Bagunça rumo a 2019

DOIS

Há meia dúzia de horas, inspirado nas 'notas do dia' do Carlos Pereira e nas 'cartinhas' de Emanuel Câmara ao Pai Natal, decidi materializar uma ideia que vinha do tempo das 'opiniões' metafísicas de Albuquerque e das crónicas de 4.ª classe pespegadas por Cafôfo. A ideia consistia em aparecer também com um escrevinhanço regular para fazer prova de existência. O que eu não imaginava era que, logo ao segundo dia, me faltasse assunto. Ontem e hoje, não vejo carta da nossa Lebre do Norte ao Pai Natal. E as notas do dia de Pereira deixam muito a desejar. 

A escassez de temas agravou-se desde que os buracos nas estradas, trânsito funchalense impossível, trapalhadas dos secretários regionais e falcatruas nas câmaras - em suma, os assuntos negativos para Albuquerque e Cafôfo - desapareceram da imprensa regional, abafados por suplementos cor-de-rosa pagos pela plebe. Hoje mesmo comprova-se que a simples presença dos figurões num qualquer evento de fachada é assunto espampanante para 3/4 de capa, e não estou a falar da 'Caras' ou da 'Maria'. Falo de Informação e Jornalismo. Aliás, 'informação' e 'jornalismo'. 

Vai daqui, o espavento à volta de um voo que trará cento e tal estudantes à Madeira pelo Natal, diligência de cará-cacá transformada no acontecimento de fim-de-ano, trouxe-me por associação de ideias um assunto de que nos têm falado na Ilha ao lado. Como se sabe, o 'Lobo Marinho' em Janeiro vai para doca seca - em Viana, parece. Amigos Sousas voltam a subsidiar passagens de avião para os porto-santenses virem à Madeira a preço do barco. Muito bem. Só que fica um cabo solto no convés: e a depauperada economia da pequena ilha? É que, quando o barco não opera, os dias baixos no Porto Santo são ainda mais desertos. Quando se resolvem os crânios a estudar uma cota de viagens aéreas subsidiadas para os residentes na Madeira, incluindo os que têm segunda casa no Areal, se deslocarem lá na referida época baixa? Com o reforço de um avião extra ao fim-de-semana, a preços do barco. Sempre mexeriam um pouco com o comércio local. É importante. 

As máfias que se mudaram dos assaltos a bancos e falsificação de notas para os comandos políticos onde se decide o destino dos dinheiros públicos precisam de olhar também Pelas Pessoas nestes pormenores. De contrário, começam a minar-lhes os calcanhares mais depressa, mesmo que os artolas que escolheram para lhes fazer o jogo representem bem o papel.