Em Memória de José Agostinho de Sousa
A semana passada deparou-nos a notícia triste da partida de José Agostinho de Sousa.
A História da implantação da Democracia e da conquista da Autonomia Política, não pode ser feita sem registar a importante intervenção de José Agostinho de Sousa.
Aliás, num Dia de Portugal, reconheceu-o condecoração atribuída pelo Presidente da República Portuguesa.
José Agostinho de Sousa, nunca tendo sido homem de partidos, desenvolveu uma intervenção cívica importante na defesa de um regime democrático para Portugal, durante anos em que com coragem física e intelectual combateu a nova ameaça totalitária, tal como se opusera à ditadura anterior.
Mas de um amor estreme à Madeira e ao nosso Povo, não se contentava com uma Democracia em que, no seio da República Portuguesa, tudo ficasse na mesma em relação ao arquipélago.
Porque via no 25 de Abril e na Democracia uma grande oportunidade para desenvolvimento integral do Povo Madeirense, não pactuou mais com o sistema colonial em que até aí a nossa terra vivera - e, em parte, ainda hoje vive. Militou activamente para que uma nova era de liberdades autonómicas fosse conquistada pela Madeira, não transigindo com aqueles que pretendiam o integracionismo antecedente e, sobretudo, as consequências colonialistas de qualquer ditadura. Lutou para que não só os tempos hoje sejam diferentes, mas que ainda ofereçam margem para se ir mais adiante, imperativo de consciência para os Homens de Boa Vontade na nossa terra.
Empresário de altas capacidades num sector tradicional do nosso artesanato, foi também imprescindível às reformas económicas e sociais que aí se fizeram, permitindo a sobrevivência selectiva e de sucesso daqueles que de facto responderam às exigências dessa área de produção e de negócio, bem como estabelecendo merecido reconhecimento aos Trabalhadores.
Não só recuperou desportivamente o Club Sports Madeira, sendo uma das pessoas a quem se deve a projeção internacional conquistada pelo hoje denominado "rali vinho da Madeira", como valorizou aquela Instituição no campo da cultura cívica, na medida em que ali ocorreram importantes reflexões e debates sobre o futuro da Região.
Conversar com José Agostinho de Sousa, era incentivante. A alegria e o humor inteligente com que envolvia mesmo as questões muitos sérias, levava-nos a ir em frente, robustecia-nos a confiança.
Numa época de tantos tartufos, como a de hoje, José Agostinho de Sousa fica-nos como exemplo do que devem ser a Lealdade e a Amizade.
Obrigado José Agostinho de Sousa por tudo o que fez pela Madeira e pelo muito que me ajudou.
Funchal, 16 de Janeiro de 2017
Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim
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