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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Opinião




 TEREMOS RESPONSÁVEIS?



Numa sociedade politicamente organizada, segundo os padrões ocidentais, impõe-se o respeito pela LEI. Ninguém deverá eximir-se ao seu cumprimento. Cidadão que não a cumpra justificar-se-á, em Tribunal, ou perante um superior hierárquico. 

Duas notícias prenderam-me a atenção por desafiarem este pilar do Estado de Direito. Uma, ocorrida no Continente, refere-se ao caso de um militar da GNR que, numa perseguição a eventuais criminosos, disparou contra eles matando uma criança. O caso arrasta-se com decisões contraditórias nas várias instâncias Judiciais. Há poucos dias, em S. Vicente, um elemento PSP, cumprindo a lei, foi ferido por populares. A vida profissional do militar da GNR está muito próxima da destruição. Espero que no caso de S. Vicente, até pela dimensão do sucedido, as coisas se resolvam com a punição rápida dos agressores do agente. Não quero, nem posso, julgar os Tribunais pelas suas decisões. Porém, preocupa-me a destruição destes profissionais. Perante o laxismo instalado os GNR’s dirão para com os seus botões, disparar para ter chatices? Deixo seguir os facínoras. Os agentes da PSP, passarão ao largo de futuras rixas, caso os agressores do colega não sofram pena. 

Cabe-nos julgar os legisladores, eles, com o Poder legitimado pelo nosso voto, respondem perante nós. Quando lhes damos o voto é para garantirmos a segurança das pessoas e bens das famílias. Os agentes da autoridade, querem-se briosos, respeitadores da Lei e das suas hierarquias, elas, também, legalmente enquadradas. Saindo-se do rigoroso cumprimento da LEI, Tribunais e Forças de Segurança, transformam-se em instituições ao serviço de interesses estranhos ao Bem Comum. 

Em momentos de catástrofe, estas debilidades agudizam-se. Foi o caso dos recentes fogos. Às Forças de Segurança, juntaram-se os BOMBEIROS. Como se de uma guerra se tratasse, sob a responsabilidade política dos eleitos, combateu-se o fogo. As debilidades inerentes ao nosso fraco respeito pela lei, sentiram-se. A descoordenação foi grande. O velho hábito da defesa do Poder através da comunicação social, funcionou a todo gás, para esconder o desrespeito pela Lei e pela cadeia comando. Os fogos foram rapidamente atribuídos aos incendiários. A coisa foi de tal maneira que, a casa onde vivia um incendiário foi vandalizada. Houve assaltos a casas abandonadas, e de novo surgiu o incitamento à justiça popular nas redes sociais. 

Um caso gritante de abuso de poder foi silenciado. O comandante dos bombeiros de Câmara de Lobos não resistiu ao hábito de dar foguetes numa Festa, ainda que proibido. O atavismo que devia servir de base à informação, numa comunicação social isenta, ao serviço das pessoas, cedendo o lugar à propaganda, escondeu o abuso. Em Machico, pede-se o cumprimento da Lei quando se sabe que o atavismo dos fachos está na alma daquele POVO. Quererão aumentar as labaredas aqueles que produziram esta (des)informação, só aparentemente isenta? O atavismo foi esquecido quando chamuscou internamente, mas não houve pejo em tirá-lo do armário quando deu jeito. 

Ficaríamos gratos à comunicação social – redes sociais incluídas – se divulgassem duas ideias essenciais para salvaguarda do Estado de Direito. Primeira, o fogo atingiu todos, independentemente do partido do coração. Segunda, Forças de Segurança e/ou Militarizadas desmotivadas fazem perigar pessoas e bens. Assim imporíamos aos eleitos a resolução dos nossos verdadeiros problemas que estão muito para além das disputas eleitorais. 

Gaudêncio Figueira

1 comentário:

Fernando Vouga disse...

Pois é, esta gente que manda paga mal aos que lhe proporcionam segurança. E, como se tal não fosse suficiente, ainda os trata mal.
Mas não será de estranhar que, quando chegar a hora da verdade, a segurança assobie para o lado.