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terça-feira, 9 de agosto de 2016

O Funchal arde e a TV dá programas de humor

O fogo obrigou as camionetas dos HF a recolher à Pontinha, por causa do perigo na Fundoa. Um carro não chegou a tempo de fugir. 


O FUNCHAL JÁ ESTÁ A ARDER?
OU VAMOS AOS CABEÇOS VER IN LOCO,
OU FICAMOS NA MESMA



É uma da tarde, terça-feira, o fogo continua pelas encostas do Funchal a devorar floresta e casas, a destroçar o esforço de bombeiros e colaboradores, a mandar desalojados para centros improvisados. As sirenes soam medo ininterruptamente pelos quatro cantos do Funchal. Há gente com máscaras contra a inalação de fumos. A população do Funchal e arredores pergunta-se: com este vento doido que não abranda, a temperatura abrasadora que não baixa, a falta de meios humanos e físicos, incluindo água, será que a capital está em perigo? A minha zona precisa de prevenção especial? A desgraça pode chegar a minha casa?
Ninguém sabe. Nem nós aqui. Os pontos de situação de Albuquerque, Rubina e Cafôfo não adiantam grande coisa.
Depois, queremos pegar no que dizem os meios de comunicação, mas a informação parece viciada. Também queremos saber que tarde espera este Funchal em chamas, porém a cortina de fumo que manda bombeiros e cidadãos voluntários para o hospital também se estende em cortina sobre o que devia ser uma informação que faça o seu dever, neste caso de serviço público. 
Ligamos para a RTP-Madeira, neste início de tarde, para saber o que vai nas serras, como estão milhares de freguesias nas zonas altas sempre à mercê da desgraça e que velocidade traz o incêndio pelas encostas abaixo. Mas a RTP-Madeira, a uma hora que sempre foi pico em notícias, está a passar um programa americano humorístico, cheio de boas piadas sobre o Trump. Presumo que a RDP-M esteja em cima do acontecimento e faça melhor do que já vimos e ouvimos hoje: reportagens amorfas e inócuas sobre incêndios monumentais feitas de rabo sentado à secretária, com fotografias e vídeos recebidas pelas tecnologias modernas.   
É capaz de a RTP alegar mais uma vez a falta de meios, que não faltaram - e ainda bem - para cobrir o rali de ponta a ponta. Também não estão a faltar meios para encaminhar as reportagens directamente para o canal 1, e com repórteres que estão a dar o máximo, sem dúvida, o que é importante, porém não dispensando um dia informativo de emissão regional com tudo o que os cidadãos precisam da parte do serviço público de televisão. 
Do poucochinho que vamos ouvindo, não percebemos se os antigos críticos - em jornais e na oposição política - deixaram cair a necessidade de meios aéreos para combater incêndios cá. Porque, de arma indispensável em situações do género, passou a zero. A não ser uma ligeira referência para corroborar o seu antecessor, que era totalmente avesso aos aviões com espuma. E com este vento não seria fácil as operações, reconheça-se.
Também está tudo calado, a não ser pela boca de uma senhora em pânico no Monte, acerca do descuido dos proprietários de baldios sem preocupações de limpeza e da criminosa falta de vigilância nesse capítulo por parte das autoridades competentes.
Podem dizer que estes fogos não trazem nada de novo. Mas há uma diferença aparentemente pouco relevante mas que importa referir: o colete reflector que nos incêndios de antanho andavam por essas matas abrasadas a competir com o antigo chefe das Angústias, e que agora deu lugar a camisinha branca.
Ao mesmo tempo, é o presidente da Câmara - parece tradição - a percorrer cabeços e barrancos com o seu colete. Pedimos apenas que o edil não execute a ameaça de coordenar os combates aos fogos, é aconselhável serem os profissionais do ramo a fazê-lo. É preciso que o político esteja no meio das manobras, a incentivar os operacionais, até dá para a fotografia, como outrora dava. Mas, sendo bom haver intercâmbio entre as diversas instituições, preferimos ver o comandante dos bombeiros a dirigir uma reunião municipal com os vereadores.
Estamos solidários com as populações atingidas, sobretudo com o povo de São Roque com quem estivemos no domingo a conviver, na festa da Alegria. O presidente da Junta Pedro Gomes mal adivinhava o que o esperava para segunda-feira. E aquela população, tão unida e solidária, merecia ter um Verão tranquilo, diferente dos anteriores.
Força também aos nossos abnegados bombeiros, outrora maltratados, mas que nunca perderam o apoio popular, pelo contrário. E os militares, os polícias, os cidadãos voluntários, a CVP e outras associações afins, os políticos que andam no terreno.
Que desta vez todos aprendamos a lição. Prevenir, prevenir.

PS - A RTP-M esteve a guardar-se para aparecer no noticiário das duas da tarde. Olha, olha, o Cafôfo está a falar. Mais um ponto da Situação. Obrigado, RTP, obrigado! Então, até às 7 da tarde, para o próximo episódio. 






11 comentários:

Anónimo disse...

E porque o Cafôfo não foi de bicicleta ?

Anónimo disse...

não sou grupo cafofo nem grupo psd. mas deixo as seguintes notas: 1. não caberá ao presidente da CMF e líder da protecção civil do Funchal por inerência, comunicar com a população através dos meios ao seu dispor? o homem nem dormiu e anda atarefado a ajudar. já o Albuquerque e a Rubina (assuntos sociais têm a ver o quê exatamente com protecção civil?) andam a passear-se de range rover pela cidade em vez de ir a outros pontos da ilha. pré campanha chegou cedo ao Funchal, o Albuquerque podia era não aproveitar-se de uma tragédia para lançar a sua candidata à autarquia.

Anónimo disse...

Há muito tempo que digo para fecharem as portas da RTP-M, só serve a quem lá "trabalha".

Anónimo disse...

Anónimo das 14:46, que eu saiba a Rubina ainda tem a tutela da Proteção Civil, pelo que não faz mais que o seu dever andar por lá. Quanto ao Albuquerque, também não faz mais que o seu dever de andar a se inteirar do que se passa no terreno. Afinal, quer se goste ou não, ele ainda é Presidente dos madeirenses. Quanto ao Cafofo, também é natural que ande por lá,pois trata-se do concelho a que preside. O que já não é natural é você dizer que não é de um nem de outro, mas vir para aqui atacar o GR e defender a Câmara. Assuma lá que é um boy do PS e que se calhar foi quem redigiu aquele magnífico comunicado totalmente "desinteressado" do Pereirinha no feicebuk!

Anónimo disse...

A Secretaria que a Rubina Leal tutela é a responsável pela Protecção Civil... razão da sua presença.

Anónimo disse...

Também não sou da equipa Cafofo, mas há que admitir que quando este fala, tem muito mais conteúdo e sentido de Estado que o Albuquerque que parece um arrumador de carros.

Eu, O Santo disse...

Anónimo das 16:00. Albuquerque e Rubina são técnicos de incêndios? Se estivessem realmente interessados em mais que aparecer na TV estariam a fazer o backoffice dos Bombeiros: 1) inventariar outros meios regionais se disponibilizem para os ajudar; 2) tomar medidas para que os meios que os bombeiros têm maximizem sua intervenção; 3) preparar pedidos de ajuda a entidades extra-regionais, depois de saber quais são os piores cenários possíveis; 4) averiguar quais os meios que o Estado consegue disponibilizar para facilitar o retorno do Estado de normalidade, nomeadamente, a recuperação de casas, de habitats, de postos de trabalho, de visibilidade a nível Turistico.
Se andam a passear de carro, não estão a fazer isto.

Quanto a Cafofo, se alguma coisa correr mal... a culpa será dele.

Anónimo disse...

Achei curioso o Presidente do Governo Regional a passear de Blazer azul e calcinha de tecido e a Rubina Leal de camisa de cetim e sapatinho de verniz. Estão a trabalhar no duro.

Via Pública disse...

Porque é que não revelam a identidade do dito incendiário? Fico convencido que não há incendiário nenhum e que a culpa está na organização da Festa da Alegria e da fraca prevenção contra incêndios por parte do GR. Essas estórias de um incendiário sempre me cheirou a esturro!

Anónimo disse...

Anónimo de 9 de agosto de 2016 às 23:30

Concordo consigo. Mas o Cafôfo também só diverge na indumentária. De resto, todos uma nulidade atroz.

Via Pública disse...

Toda a intervenção política foi ridícula, de ambos os lados. Ainda por cima ficaram muito mal na fotografia, porque vieram cá para fora dizer q estava tudo bem, quando tudo piorou!

Houve graves falhas na coordenação das autoridades a gerir a situação, por exemplo, quando os incêndios chegaram ao centro do Funchal, este estava entupido de pessoas e veículos porque haviam redireccionado todo o trânsito para lá por a via rápida estar cortada.

No entanto, essa campanha de determinar que quem ateou o fogo são os únicos culpados está a funcionar, as pessoas estão mais preocupadas em saber o que vai acontecer aos que pegaram lume, do que em determinar as culpas nas entidades públicas responsáveis por evitar e gerir este tipo de acontecimentos, houve graves falhas na manutenção e prevenção de incêndios!

Neste momento deveriam estar a haver demissões em diversos cargos políticos e técnicos do GR e da CMF. Mas a comunicação social está a abafar essa espectativa com as notícias das detenções dos incendiários!