Opinião

Em função do melro

Todos nós sabemos a obsessão doentia do Prof. Paulo Cafofo por sondagens, entrevistas, estudos, e pequenas minudências, que ele transforma em grandes eventos e feitos, graças a propaganda paga a peso de ouro à Empresa Diário de Notícias, de Mr. Blandy.

Por exemplo, um singelo melro-preto poisa num raminho duma canforeira no Jardim Municipal com uma pequena minhoca no bico, logo a máquina cafofiana começa a montar os seus arraiais propagandísticos, com o Diário a dedicar páginas e páginas ao raríssimo fenómeno zoológico; alardeando que o melro apanhou a pequena minhoquinha graças ao apoio do programa Amianto Zero; que o raminho que suporta a pequena ave foi cedido pelo projecto Câmara à Porta; que a minhoca aflita não caiu do bico do pássaro porque o seu captor alado segue escrupulosamente os ditames da 3.ª Edição do Funchal sem Beatas, e que foi o Gabinete da Cidade, do Arq. Paulo David que criou todo o ambiente arquitectónico para o melro poisar em segurança no raminho da canforeira. 

Também, graças ao Funchal Card, do ilustre e excelentíssimo Presidente Paulo Cafofo e à sua lindíssima gaiola de vidro, no Posto Turístico, na Av. do Mar, que um turista alemão foi devidamente informado que um melro citadino iria pousar com o seu verme no bico, infalivelmente, às 14 horas 15 minutos e 22 segundos, no dia 2 de Fevereiro de 2017, num galho de uma árvore, no belo Jardim Municipal. (Refiro esta data, porque é o dia de aniversário do meu gato Bonifácio que, em abono da verdade, também adora pássaros)

E em resultado da foto do melro no DN, com o seu belo bico amarelo apertando como duas tenazes a aflita minhoca, e que já está a ser fonte de inspiração para a URBArt  cafofiana, já provocou o disparo das entradas no Teatro Baltazar Dias; forçou a abertura de uma loja tradicional de venda de alçapões e gaiolas passarinheiras, em cana-vieira, no Mercado dos Lavradores; originou uma proposta no Orçamento Participativo, para se criarem cacifos para melros-pretos sem-abrigo, e uma associação alemã de ornitologia, sensibilizada pela invulgar penugem negro-seda do agora famoso passarão camarário, prepara-se para atribuir à Mui Nobre e Leal cidade do Funchal o importante galardão de Cidade Europeia do Melro Preto. 

E como o Prof. Paulo Cafofo gosta tanto de coisas do ca-ri-ca-cá, como sondagens, reflexões e estudos de opinião, aproveito para lhe lançar um repto: - faça um inquérito interno aos seus funcionários! Pergunte-lhes se estão bem. Se alguém os apoia e lhes dá força e resguardo. Se se sentem desautorizados constantemente pela Presidência no cumprimento das suas funções. Se contam com a solidariedade e apoio da Presidência, sempre que tomam decisões importantes para o município. Se alguma vez assistiram a tanta bandalheira, anarquia e prepotência na autarquia. Se as novas chefias, eleitas a “martelo” e a “cuspo” burocrático, estão a exercer com zelo as suas actuais funções. Se sabe por que razão, documentos, requerimentos, licenciamentos e outros pedidos dos munícipes andam a marinar meses e meses a fio nas diferentes chafaricas autárquicas, que agora parecem departamentos estanques de um navio sem rumo, onde levas de funcionários desmotivados já não sabem onde andam os papéis e quem os anda a empapelar. Se o actual regime anquilosado, cuja falta de fluidez e morosidade se reflecte negativamente na vida dos munícipes, é motivo de preocupação para o sr. Presidente da Câmara.

Seria interessante ver as respostas!

Gil Canha, o Mentiroso Ressabiado