Guerra de votos e tachos no Laranjal campesino

VENDAVAL RURAL

Diz-se que há muito PSD rural à beira de um ataque de nervos. É certo que os grupos e grupelhos das maiorias insulares periféricas sempre lidaram nesse registo. Mas nesta altura (do campeonato) os bastidores campestres do Laranjal, com a governança funchalense na bissectriz da confusão, estão em carne viva.

A história, como no-la contam, poderia levar o título de "A guerra dos tronos rurais". 

Tem a ver com dinheiros, podia lá deixar de ser! Dinheiros da Europa para o desenvolvimento rural.

Lá a ver se entendemos a história que nos contaram:

Existe um programa, o PRODERAM, que apoia as câmaras municipais rurais, juntas e casas do povo, na base de ir buscar dinheiro à Europa para tudo o que seja desenvolvimento rural, fora as plantações agrícolas de particulares. 

Esse dinheirinho é gerido pelo secretário da agricultura, através do nosso Amigo regressado Eduardo Abreu. Mas atenção! A ligação às câmaras, juntas e casas do povo é feita preliminarmente por duas associações, a Acaporama (das casas do povo) que mexe na zona sul da ilha; e a Adrama, associação criada há alguns anos por Jardim com o propósito de mandar no Norte. 

O enredo da história é apimentado neste ponto, quando o secretário Humberto Vasconcelos se insinua em cena disposto, a todo o transe, a mexer nessas duas associações, porque não controla quem lá está. E por que falta esse controlo ao governante do sector? Porque estão lá PSD's da velha guarda a fazer snooker entre Humberto e o poder da casa. 

Reactivamente, o secretário da Agricultura - isto segundo a história que nos chegou - ameaça esvaziar o estatuto dessas duas associações e passar tudo para a ADENORMA, outra associação criada no tempo de Pereira de Gouveia e de Jardim. Mas que agora tem como presidente Medeiros Gaspar (colaborador directo de Miguel Albuquerque).

A tensão subiu a tal ponto que, segundo quem vive a situação por dentro, Humberto Vasconcelos aproveitou rumores sobre a hipotética inclusão do presidente da Adrama, Henrique Silva, na futura lista independente de Gabriel Farinha, provavelmente concorrente às eleições autárquicas no Porto Moniz, para lhes retirar a sede que usavam em São Vicente, não lhes deixando alternativa que não mudarem à pressa para a sede da Casa do Povo do Porto Moniz... presidida pelo mesmo Henrique Silva.

Bem, aquilo lá pelo no Norte (e pelo Oeste), anda tudo em brasa, até porque - não sei se conseguem cheirar a caldeirada - o número dois da Adrama, Nuno Maciel, é também vice-presidente da Câmara Municipal da Calheta, e já terá sido avisado por Humberto de que, se não deixar a Adrama, perderá a confiança política de Miguel Albuquerque.

Os ares estão turvos e agitam-se quando se fala nos 20 milhões de euros em jogo para comprar votos e tachos para o PSD do Norte da ilha - palavras de um elemento que sabe da matéria. 

Perante estas guerras, os interessados em fazer investimentos pensam dez vezes antes de cometer uma loucura. 

Este blog não é de intrigas, mas, por falar do bonito Norte da Ilha, já temos saudades de passar um dia a errar por lá, de um lado para outro.