em matéria de vencimentos, subsídios, subvenções, abonos e ajudas de custo, lesar direitos adquiridos.

Segundo um artigo do jornal Público Link para a cache do Busca Tretas de 2011.10.26, a Assembleia da Madeira afectou em 2011 cerca de 1,6 M€ para o pagamento de subvenções vitalícias a 52 ex-deputados, o que equivale a um décimo do seu orçamento.


CARO LEITOR DO 'FÉNIX': quer ver esmiuçadas as mordomias estonteantes praticadas em Portugal estatuídas pelos políticos a favor deles próprios... com mais descaramento ainda na Madeira?
Pois é fácil: consulte  
     http://tretas.org/VencimentoCargosPoliticos



Divirta-se... caso seja de estômago forte.
Só um aperitivo para o repasto nacional:

Polémica com as Subvenções Vitalícias
As subvenções vitalícias, embora existentes há já alguns anos, só em 2011 é que foram alvo de polémica na sequência das medidas de austeridade impostas pelo XIX Governo Constitucional. Esta polémica tem por base a manutenção dassubvenções sem qualquer redução quando o valor da reforma do cidadão comum é reduzida em duas prestações e em valor percentual mensal.
Em Outubro de 2011, o Diário de Notícias publicou uma lista de beneficiários Link para a cache do Busca Tretas que acumulavam a subvenção com os rendimentos de uma vida ainda activa em cargo de gestão de topo. Em Janeiro de 2011, o mesmo jornal havia publicado um artigo Link para a cache do Busca Tretas onde revelava alguns nomes. Alguns desses nomes foram:

EUROPEIAS


PAULO RANGEL E CLÁUDIA AGUIAR
DÃO CONFERÊNCIA A MILITANTES







O encontro é esta quarta-feira pelas 7 da tarde, na sede principal do PPD-Madeira. O eurodeputado recandidato e cabeça-de-lista da coligação PPD-CDS Paulo Rangel vai dar conferência aos militantes laranja da Madeira sobre temática europeia, acompanhado pela candidata Cláudia Aguiar.
Foi Rangel que Jardim apoiou nas primeiras internas em que Passos Coelho se sagrou líder do partido nacional, até mudar de opinião e transformar-se em mandatário na Região do actual primeiro-ministro.

LARANJAL


JARDIM VAI A SÃO MARTINHO
DAR SERMÃO NA SEXTA-FEIRA

Diz que se vai embora, mas continua com estas maçadas. Sexta-feira próxima, lá vai chefe tirar mais um bocado do seu tempo de repouso para debitar umas ideias a uma plateia de militantes que já nada liga a tais diligências.
É em São Martinho que pelas 8 da noite - hora de comer - Jardim começa a desbobinar o cansado tema da festa de Verão, que ele quer ver concorrida a ver se aparece a sonhada vaga de fundo. E, claro, falará das eleições para o Parlamento Europeu. É que os resultados mostrarão que ele ainda risca. Ou então revelarão a necessidade de alguém que una o partido...

ABRIL SEMPRE


O mês dos cravos chega ao fim. Mas não os ventos de liberdade que sopram desde há pouco tempo na Madeira.
A Câmara do Funchal festejou a Revolução de 74 abrindo antena às vozes diversas que integram o parlamento municipal. Muito diferente de órgãos que devem a sua existência à madrugada libertadora de há 40 anos mas odeiam a democracia que o MFA veio implantar.
Deixamos registado aqui o discurso de Paulo Cafôfo, presidente da Câmara, na sessão solene de 25.





INTERVENÇÃO DE CAFÔFO
NA COMEMORAÇÃO MUNICIPAL
DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS




Este é um dia de significados. Pessoais e colectivos.
Sentidos com a intensidade dos grandes momentos que marcam e ficam.
Não posso deixar de referir a emoção pessoal que sinto, por há um ano, neste preciso dia, na Praça do Município, ter apresentado a candidatura que deu corpo a este projecto para a cidade que hoje gere esta Câmara.
Proferi na altura palavras que continuam a fazer todo o sentido. Disse que «a felicidade é redobrada porque hoje celebramos Abril, festejamos a liberdade e saudamos a mudança de regime ocorrida em 1974 e que nos trouxe não só a democracia para o nosso país mas também a Autonomia para as nossas ilhas, a Autonomia que tanto sonhávamos e tanto precisávamos, a Autonomia que nos permitiu ter, nas mãos, a capacidade de decidir o bem-comum de todos nós».
Hoje posso afirmar que o povo cumpriu Abril e decidiu em nome do bem-comum, correspondendo ao desafio de alguns partidos políticos, o PS, BE, PND, MPT, PTP e o PAN, que souberam entender-se e negociar em nome dos interesses da cidade, pondo nas mãos do povo a mudança que se sonhava e necessitava.
É por isso que temos nesta autarquia uma grande responsabilidade, de relançar a esperança e de dar uma resposta aos gravíssimos problemas sociais, fruto da herança que recebemos, fazendo não apenas a gestão do que está, mas utilizar a mudança como instrumento de transformação da sociedade madeirense.
E temos de ousar e acreditar, como fizeram os cidadãos no passado dia 29 de Setembro, e completar a mudança que falta fazer na Região Autónoma da Madeira. E não tenhamos dúvidas que mais cedo ou mais tarde vai acontecer.
Terão outros actores políticos de concluir a mudança que iniciamos e quebrar esta monotonia política a nível do poder regional, de pensamento único, pondo fim à indiferença e descrença perante a política, atitudes que só prolongam o estado de dor em que nos encontramos.
E isto não se resolve com uma alteração da constituição como alguns preconizam.
Resolve-se dando à política uma dimensão humanista e uma perspectiva de transformação da sociedade. É este o projecto do 25 de Abril.
“Liberdade feita dia”, assim chamou Eduardo Lourenço ao dia da Liberdade. E é neste dia, passados 40 aos, que depois da vitórias nas últimas eleições autárquicas, o primeiro de um conjunto de factos políticos que anunciam uma nova época, que aqui, neste salão nobre, a nova Câmara tira o 25 de Abril da clandestinidade que durante anos foi obrigado a refugiar-se por ordem de muitos que aqui se intitularam e intitulam de grandes democratas, mas nunca comemoraram a Revolução dos Cravos.
É também por este ato que aqui se realiza, que passa a reabilitação da política e a reconstrução da esperança.
O que se vive aqui é a liberdade com a capacidade real de ouvir e ser ouvido, de debater, protestar e construir. Aqui nesta autarquia vive a Liberdade.
Mas não devemos celebrar a Liberdade só no dia de hoje, mas em todos os dias das nossas vidas e, em cada momento e naquilo que fazemos neste país, nesta região e nesta cidade.
Comemorar a história é também fazê-la. E aqui a fazemos comemorando pela primeira vez a revolução dos cravos.
As razões para o Funchal se “associar”, com um programa próprio, às comemorações do 25 de Abril, são, obviamente, a importância histórica da “Revolução dos Cravos”, já que Abril significa uma data de esperança, que exige das instituições e dos cidadãos participação na continuação da construção de uma sociedade melhor e mais justa.
Permitam-me que agradeça, neste momento, ao Sr. Coronel Sousa e Castro, um dos mais destacados protagonistas do ciclo de mudanças políticas, militares e sociais que Portugal viveu entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro, a sua presença nesta cerimónia e o seu papel durante a revolução.
Integrou em 1973 a Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães, na clandestinidade. Participou na elaboração do documento O Movimento das Forças Armadas e a Nação, verdadeiro programa político do Movimento dos Capitães, bem
como na organização e desencadeamento da operação militar de 25 de Abril de 1974. Aqui reconhecemos na sua pessoa a importância dos Capitães de Abril. Muito obrigado!
Foram os militares que fizeram Abril, mas a democracia fez-se na sociedade e com a sociedade, com as pessoas.
Abril não se esgotou em 1974, faz-se todos os dias e com todos nós, a que se junta o facto do poder local, como o conhecemos pós-25 de Abril, ser não só democrático e com sufrágio, que até permite que listas de cidadãos concorram nas eleições autárquicas, herdeiro e “filho” da “Revolução dos Cravos”, mas também guardião dos princípios e valores de Abril, devido à sua proximidade com as pessoas.
O 25 de Abril é história, mas não pode ficar nos manuais ou compêndios, ou como agora, na wikipédia.
O 25 de Abril tem de ser activado politicamente no presente na sociedade portuguesa.
Não devemos olhar para a revolução dos cravos numa perspectiva de passado, mas com os olhos postos no futuro, recuperando e reinventando o espirito da revolução, do que aconteceu, mas acima de tudo do que ainda não aconteceu.
Temos simplesmente de ousar o possível. Ousar o possível é não aceitar que existe um sentido único, uma única alternativa, ou uma alternativa que venha de um único partido.
Pensar assim é também uma forma de colonialismo e totalitarismo. Formas combatidas e que deram azo ao 25 de Abril e à razão por aqui estarmos todos. Mas há nos tempos que correm, para além de tentativas deste colonialismo político, um outro tipo de colonialismo, o financeiro, o dos mercados.
A crise actual, resultado da falência de um sistema, exige uma nova lógica na economia, outra dimensão na política, outra perspectiva global que tenha a pessoa como razão de ser.
Ousar o possível é também fazer ouvir a nossa voz, e numa altura em que se aproximam as eleições europeias, desejando que uma visão meramente economicista dê lugar a uma Europa mais social, mais democrática e participada.
No fundo o que está em causa na Europa, e não nos esqueçamos que somos Europa, é um modelo de civilização.
“O dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio, nas palavras de Sophia de Mello Breyner, é este o dia de motivo de orgulho para todos nós, acima de tudo pelo legado social que nos deixou, alicerce do Estado Social que se edificou em áreas como a habitação, a educação e a assistência médica. Todos estes legados estão hoje ameaçados. Temos de combater o desemprego e as desigualdades.
Temos de preservar o Estado Social e não reduzi-lo a um Estado mínimo.
Abril está ameaçado com os atuais níveis de desemprego, pobreza e miséria. E é por isso que hoje devemos gritar por Abril.
É por isso que o poder local, particularmente a Câmara Municipal do Funchal, pelo projecto politico sufragado nas urnas e que tem como eixo principal a cidadania e o envolvimento das pessoas na solução dos problemas que são de todos, pela proximidade que este poder local tem com os cidadãos, que o mesmo deve ser o guardião das políticas públicas e da defesa dos cidadãos.
Precisamos de políticas públicas fortes que produzam efeitos duradouros.
Vivemos dias em que querem virar a História do avesso. Querem inverter o sentido das conquistas de Abril. Os filhos de Abril estão em retrocesso em relação aos seus pais. Há uma outra revolução em curso que quer mudar tudo ao contrário do que foram os ideais nascidos em 1974.
O sistema dominante modificou a relação dos trabalhadores com o trabalho, a relação dos cidadãos com a cidade, a própria relação das pessoas entre si.
Destruição tem sido a palavra dominante. Destruição da economia, de empregos, de famílias, de pessoas, de vidas.
Por isso comemorar o 25 de Abril é também um ato de inconformismo.
Mas comemorar o 25 de Abril deve ser também um ato de esperança. Esperança e confiança na democracia, num futuro livre, num Portugal mais humanista e progressista. Falamos da revolução com saudade quando se devia falar com esperança. Não devemos falar só sobre o que aconteceu nesse dia, mas sobre o que esse dia permitiu a um país que saiu de 48 anos de ditadura. Esse foi o dia do começo. Esse foi o dia do resto das nossas vidas. Mesmo daqueles que não o viveram e nasceram depois.
Abril não se esgota na liberdade, estende-se ao desenvolvimento económico e à justiça social. Temos de provar que é possível outras políticas, que é possível pagar as dívidas e não violar direitos que devem ser respeitados e não retirados.
Temos de tender para a banalidade do bem.
Tudo vai mal quando não se sente esperança, porque não se sente futuro. Mas o 25 de Abril existe para nos lembrar que o futuro é uma alternativa em aberto.
Este estado de coisas não serve e, colectivamente e sem heróis, como é próprio das democracias, vamos sair disto.

A democracia não nasceu por decreto e tem, por isso, de manter-se por vontade do povo.
É o que aqui fazemos e reforçamos.
Viva o 25 de Abril.
Viva o Funchal.

DELÍRIOS DA MADEIRA NOVA


JSD-M CONVIDA DELFINS
E INSULTA-OS EM CONGRESSO

'Jovem' Jardim sente-se com 19 anos; 'velho' Rómulo espalha mofo no partido

Custa a crer. A juventude laranja, quando depois de 40 anos surge finalmente o debate interno, canta hinos às unanimidades!

Podem continuar a acusar-nos de bota-abaixo quando falamos no Laranjal. Mas não vemos forma de encontrar injustiça no que dizemos.
Então aquele partido não anda mesmo 'às avessas'?
Agora piorou. De onde se esperava uma lufada de oxigénio desparasitante para dar arejamento à velhada social-democrata, que era uma lufada da parte da Jota, eis que o líder reeleito da dita revela ideias que julgávamos a dar as últimas entre os nossos velhotes já entregues ao Lazareto.
O rapaz não foi de contenções, no congresso do fim-de-semana: convidou os candidatos à liderança do partido para comparecerem em Santa Quitéria e, com eles ali perfilados diante dos poucos congressistas e de outros convidados, chamou-os de vaidosos umbiguistas que só procuram interesses pessoais e a desunião do partido.
Uma visão redutora e do mais conservador que já se ouviu naquele bizarro partido. Nem os próprios Delfins, na era das engraxadelas ao chefe porque era dali que parecia vir a bênção para o sucessor - nem os Delfins, actuais candidatos, alguma vez apresentaram discurso tão retrógrado e tão 'Sol à volta da Terra'.
Só porque houve briga interna em São Martinho e a Jota desviou sorrateiramente a agulha para outro Delfim, veja-se que intervenção do 'velho' líder Jota!
O que a organização supostamente jovem devia pedir era o contrário. Não reduzir o número de candidatos, mas abrir o palco às ideias novas, diferentes umas das outras, e incentivar um debate que ultrapassasse com êxito os dogmas cristalizados da brigada do reumático. 
Não atina o 'velho' discursador com as razões de haver 5 candidatos? É que são Delfins que começaram a surgir há 20 e tal anos, alguns até por incitamento do chefe. Não são delfins para suceder a um regime de 10 anos.
Não atina também o 'velho' Jota com a circunstância de terem sido precisamente os delfins, com os seus defeitos e as suas virtudes, a romper caminho dentro da Jota para ele asneirar agora à vontade?
Não. O rapaz convida líderes históricos da juventude partidária, que lhe arranjaram cama, para os enxovalhar ali na sala do congresso, aliás semi-vazia e gélida como um túmulo, sem nada a ver com os congressos daqueles a quem chama hoje de umbiguistas.
Só falta saber como sua excelência tenciona fundir o delfinário em campo. Este e este fazem uma única candidatura, este, aquele e o outro fazem outra.
É este o conceito de unidade - fedorenta e mofenta - que o homem faz lá naquela cabeça!
Jardim ameaçou voltar como se tivesse 19 anos? E então?! Ainda bem que está pronto para rejuvenescer. Se a Jota chefiada pelo dito-cujo Rómulo quer neutralizar o debate livre entre os candidatos à sucessão, então que fique Jardim. 



PERGUNTA REVOLUCIONÁRIA


"Agora que o 25 de Abril ficou para trás, será que alguns dos Delfins em corrida no PPD-M, com o seu naco de vingativos, continuarão a perseguir colaboradores à sua guarda mas que não dão mostras de os apoiar com assinaturas e coisas do género?
É que esse procedimento faz lembrar a Pide de antes do 25. Há espiões a mando dos mesmos para espiolhar as redes sociais a ver quem apoia quem.
Assim, não é de admirar as regalias aos filhos e as ameaças aos enteados." 

Cá fica o desabafo de um colaborador ao serviço do regime... mas que pensa por si.

AINDA ABRIL


O texto de Tolentino de Nóbrega, no Público, apresenta relatos inéditos da transição antigo-novo regime.







Alberto João Jardim, A Voz da Madeira 

em defesa do regime deposto em 1974


Américo Tomás na última visita oficial à Madeira em Setembro de 1973.

TOLENTINO DE NÓBREGA – PÚBLICO 27/04/2014


O actual presidente do Governo Regional declarou-se apoiante de Salazar e Marcello Caetano e chamou "bombista" a Francisco Sá Carneiro.

Alberto João Jardim, em artigos publicados antes de Abril de 1974 em A Voz da Madeira, defendeu o antigo regime que “serviu o país”, declarou-se apoiante de Salazar e adepto da “evolução na continuidade” de Marcello Caetano.

“A Nação não pode imaginar, numa altura grave em que se lhe pede sacrifícios, o triste cisma entre correntes que têm responsáveis e das quais, indistintamente, espera soluções que tornarão melhor o amanhã”, escreveu Jardim em 1973, em apoio dos princípios da governação definidos por Marcello Caetano. “É, pois, esta época decisiva, a menos própria para que aquela conjugação de ideias, com o acesso ao poder do actual chefe do Governo [Marcello Caetano], se venha a cindir ou enfraquecer.”

Jardim apontou a realização do congresso de “forças políticas adversas ao Governo”, realizado sob vigilância policial em Aveiro, para “demonstrar” que “não vivemos na tal férrea ditadura que estrangeiros e portugueses por aí propagam”, mas numa “evolução política que, prudentemente, trilhamos, na aproximação dos países com maiores tradições cívicas”, países estes “onde, se também houver, como em Aveiro, manifestações não autorizadas e com distúrbios, as forças policiais intervêm”.

Ao comentar uma das Conversas em Família de Caetano na RTP, dedicada às “relações capital-trabalho”, Jardim escreveu a 13 de Fevereiro de 1974, dois meses antes da Revolução, que “por muito chocante que tal maneira de pensar seja para os que se julgam 'progressistas', a greve constitui um mal comunitário. Somos, pois, pela ilegalidade da greve”.

Antes de se confessar adepto da “evolução na continuidade” de Caetano, Jardim mostrou ter grande apreço pelo seu antecessor. “Digno sucessor da escola de Sagres que é o prof. dr. Oliveira Salazar, o nosso inteiro apoio e admiração ao que tem feito para bem da Pátria", afirmou a 3 de Maio de 1961, na Liga 28 de Maio, em Lisboa, numa sessão comemorativa do 33.º aniversário da entrada de Salazar para o Governo.

Em A Voz da Madeira, nos três anos que antecederam o golpe militar e a sua posterior nomeação pelo bispo Francisco Santana para director do diocesano Jornal da Madeira, Jardim mostrou ter ideias claras sobre o Ultramar. “A ideia portuguesa de Nação pluricontinental não se arreda das concepções democráticas. (...) Negociar com terroristas é impossível (...), seria antidemocrático partilhar o território nacional com bandos terroristas, num inventário ignominioso, após, nas últimas eleições, o próprio eleitorado ultramarino se ter manifestado esmagadoramente pela continuação dos laços da nacionalidade. Isto é que é a autodeterminação, e não as palhaçadas neocoloniais montadas pelas grandes potências”, escreveu na edição de 31 de Janeiro de 1973.

Poucos dias antes passara à disponibilidade como oficial miliciano, depois de ter sido poupado à mobilização para África e colocado no Quartel-General da Madeira desde 1970, como especialista em Acção Psicológica.

No artigo publicado no dia 28 de Maio de 1973, Jardim assinalava assim a efeméride: “Passaram quarenta e sete anos sobre o golpe de Estado, prefácio do regime instituído pela Constituição de 1933. Pronunciamento militar de nenhum modo ainda o triunfo do Integralismo Lusitano. Fundamentalmente uma reacção viril, sã e coerente de uma consciência viril, sã e coerente que se propunha extirpar a incompetência e a corrupção que maculavam a vida do país. (…) O confronto honesto do positivo e do negativo realizado, embora sempre subjectivo, permite a conclusão de que o regime serviu o País.”

É também dessa altura um episódio recordado pelo co-fundador do PPD Magalhães Mota (Vida Mundial, 2/98), a propósito da discussão na Assembleia Nacional entre Miller Guerra e o salazarista Casal Ribeiro. Na sequência da vigília da Capela do Rato, Sá Carneiro — outro dos liberais em ruptura com Marcelo Caetano, criticado por Jardim no artigo “Cisões inoportunas” — intrometeu-se no debate parlamentar sobre a guerra colonial e as bombas.

Depois da discussão, conta Magalhães Mota, “surge um editorial num jornal madeirense assinado por um senhor chamado Alberto João Jardim e com o título ‘A ANP ou a bomba’. Escrevia ele que não havia qualquer hipótese de terceira via, que só havia duas escolhas possíveis, ou era a da ANP ou a da bomba, e quem, como Francisco Sá Carneiro, que era directamente designado pelo nome, não queria ser da ANP, era bombista com certeza. O Sá Carneiro ficou muito melindrado com o artigo, mas, entretanto, chegou correspondência da Madeira a explicar-lhe que não ligasse ao escrito porque o rapaz que o assinava era tontinho e que só escrevia nos jornais porque era sobrinho de um senhor deputado local”, assinala Magalhães Mota.

Composto e impresso na mesma gráfica do Comércio do Funchal, a tipografia Minerva, o semanário A Voz da Madeira era o órgão oficial da União Nacional dirigido pelo médico Agostinho Cardoso, deputado da UN/Acção Nacional Popular, e tio do actual presidente do governo regional. Este periódico, tal como o Diário de Notícias e o Jornal da Madeira — dirigidos, respectivamente, pelo advogado Alberto Araújo e pelo cónego Agostinho Gonçalves Gomes, igualmente deputados na Assembleia Nacional —, não estava, por isso mesmo, sujeito ao “exame prévio” da censura.


DELÍRIOS DA MADEIRA NOVA



VAI DE CARRINHO DE MÃO


O endiabrado K-ET acaba de nos enviar à Redacção do 'Fénix' mais este registo que, se não é de outra galáxia, foi obtido num jardim de infância. Nada mais nada menos do que o anterior presidente da câmara de São Vicente a transportar em carrinho de mão outro ex - o ex-presidente da assembleia municipal do mesmo concelho.
Isto o que nós pensámos ao dar com a insólita imagem.
Segundo K-ET, porém, pode tratar-se de uma fuga de São Vicente por meio do bizarro meio transporte que ali vemos. Jorge Romeira dirigindo Grande Elias, já agora um nosso companheiro de jornadas bem regadas e entretidas ao fim da tarde.
Mais: o nosso agente do espaço atira com a presunção de ambos levarem consigo facturas ocultas. O que é isso?
Uma coisa é certa: profissão alternativa para o Dr. Romeira não deve ser. Enquanto médico, tem serviço que chegue. É o dia inteiro a dar consultas - com factura e em full- time.
Última nota: Elias não parece fiar-se muito no condutor, armado assim com capacete dos bons.
   

sábado, 26 de abril de 2014

RUSGA


GRÁFICA INSPECCIONADA

Agentes policiais estiveram há dias numa conhecida gráfica regional no desempenho das suas funções.
Disseram-nos que a acção se revestiu de algum aparato, porém desconhecemos os motivos da inspecção.
Não é muito comum...

sexta-feira, 25 de abril de 2014

ABRIL

REVOLUÇÃO DO TEMPO


Faz hoje 40 anos, ignorei as ordens para entrar de prevenção no CISMI, Tavira. Calculei que a notícia do golpe de estado com que me acordaram de madrugada fosse igual à do fracassado 16 de Março anterior. Em Março, todos pularam do colchão eufóricos. Por pouco tempo.

Em 25 de Abril, acabei por comparecer na parada, mas depois de mais umas voltas na cama, arriscando mais um escabeche trovejado pelo prepotente do major Pires.
Atrasado e molengão, percorri as ruelas desde a messe de oficiais até ao quartel a pensar em nada. Os furriéis que tomassem conta do pelotão, eu não tinha pressa para onde ia. Mas desta vez parecia mais a sério. Marchas marciais no rádio do barbeiro e um comunicado a falar com voz grave em nome de um Movimento das Forças Armadas. É que, para justificar aquela hora de 'desenfianço', ocorrera-me cortar o cabelo. 
Dia longo, esse 25 de Abril de 1974. A unidade sem aderir às movimentações revolucionárias em todo o país, um comandante em silêncio, bravos instruendos a falhar o levantamento de rancho por uma 'unha negra', aspirantes e alferes milicianos, como eu, incapazes de extremar posições, e o grito de liberdade só pela meia-noite, na sala de oficiais, depois de Spínola, no centro da Junta de Salvação Nacional, falar ao país pela televisão e o comandante do Centro de Instrução de Tavira, muito seguro de si, a iludir: "Como se sabe, a nossa unidade aderiu ao movimento das Forças Armadas logo à primeira hora..."
Em breve, encavalitados nas janelas do CISMI, recebíamos o aplauso do povo apinhado na rua, "o povo está com o MFA".
Depois das carnificinas na faculdade, sob os cassetetes dos esbirros fascistas, depois das histórias de perseguições, prisões, tortura e censura, num país de bonifrates invertebrados, eis que uma revolução chegava num cravo enfiado no tapa-chamas da G-3.
Festejámos e festejámos. A liberdade tinha chegado a Portugal.
Mal podia adivinhar que me estava reservado passar os 40 anos seguintes à espera que aquela Revolução que vivi no sul do país arribasse à minha ilha. Nada. Nada. Na Madeira, tal aventura de Abril não tem conseguido mais do que humilhantes enxovalhos por alturas do aniversário. Precisamente com os beneficiários de Abril no papel de algozes. 


Há uns cravos para chegar, não tarda nada. Pouco mais de meia dúzia de meses e estarão aí. Mas não vêm nas asas de uma vitória libertadora. Vêm porque sim. A verdade nua e crua é que, dentro de meio ano e pouco, não haverá por que comemorar a libertação.

Se quiserem chamar revolução a essa aurora que terá de vir, chamem-lhe revolução do tempo. Aqui, se há um vencedor, é o tempo.