Como diz que disse?

A IRRITAÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA

Marcelo está de pé atrás: não tem confiança nos meninos da Saúde.

O Sr. Presidente está "irritado". 

O termo é dele. 

Então não é que o homem pediu às autoridades da Saúde que lhe mandassem uma comunicação, por escrito, a indicar se ele podia ir ao debate de ontem à noite, tendo as autoridades da Saúde feito ouvidos de mercador ao homem?!

Não se estava perante uma brincadeira de crianças. O chefe belenense tinha testado negativo, depois positivo, depois negativo e outra vez negativo, e estava à espera do resultado de um novo teste que esclarecesse o seu momento clínico à luz do "19". 

Era para o homem se irritar. 

As autoridades deviam esclarecer se o PR podia sentar-se ao lado dos outros 6 candidatos ou não.

Era pedir muito?

Agora há uma coisa: o homem queria que lho dissessem... "por escrito". 

E porquê?

Só pode ser por um de dois motivos: 

- ele anda surdo por causa do que tem ouvido na campanha, e então só "ouve" por escrito;

- ou não tem confiança nas autoridades da Saúde e temeu que elas dissessem uma coisa para depois negar o que afirmaram.

Analisemos a situação:

Surdo o homem não está.

Logo, o que há é que o homem não confia nas autoridades da Saúde. 

Assim, conversas com aqueles meninos e meninas, só "por escrito" - de preferência com assinaturas reconhecidas no notário.

Nós, povo, estamos tramados. 

Se o Presidente da República desconfia das autoridades da Saúde, em quem é que nós, plebeus vulneráveis e sem dinheiro para um penso rápido, podemos confiar nesta hora dramática de vírus assassino?!

Como é que vamos estar unidos à volta de todos os profissionais da Saúde quando o Presidente não acredita nem um bocadinho lá nos chefes deles?

Como é que vamos fazer o que as autoridades de Saúde mandam, se é o próprio Presidente a dizer que aquilo não é gente fiável?

Ele foi ao ponto de arrasar as autoridades do sistema de Saúde em público!

Mas ainda há outra coisa. Pensando bem, a irritação presidencial não tem força para nos deixar incrédulos e desconfiados com os quadros da Saúde. O povo sempre disse que "quem desconfia é ladrão". Portanto, o Sr. Presidente deve desconfiar dos outros na medida em que desconfia de si próprio. 

Aliás, não é desconfiar; melhor do que ninguém, ele tem a certeza absoluta de que não é pessoa confiável. 

O Portas que o diga, mais a tal de vichyssoise. 

Os militantes do PSD que o digam, depois das cambalhotas dele na escalada para a liderança do partido, durante a liderança e depois desse bocado de regime de má memória.

 

Em suma, senhoras e senhores, acreditem nas autoridades da Saúde. A "irritação" do homem é mais um número da farsa que ele montou para ficar outros 5 anos no quentinho. E não vai falhar, porque a comunicação social há-de continuar com o menino ao colo até às 7 da tarde do dia 24.

Moral da história: com aquele cavalheiro, sim, contratos só por escrito.