A DESIDEOLOGIZAÇÃO DA MADEIRA

A Madeira parece mergulhada na mediocridade política, o que felizmente não sucede nos campos cultural, empresarial, da solidariedade social, do empreendedorismo, desportivo, etc.

Por isso, não me surpreende o reacionarismo de tentar ressuscitar padrões ideológicos totalitários que foram tragédia no século passado. Refiro-me à proposta da organização comunista “bloco de esquerda” contra o Ensino Privado. 

A liberdade de ensino e de escolha são marcos da Democracia, dos Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais. É uma bandeira da Autonomia, afirmada com a derrota na Madeira do comuno-gonçalvismo, anos setenta. 

A referida iniciativa reacionária e fascizante dos comunistas do “bloquinho” foi apoiada pelo denominada partido comunista português, contando ainda com a cumplicidade abstencionista em matéria tão significante, por parte do PS e de um tal JPP. 

Não esquecer que nas últimas eleições nacionais, este JPP funcionou complementarmente no “bloco de esquerda”. Embora eu tenha a impressão de que as manhosices e falinhas mansas destas criaturas - de resultados nulos, aliás - levam as pessoas a não perceber que o eixo Gaula-Santa Cruz vem sofrendo uma degradação sócio-económica, tipo ribeira sêca em ponto maior. Claro que, depois, ninguém de bom senso investe num Concelho assim. 

Esta gente, na posse, chamou o Executivo de “governo ladrão” -  - e o material das Sociedades de Desenvolvimento que não entregaram?... - e agora vem pedir que o Governo Regional abdique das suas legítimas prioridades no Concelho de Santa Cruz, para lhes fazer fretes eleitoralistas. 

Aparece este ataque reacionário e fascizante ao Ensino Privado, porque a Madeira vive um período de DESIDEOLOGIZAÇÃO agravada pela deficiente formação da Opinião Pública, que aliás já vem de longe, em simultâneo como uma campanha visando a Igreja Católica e ainda posterior apologia da ditadura comunista chinesa. 

No caso específico santacruzense, mais deteriorado ainda por causa do autêntico colapso do actual PSD, devido às continuadas tontices internas, inclusive locais. 

Façam como há décadas os autonomistas sociais-democratas agiram em Machico! Recomeçou com quase tudo novo, apenas enquadrado pelos que desde sempre mereceram confiança. 

 A Desideologização na Madeira trouxe a omissão pública dos Valores, dos Princípios, das Referências e da consequente fundamentação dos objectivos. 

Pelo contrário, a prioridade passou a ser o imediato, o secundário. 

Passou a ser poder beber mais uma cervejita. 

Passou à glorificação da inveja para com os que constroem, desde que estes sejam Madeirenses. 

Esta Desideologização na Madeira não é apenas responsabilidade dos políticos, que nunca deviam ter optado por semelhante caminho. A não ser que se sintam político-culturalmente impreparados, mas então desistam...

Hoje, esta Desideologização é também responsabilidade de todas as Instituições que têm um Dever de Formação, mas que se escondem num cómodo e desacreditante silêncio estridente. Para não qualificar com um adjectivo pior...

Os autonomistas sociais-democratas nunca abdicaram de apresentar ou justificar os factos, sempre os referindo aos Valores que os informavam e aos Objectivos pretendidos. Apesar de, naturalmente, tal provocar a agressividade dos outros campos políticos, o que nunca constituiu problema. 

Não há sucesso político sem uma Doutrina a suportá-lo inteligente e credivelmente. 

Porque lugar por excelência do debate e do confronto democrático, e não para nas costas do Povo acordar processos de garantir o “tacho” a todos os que lá estão, os Parlamentos não devem marginalizar as Ideologias. 

Honra lhes seja feita, as organizações comunistas têm sempre presente a sua doutrina fascizante. Nesta lógica desencadearam o ataque ao Ensino Privado na Madeira. 

Muito bem, o PSD e o CDS contrariaram esta tentativa reacionária de ressuscitar modelos que a civilização democrática recusa, pese embora Portugal seja o país europeu de maior percentagem comunista. Realidade gravíssima a que ninguém “responsável” presta atenção!...

Mas a afirmação louvável dos Princípios não pode ser meramente ocasional, nem andar à mercê de conduções parlamentares que, para camuflar o que todos percebem, enjeitam o património político, seu único capital. Até no Zimbabwe e apesar das circunstâncias e das criaturas políticas, Mnangagwa teve ética com Mugabe. 

Qualquer Deputado é livre e deve romper com estratégias desastrosas e sem inteligência. 

O ataque ideológico ao Ensino Privado demonstrou ao Povo Madeirense o que se prepara para as eleições regionais. Alertou haver quem queira impôr aqui um modelo venezuelano, uma ditadura e reforçar o colonialismo. Sob a aldrabice de “promessas” dôces e mentirosas.

Eles aí estão de novo, jogando com os nossos actuais desencantos, numa estratégia de, por enquanto, AMOLECER os Madeirenses e os Portossantenses. 

É preciso não ser tonto. Mudar a tempo o que não esteja bem. Não ficar à espera de outros ou do que nem saibam o quê. 

É grave o que para aí se anda a forjar e a coligar contra os Direitos, Liberdades e Garantias do Povo Madeirense. Perceberam este ensaio contra o Ensino Privado?...

Só outra. Porque é que ainda tenho de ser eu a escrever este artigo?!…

Post-Scriptum - O candidato dos interesses da “esquerda caviar” em que tudo continue na mesma, de nome da pequena árvore que dá pêras, teve novo ataque obsessivo. Descobriu “jardinismo” na actual governação da Parreca - oxalá!… - e defecou números, errados porque nunca seu forte.

Oh criatura!… Energia e estradas não se privatizam.

Quando muito concessionam-se ou licenciam-se (duas coisas diferentes). Como transportes internos se podem privatizar. Mas tudo sob intervenção correctiva pública.

Funchal, 7 de Dezembro 2017

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim