TEREMOS
RESPONSÁVEIS?
Numa sociedade politicamente organizada,
segundo os padrões ocidentais, impõe-se o respeito pela LEI. Ninguém deverá
eximir-se ao seu cumprimento. Cidadão que não a cumpra justificar-se-á, em
Tribunal, ou perante um superior hierárquico.
Duas notícias prenderam-me a atenção por
desafiarem este pilar do Estado de Direito. Uma, ocorrida no Continente,
refere-se ao caso de um militar da GNR que, numa perseguição a eventuais
criminosos, disparou contra eles matando uma criança. O caso arrasta-se com
decisões contraditórias nas várias instâncias Judiciais. Há poucos dias, em S.
Vicente, um elemento PSP, cumprindo a lei, foi ferido por populares. A vida
profissional do militar da GNR está muito próxima da destruição. Espero que no
caso de S. Vicente, até pela dimensão do sucedido, as coisas se resolvam com a
punição rápida dos agressores do agente. Não quero, nem posso, julgar os
Tribunais pelas suas decisões. Porém, preocupa-me a destruição destes
profissionais. Perante o laxismo instalado os GNR’s dirão para com os seus
botões, disparar para ter chatices? Deixo seguir os facínoras. Os agentes da
PSP, passarão ao largo de futuras rixas, caso os agressores do colega não
sofram pena.
Cabe-nos julgar os legisladores, eles,
com o Poder legitimado pelo nosso voto, respondem perante nós. Quando lhes
damos o voto é para garantirmos a segurança das pessoas e bens das famílias. Os
agentes da autoridade, querem-se briosos, respeitadores da Lei e das suas
hierarquias, elas, também, legalmente enquadradas. Saindo-se do rigoroso
cumprimento da LEI, Tribunais e Forças de Segurança, transformam-se em
instituições ao serviço de interesses estranhos ao Bem Comum.
Em momentos de catástrofe, estas
debilidades agudizam-se. Foi o caso dos recentes fogos. Às Forças de Segurança,
juntaram-se os BOMBEIROS. Como se de uma guerra se tratasse, sob a
responsabilidade política dos eleitos, combateu-se o fogo. As debilidades
inerentes ao nosso fraco respeito pela lei, sentiram-se. A descoordenação foi
grande. O velho hábito da defesa do Poder através da comunicação social,
funcionou a todo gás, para esconder o desrespeito pela Lei e pela cadeia
comando. Os fogos foram rapidamente atribuídos aos incendiários. A coisa foi de
tal maneira que, a casa onde vivia um incendiário foi vandalizada. Houve
assaltos a casas abandonadas, e de novo surgiu o incitamento à justiça popular
nas redes sociais.
Um caso gritante de abuso de poder foi
silenciado. O comandante dos bombeiros de Câmara de Lobos não resistiu ao
hábito de dar foguetes numa Festa, ainda que proibido. O atavismo que devia
servir de base à informação, numa comunicação social isenta, ao serviço das
pessoas, cedendo o lugar à propaganda, escondeu o abuso. Em Machico, pede-se o
cumprimento da Lei quando se sabe que o atavismo dos fachos está na alma
daquele POVO. Quererão aumentar as labaredas aqueles que produziram esta
(des)informação, só aparentemente isenta? O atavismo foi esquecido quando
chamuscou internamente, mas não houve pejo em tirá-lo do armário quando deu
jeito.
Ficaríamos gratos à comunicação social –
redes sociais incluídas – se divulgassem duas ideias essenciais para
salvaguarda do Estado de Direito. Primeira, o fogo atingiu todos,
independentemente do partido do coração. Segunda, Forças de Segurança e/ou Militarizadas
desmotivadas fazem perigar pessoas e bens. Assim imporíamos aos eleitos a
resolução dos nossos verdadeiros problemas que estão muito para além das
disputas eleitorais.
Gaudêncio Figueira
1 comentário:
Pois é, esta gente que manda paga mal aos que lhe proporcionam segurança. E, como se tal não fosse suficiente, ainda os trata mal.
Mas não será de estranhar que, quando chegar a hora da verdade, a segurança assobie para o lado.
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