Por que não te calas?
(parte 1)
A propósito das entrevistas do vice-presidente do governo regional ocorreu-me fazer uma entrevista imaginária à “única voz” do executivo, com a finalidade de esclarecer muitas das questões que preocupam os madeirenses.
Relações com os madeirenses
Pé-rapado: O senhor doutor afirmou que “falar a várias vozes pressupõe que não há uma coordenação política. E a população não entende isso” ¹. O que vai mudar na coordenação política?
Pedro Calado: Como sabe, o senhor presidente do governo regional tem uma agenda muito sobrecarregada com viagens às comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo e com convites para estadias prolongadas nas reservas de caça da planície alentejana e da savana africana. Assim, dada a sua indisponibilidade de tempo, o senhor presidente confidenciou-me que os membros do coro do governo têm vozes esganiçadas que estão a afugentar cada vez mais eleitores, pelo que me convidou para ser o maestro do desafinado coro. Na análise que fiz com o senhor presidente chegamos à conclusão que devíamos substituir todos os membros do coro, mas também concordamos que essa solução já tinha sido usada várias vezes sem qualquer sucesso. Assim, como tenho uma voz grave capaz de conquistar milhares de eleitores, em especial de eleitoras, acordamos que passaríamos a “falar a uma só voz”, a minha, enquanto os outros membros do coro se limitariam a mexer os lábios, simulando que estavam a cantar afinadinho, e a bater palmas de forma entusiástica para marcar os compassos do hino da Renovação.
Pé-rapado: O senhor doutor também afirmou que “tem de haver só um governo, personificado na pessoa do presidente do Governo, que tem de estar acima de qualquer interesse pessoal. Ele é que foi eleito para comandar a governação” ¹. O que queria dizer, concretamente?
Pedro Calado: O que disse foi muito claro. O presidente do governo é que foi eleito para comandar a governação, mas como não tem tempo (nem pachorra ih! Ih!), nomeou-me para ser o duplo que interpreta o papel de presidente do governo nas situações em que não se quer dar ao incómodo de ouvir as vozes estridentes da oposição e as desafinações do seu coro. Deste modo, o senhor presidente fica totalmente liberto para as questões agradáveis da governação, como as sessões fotográficas em família, os eventos sociais regionais e nacionais e, o mais importante, para fazer a volta ao mundo das comunidades madeirenses. Esta é uma escolha Win-Win: ganha o senhor presidente e ganho eu, como duplo do presidente, porque ambos estamos acima de qualquer interesse pessoal.
Relações com Governo Central
Pé-rapado: Nas suas entrevistas o senhor doutor tem repetido que encetou “logo um diálogo institucional para resolvermos as diversas questões pendentes” ¹. Quando diz que encetou, quer dizer que antes não havia qualquer diálogo institucional entre o governo regional e o governo central?
Pedro Calado: Sim, infelizmente, é verdade. Foi com a minha chegada ao governo e com as minhas frequentes viagens a Lisboa que, em menos de 40 dias, consegui criar dois grupos de trabalho, um para o subsídio de mobilidade e outro para o novo Hospital, quando os Drs. Eduardo de Jesus e Sérgio Marques, que tinham, respetivamente, a tutela das áreas dos transportes e das infraestruturas, nada fizeram. Por outras palavras, durante dois anos e meio não houve qualquer diálogo institucional. Convém lembrar que, como o senhor presidente do governo sofre da síndrome do “jet lag político”, um distúrbio provocado pelo diálogo com outros fusos políticos, estava impedido pelos “médicos” de dialogar com o governo socialista de António Costa.
Pé-rapado: Mas, o senhor doutor tem lançado duras críticas ao governo da República e ao primeiro-ministro, classificando o diálogo institucional que encetou de mera retórica? Quando se refere a retórica, trata-se de um elogio à sua arte de persuasão devido à forma eficaz como comunica com o governo central, ou de uma crítica à presunção de António Costa que faz orelhas moucas?
Pedro Calado: Confesso que o diálogo com o primeiro-ministro tem sido uma conversa de surdos. Por isso temos de falar grosso para dar a ideia aos madeirenses que exigimos que António Costa seja primeiro-ministro de todo o País e não apenas de uma parte (Açores incluído). É essencial mostrar aos madeirenses que não temos medo de António Costa, nem do seu governo central que trata a Madeira de modo discriminatório, tal como fazia o nosso grande líder Jardim. Quanto à minha capacidade de persuasão ela é evidente pois já transmiti ao primeiro-ministro que “estamos cansados de retórica, de grupos de trabalho e de comissões” ¹ e que já percebemos as suas intenções: “se não queres resolver um problema, cria um grupo de trabalho”.
(continua …)
J. C. Silva
¹http://www.dnoticias.pt/impressa/hemeroteca/diario-de-noticias/estamos-cansados-de-retorica-de-grupos-de-trabalho-e-de-comissoes-YG2495045
11 comentários:
Hahaha, fartei-me de rir, muito bom. Essa do duplo do presidente assenta que nem uma luva. O tipo não tem capacidade ou pachorra então toca a nomear um duplo para fazer o papel de presidente.
É triste verificar que o Pres. do Gov. Reg. se auto demitiu do exercício das funções para o qual foi eleito. Até parece surreal...
Muito bom! Mas o duplo nomeado parece esquizofrênico. Vai a Lisboa prestar cumprimentos, depois já é para trazer dinheiro da dívida a Madeira, quando afinal trás é mais um grupo de trabalho. Depois a culpa do hospital é de Lisboa, que a Região expropriou e pagou tudo, quando afinal falta tanto. ....o rol é imenso em tão pouco tempo. E sempre com o mesmo ar arrogante de quem diz a maior mentira sempre com a mesma casa de pau.
Com o vice estamos entregues aos grupos económicos. Melhor será Albuqurque...mau por mau.
Este Pedro Calado só tem dado tiros nos pés. Foi o erro inconstitucional na elaboracao do Orcamento Regional, foi o adiamento do concurso do Ferryboat por 45 dias, na expectativa de ganhar tempo e com tanto interessado ficou em zero. Agora é usar os 3 milhoes para fretamento de um Ferry. Para acrescentar à incompetencia foi o fretamento do aviao para possiveis 174 estudantes e só vieram 52 estudantes( peca especialmente por uma medida muito tardia e eleitoralista). O Subsidio de Mobilidade com este Vice tambem é uma miragem (é só constituir grupos de trabalho). Em relacao à construcao do novo Hospital, o Vice Presidente já aprendeu a liçao, a culpa é sempre do Continente (apesar de ter sido uma promessa do Dr Miguel Albuquerque e do actual PSD). Este Calado mais devia estar calado!! O Messias era só um e não é Calado.
Já tivemos um D.Sebastiao, a seguir um Messias...o que vem a seguir para nos salvar destas incompetencias?
Mas alguém acredita nesta palhaçada do voo especial da TAP para os pobres?? Mas alguém acredita que há alguém que tenha um filho a estudar no continente que não vá buscar dinheiro a casa do Diabo para ele vir a Madeira??? Os que não podem mesmo não põem os filhos a estudar no continente e são muitos. Demagogia do piorio estes gajos renovadinhos acham que é tudo tonto
Esse duplo foi anunciado como se fosse o grande salvador da Madeira mas ele é um messias muito fraco. Depois de vários concursos e adiamentos ele aparece agora a dizer que vai fazer mais um concurso e que o ferry só vai funcionar no verão.
Para isso nem precisava de vir o messias Calado, bastava lá ter permanecido o Eduardo Jesus que ia dar ao mesmo.
Um ferry só no verão não interessa à Madeira. O que interessava era voltar a ter uma ligação durante o ano todo como o ARMAS fazia. O governo nunca teve vontade de cumprir esta promessa eleitoral. Assim, quase 3 anos depois o governo deixa cair por terra uma das grandes promessas do Albuquerque, uma das mais importantes para a população madeirense. Este governo é péssimo a servir o povo da Madeira mas é muito eficaz a pôr o povo a carregar ladeira acima o enorme fardo dos grandes interesses privados que parasitam a Madeira. Parece encosto!
Bem dito.
O ferry de verão custará 3 milhões de euros, para servir meia dúzia de privilegiados e para trazer os carros do rali vinho madeira.
Calado a defender os interesses do Rally e do AFA. "O Ferry vem para a Madeira custe o que custar" "As obras são para acabar custe o que custar"
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