19 de Março 2019

Plano regional das demências
vai fazer muita falta

A semana começou com boas notícias. O centro de saúde de S. Vicente voltou a ter água quente e o da Camacha conseguiu arranjar marosca para suavizar as consequências da baixa de um médico. Mas não quer dizer que o problema da Saúde na Madeira tenha ficado resolvido a cem por cento. Há sempre umas arestas para limar. E quando não as há, erguem-se os ressabiados a valorizar duas constipações que apareceram ali ou uma ventosa mal aplicada na ala nascente do 2.º piso.

Haverá alguém vivo, depois das manchetes diárias sobre a calamidade no sector? - gozam por aí. Ainda há vivos, sim senhor. A Saúde melhora. Por exemplo, já começaram a preparar a massa para uma 4.ª demão nas paredes exteriores dos Marmeleiros.

Mesmo a vaga de desaparecimentos de internados no João de Almada e no Atalaia acalmou um pouco, depois da descoberta do faz-truques tarado pelo rapto de velhotes. Felizmente, os desaparecimentos e os desfalques a outro nível também pararam.

Um reparo: o caso dos 99 médicos rebeldes que rabiscaram um abaixo-assinado a protestar não se percebeu contra o quê também não teve os efeitos pretendidos, por falta de pujança do movimento. Como Pedro Ramos bem sublinhou, os descontentes não chegaram a uma centena.

Enfim, calados os catastrofistas da falta de água quente para quem a Tabanca "é só saúde', podem agora as entidades competentes voltar-se para temas pendentes que também têm a sua urgência. Já não digo saber em que pé está o caso das 13 mortes e 50 feridos no Monte. Mas pelo menos a situação da Fernão de Ornelas deve ser pensada. Para quando tirarem umas cangalhas que puseram a embaraçar aquilo, a ver se a rapaziada fica com espaço para uma trapalhança de futebol em condições, mais a sério do que as 'criquices' que uns jogadores furtivos andam a exibir na zona? A extensão da artéria por acaso é a ideal para um 'ponta a ponta a roubar' - uma baliza nos gelados do Phelps e outra na porta do Mercado.  

A meu ver, os políticos andam a perder demasiado tempo a pensar nas eleições que aí vêm. Ante a convicção de não haver maiorias absolutas nas regionais de Setembro, os partidos pequenos armam aos cucos, fazendo-se difíceis quanto a colaborar na maioria governativa - pressão oportunista para beneficiarem de mais tachos no aparelho onde ocupar as respectivas clientelas. Nada percebo de política, mas acho que os dois favoritos, Cafofo e o PSD-M, em vez de ficarem nervosos como estão, deviam pôr já tudo em pratos limpos: o partido que tiver condições para formar maioria, convida as bengalas para uma coligação, avisa que a atribuição de tachos pelos coligados será feita pelo método de Hondt e acabou-se a brincadeira.

A propósito, é conveniente o sr. Professor Mentiras apertar já os calos a uns infiltrados que lhe querem roer a corda. A cidade está melhor controlada, disciplinarmente. Em breve a polícia municipal tratará dos espertalhaços. Há também câmaras de vigilância nos serviços, como nos Viveiros, para descobrir quem é que passa informação ao Gil Canha. Mas esses cuidados são escassos, acho eu. Podem acusar o actual presidente de querer montar um mini-estado policial, mas para garantir a estabilidade camarária é preciso apertar com certa gentinha. Um chipezito no colarinho dos funcionários que vão muitas vezes ao wc, para controlo de tempos. E já não digo pulseira electrónica aos crónicos baldas que tardam a regressar do fim-de-semana, porque o assunto chegaria aos media e seriam precisos uns poucos de suplementos para abafar a medida repressiva - com a gente aqui a pagar.

Não sei se o tema será retomado esta semana, porque depende de haver ou não assunto. De qualquer modo, é preciso ir resolvendo a questão dos animais, para que os direitos não fiquem na casota, no caso dos cachorros. 

Quando é que se aplica a lei?

Ainda não vi nenhum pastor alemão almoçar no Apolo. A discriminação continua?

Ainda há dias, o Rafael Nunes do JPP acusava os governantes de não conseguirem dar resposta aos maus tratos a animais. E ainda dizem que os governantes ladram demais!

A talho de foice, a deputada Sílvia Vasconcelos esbofeteou as várias bancadas, de luva branca, recordando já ter apresentado lá na casa da autonomia uma proposta para que haja um provedor do animal na Região. Neste capítulo, rezo para que a reivindicação não chegue aos ouvidos do meu gato Kip e da minha cadela Peninha. Mesmo já têm poucos direitos!...

Não devo saltar um pensamento deixado no Parlamento por um deputado xavelhinha, o meu amigo Higino Teles, que chamou hipócritas a certos sujeitos cheios de princípios que deixam os filhos nas creches, colocam os pais nos lares e vão passear com o cão. No meu entendimento, essa situação configura um grave atentado aos direitos dos animais. Os putos descansadinhos a brincar nas creches, a velhada a jogar às cartas e a retoiçar nos lares e o desgraçado do cão tornado um sem-abrigo, a seguir os passos errantes do dono por esses becos e vielas da cidade, sabe-se lá quantos km por dia, palmilhando as calçadas mal amanhadas e esburacadas do Cafofo.

Voltando à Saúde dos humanos, quem pôs o dedo na ferida como deve ser foi o socialista Victor Freitas: o governo trocou a Saúde pelas obras, agora que se aguente. Uma observação que durante algum tempo será incómoda para o governo regional. Depois desaparece. Daqui a uns poucos de anos, Victor Freitas, ainda mais crescido, não fará esforço nenhum para reconhecer o bom trabalho no campo da Saúde a que assistiu nos mandatos de Miguel Albuquerque - e se for preciso propõe uma medalha da Região para o estratego blue.  

Minhas Senhoras e meus Senhores: recordam-se de, há bem poucos dias, a maioria dos deputados ter chumbado a proposta do PCP que pretendia criar um 'plano regional para as demências'?

Vão arrepender-se como quantos cabelos têm na cabeça.

PS - Desculpem, Leitores, mas não dá para mais.

PS 2 - Afinal ainda dá: a CNE deu 36 horas a Cafofo para responder à acusação de andar a fazer campanha partidária das europeias na conta twitter da instituição Câmara Municipal. É demasiado pouco tempo. Só para puxar pela memória a ver se se lembra do que é isso do twitter e de quem é a Sara Cerdas, ele vai levar uma eternidade. E é se chegar lá. Aliás, a CNE labora num falso problema: o Cafofo também faz campanha da sua excelente obra municipal na conta privada do twitter. Está compensado. 

PS 3 - Ainda outra, que a água quente de S. Vicente me traz à memória. Em tempos que já lá vão, o glorioso CD Nacional teve um massagista improvisado, a quem o plantel chamava 'Fragata da Água'. 

Então, o jogador lesionado disse: "O que é que eu faço deste tornozelo?" 

Prescreve o massagista: "Vai para casa e põe gelo bastante." 

O jogador: "Sr. Arnaldo, tenho cá gelo em casa!"

Massagista: "Põe água quente." 

Vê o leitor como a água quente é importante para resolver os problemas da Saúde?