Os Medíocres
Ricardo Meneses Freitas
Dos
medíocres a história não reza. Parafraseando o Dono Disto Tudo (DDT), um
leopardo quando morre deixa a sua pele, um homem a sua reputação. Interessante
de onde esta frase veio porque revela que Ricardo Salgado percebeu que o que
mais perdeu não foram os largos milhões que tinha ao seu belo prazer, foi a sua
reputação. Salgado percebe agora que o mais importante não era o poder
económico, era o poder social que alicerçado no seu poder económico lhe dava a
reputação que o tornava um notável e um homem de grande poder.
Os medíocres não percebem que o
dinheiro é no máximo um meio e não um fim. Os medíocres não alcançam que o
verdadeiro poder está no reconhecimento dos seus pares, porque a sociedade é
feita de homens e mulheres e não de números. Os medíocres concentram-se nos
objetivos de vida mais singelos, até patéticos, e rodeiam-se de artificialidade
para alimentar um ego enganado.
Os medíocres não têm verdadeiros amigos,
ao invés rodeiam-se de mentes acríticas e bajuladoras cujo projeto de vida é
serem tão medíocres como eles próprios. Os medíocres não percebem porque são
infelizes e à falência da coleção de coisas respondem com ambição por mais
coisas. Os medíocres não suportam aqueles que apontam problemas e refugiam-se
naqueles que “não criam problemas” (na verdade são aqueles que detetam os
problemas).
Os medíocres alienam-se
facilmente da sociedade e constroem cortes de tolos cuja função é construir um
argumentário suficiente para que um grupo de medíocres pareça um grupo de
esclarecidos. Os medíocres acostumam-se tanto ao bajulamento das cortes que
tornam a sua imagem distorcida pelo grupo como o foco principal do seu
autocontentamento, procurando-a sofregamente com a ânsia de quem procura a
próxima dose de heroína.
Os medíocres, quando políticos,
começam a preocupar-se com a próxima eleição no dia que são eleitos. Os
medíocres, quando políticos, não percebem o alcance de fazer algo
verdadeiramente marcante pelo seu povo e focam-se no servir-se em vez do
servir. Os medíocres, quando políticos, não sentem nos ombros o pesado fardo da
representação dos seus semelhantes e anseiam por mandar e desmandar ao sabor
das necessidades do seu ego inflamado. Os medíocres, quando políticos, acham-se
diplomatas pela agilidade do jogo de cintura e destreza no fugir dos problemas.
Os medíocres, quando políticos, limitam-se à gestão de expectativas e passam
completamente ao lado das oportunidades de fazer algo relevante e útil. Os
medíocres, quando políticos, vivem da imagem e para a imagem e ficam na história
como breves borrões facilmente erodidos no esquecimento reservado aos
ordinários.
18 comentários:
Subscrevo inteiramente e sem rebuços.
Excelente!
Supimpa!
À medida que a leitura progredia, surgia Albuquerque, Prada & Cia.
Não só políticos, mas muito bem!
Um homem quando morre deixa a sua reputação. Será que os políticos são todos honestos ou alguns têm rabos de palha? Será que todos os políticos são o que aparentam ser? Ou será que alguns usam máscaras para camuflarem o seu lado mais sombrio? Serão Lúcifers disfarçados de Santos? Ou serão Santos do pau oco com egos inflamados? Dizem que o tempo desmascara as aparências e expõe o carácter. Mais depressa acredito no Pai Natal do que em alguns políticos.
Finalmente alguém que sabe pensar e escrever parabéns é coisa que se vai tornando insólita nestas paragens...da mediocridade não reza a história mas infelizmente faz muita mossa na história
O problema da Madeira no últimos 40 anos é que teve muitos políticos medíocres e corruptos! E a sua principal e primeira missão é correr com os bons políticos, e com aqueles que lutam contra a corrupção porque se sentem ameaçados! A sua melhor defesa é se rodearem também de pessoas mais medíocres do que eles! Assim a permanência está assegurada!
um texto chato e de uma moralismo ja muito visto, toda a gente sabe esses conceitos de mediocridade, repeti los à exaustao, é so por si tambem uma mediocridade, ja ouvi texto da igreja universal reino de deus sobre o tema bem melhores..
Excelente reflexão. Acrescento o facto de que os medíocres, para além do que expôs, estão sempre prontos a dar lições aos outros, principalmente nas matérias em que os próprios não são exemplo para ninguém.
Uma boa ilustração, o referido ex-DDT, que afirmava do alto do seu palanque que "as pessoas têm de aprender a pagar impostos". Vá-se lá saber como, "esqueceu-se" de declarar vários milhões.
As elites nacionais não são tão diferentes das nossas, dão é menos nas vistas. Afinal, somos todos portugueses...
Os políticos medíocres só proliferam por causa dos cidadãos medíocres...estão bem uns para com os outros. O problema é que terceiros são chamados a pagar a conta dessa relação simbiótica entre medíocres.
Infelizmente a medicridade de políticos, empresários e de qualquer outro grupo profissional, reflete a mediocridade do próprio povo.
Esse é o caso. Sem educação, sem cultura, sem qualquer grau de exigência.
São bestas e carneiros que servem apenas para votar, a troca de promessas ocas e irrealizáveis.
Alguém aqui mencionou que a falta de Educação e Cultura sao um dos motivos que nis traz a presente mediocridade. Mas pergunto sao com estes Secretrarios que tutelam essas areas que se muda esses estado de cousas? P.f. Vamos mas é começar a preparar o Entrudo e nos divertirmos muito.
Sabem a melhor? Miguel Albuquerque mandou por quadros com a sua fotografia em todas as sedes do partido.
É só ver a mediocridade que grassa na Camara do Funchal , e o mais impressionante é que já cá tinhamos muitos mediocres e tiveram que mandar vir mais um do contenente.
os únicos que não são Medíocres na Politica Madeirense é os do Bloco são abaixo disso
A mediocridade é a imagem de marca do governo do Albuquerque. Os madeirenses vão lhe dar o que ele merece que é um pontapé nas eleições!
Medíocres? Há mais do que os que a gente gostava e por todo o lado.Alguém sabe onde não há medíocres?
Viva à Esquizofrenia???Viva,Urra, viva à bipolaridade politica? Urra...
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