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terça-feira, 30 de agosto de 2016

"Podemos fazer muitas promessas, porque não cumpriremos nenhuma"




O HUMORISTA QUE GANHOU AS ELEIÇÕES 
PARA A CÂMARA DA CAPITAL ISLANDESA 



Os partidos e políticos tradicionais estão cada vez mais demodés


A propósito de uns artigalhos que produzimos pr'aqui de vez em quando, invocando a moda que por esse mundo vai de ignorar partidos e políticos tradicionais nas eleições em benefício de candidaturas as mais aberrantes, o 'Courrier' traz a história daquele humorista que surpreendeu a Europa ao vencer a Câmara da capital islandesa em 2010.
Jón Gnarr fazia sketches para a TV, muitos deles sobre política. De repente, com amigos geralmente músicos ex-punk, todos uns anarco-surrealistas levados da breca, decidiu fundar o 'Melhor Partido'. Com recurso às redes sociais, surgiu a provocação: "Para quê votar nos menos bons quando se pode votar no melhor?"
O crash norte-americano respingara terrivelmente a Islândia, cujas finanças desapareceram do mapa. No meio da crise, a ideia de Gnarr se candidatar à Câmara de Reiquejavique foi lançada em força na net.  
Os partidos tradicionais sorriram. E as primeiras sondagens para essas eleições davam ao 'Melhor Partido' 0,7% das intenções de voto.
A mensagem de retirar o poder aos políticos carreiristas não foi abandonada, pelo contrário. E os doidos colaboradores de Gnarr sempre estribados no humor. Diziam eles que, depois de terem trabalhado no duro, chegara a hora de serem bem pagos para não fazer nada.
Quanto a promessas, uma foi dar aos munícipes transportes gratuitos. Outras, distribuição de toalhas de banho gratuitas nas piscinas e a importação de judeus para haver quem percebesse de economia na Islândia. "Podemos fazer mais promessas do que os outros, porque não cumpriremos nenhuma", disse Gnarr, citado pelo Courrier.
Em pouco tempo, as sondagens davam 10% ao Melhor Partido. Mas continuou a subir notoriamente a popularidade do candidato, que fora auxiliar de psiquiatria, motorista de táxi e baixista de um grupo punk até descobrir que detestava música, preferindo falar, e daí tornar-se humorista.
A campanha eleitoral do Melhor Partido não meteu donativos, dinheiro nem cartazes. Gnarr comparecia aos debates televisivos e, na sua vez de discutir, contava anedotas. Numa entrevista televisiva, deu bronca, por desconhecer os dossiês. "Não tenho opinião", chegou a responder numa das perguntas. 
Segundo o autor da reportagem, Gnarr "saiu do estúdio desmotivado e humilhado, sentindo-se um pateta". Mas logo a seguir a sua popularidade disparava para 20%. 
O xeque-mate deu-se com a inspiração de um vídeo com as estrelas de rock do partido a cantar uma adaptação da música de Tina Turner "Simply the Best". 
A duas semanas das eleições, as sondagens davam 38% ao Melhor Partido. Que ganharia mesmo as eleições, em Maio de 2010. 
Comentário de Gnarr: "Esta campanha decorreu como dizia Gandhi - primeiro ignoram-nos, depois gozam connosco, a seguir combatem-nos e, no final, ganhamos."
É claro que depois de ganhar é preciso gerir a cidade, fazer orçamentos, arrancar com obras, negociar dívidas. Coisas fora do alcance de um humorista ou de ex-cantores punk. Mas Gnarr não deixou de continuar a fazer as loucuras da vida 'civil', dentro e fora do gabinete de presidente da câmara que lida com dois terços da população da Islândia.
Em 2017 e em 2019 há eleições na Madeira. Atenção que deve haver por aí muito potencial Gnarr. Muitos sósias do Tiririca.
Pois, ainda está na fase de os ignorar. 

6 comentários:

Anónimo disse...

Bom artigo Calisto.

Anónimo disse...

Temos o exemplo do Manuel João Vieira, humorista e músico (https://www.publico.pt/politica/noticia/musico-manuel-joao-vieira-candidato-a-presidente-contra-absurdo-da-politica-1713728).
Num registo diferente, a virar para o tiririca, temos o José Manuel Coelho - mais palhaçada que ele na ALR, incluíndo os esquemas para as filhas e amigos ganharem dinheiro...

Anónimo disse...

estão propondo que votemos em aldrabões sem experiencia.... não obrigado já foi enganado quando foi atras de voçes e votei cafofo

Unknown disse...

Na Madeira tivémos o PND e ainda temos o PTP. Os jornais satíricos O Garajau e O Quebra-Costas. Ajudaram a desmascarar que o Rei ia nu mas no geral a população não compreendeu a mensagem. Para haver crítica com humor também tem de haver uma população culta, com sentido crítico e inteligência. Na Islândia há. Por cá é a miséria, a apatia e a ignorância que se vê.

Anónimo disse...

Luis Oliveira, deixe-se disso. Temos cá um Povo Superior e uma (pseudo)Elite ainda mais "Superior".

Anónimo disse...

O próximo Presidente do Governo Regional. :P só me sai Pokémon

http://www.tribunadamadeira.pt/2016/08/30/e-estranho-que-nao-haja-nenhuma-demissao/