O 'OUTRO' QUERIA DOMINAR
O MAR
- ESTE QUER MANDAR NO
VENTO
Caro Sr. Calisto, mais uma vez confiro com muito
agrado que a sua 'caneta' tem muito para dar a esta nossa querida terra. Bem
haja! Escrevo para acrescentar que subscrevo 1000% as declarações que o
professor Raimundo Quintal proferiu na entrevista publicada ontem na imprensa
nacional - a regional ou está de rastos (JM) ou então com a mão bem coladinha ao
pote de mel (DN) que é o erário público.
Há mais de dez anos, e através de um estudo
encomendado pelo Governo Regional, os cientistas previram a chegada do mosquito
da dengue e de outras espécies com capacidade para provocar alterações nefastas
na biodiversidade da nossa ilha e no quotidiano das populações...
Também fruto das alterações climáticas em curso, os
mesmos cientistas alertaram para a forte possibilidade de se registarem
aluviões com maior frequência, porque já se havia tornado evidente que os
períodos de precipitação tenderiam a ser mais reduzidos ao longo do ano, mas
cada vez mais intensos quando ocorressem. Choveria num curto espaço de tempo
aquilo que antes chovia ao longo de meses...
Os cientistas também avisaram no mesmo estudo, que
entretanto foi actualizado mas sem alterar os riscos anteriormente indicados,
que os períodos de calor iam ser também extremados, pelo que se nada fosse
feito, as nossas florestas iriam ser severamente castigadas. E também as
populações, obviamente...
Na quarta-feira, toda a incúria que resulta da atuação
dos nossos governantes ao longo de décadas e também de todos nós, que enquanto
cidadãos com o dever de denunciar e pedir contas a quem não cumpre as leis,
preferimos também a inércia e a omissão, esta incúria, dizia, transformou-se
num 'dragão' que, por mera decisão da natureza, ficou saciado com a destruição
que já havia causado.
Acredite, sr. Calisto, se o vento não tivesse
acalmado, provavelmente teríamos hoje pouco mais de metade da baixa do Funchal
para contemplar.
Mesmo que os reforços tivessem sido pedidos de manhã
ou na noite anterior, face a um 'cocktail' de elevadas temperaturas/vento
forte, o esforço desses homens e mulheres teria sido em vão. Simplesmente não
havia meios para acudir ao elevado número de ocorrências que já existiam e que
continuariam a nascer...
A Proteção Civil falhou com extrema gravidade. Os seus
responsáveis tinham a obrigação de informar os políticos. Se o fizeram e estes
não deram ouvidos, facilmente se identificam os responsáveis. Se não o fizeram,
é caso para perguntar: o que é que têm andado a fazer nas inúmeras ações de
formação que muitos dos seus membros frequentam ao longo do ano?
Há já alguns anos que se comenta nos meios da Proteção
Civil que quem deve frequentar essas ações de formação são os quadros
intermédios, ou seja, os operacionais que vão estar mais próximos dos homens no
terreno. Parece que as viagens ao estrangeiro, onde decorrem quase sempre essas
formações, são quase sempre papadas pelo topo da hierarquia, com o coronel Nery
entre os mais viajados....
Alberto João Jardim ficou para a história por ter
tentado dominar o mar. Miguel Albuquerque, pelos vistos fez o mesmo
subestimando o vento...
O primeiro sempre desdenhou da opinião dos cientistas.
O segundo, pelos vistos, apoiou-os apenas quando foi o seu interesse.
Esta ilha, que não passa de uma enorme montanha que
emerge do mar, é um autêntico barril de pólvora. É especial, maravilhosa,
única. Mas também pode ser traiçoeira, cruel e imprevisível. E vai continuar a
sê-lo, com ou sem meios aéreos, como se pode ler nas palavras do professor
Raimundo Quintal.
O vento e o calor apenas puseram a nu a incúria dos
nossos governantes e de todos nós. Ou corrigimos os erros que estão à vista de
todos, ou estamos condenados a viver à mercê de um eterno 'dragão' que
ocasionalmente sairá da gruta com a força das águas ou das chamas.
Nota do Fénix - O título é da responsabilidade cá do blogue.
2 comentários:
Antes do incendio era só criticar o Cafofo e as suas falcatruas agora depois dos incêndios cafofo é um heroi
A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Cafôfo? Só está na Câmara ainda não tem 3 anos. Roma e Pavia não se fizeram num dia.
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