A CASA ASSOMBRADA

Alberto João Jardim

A casa assombrada é o edifício da Assembleia Legislativa da Madeira. 

Vive sob o temor dos fantasmas. 

Não do assassinado rei, pai do Hamlet, ou do marido traído da Lady Macbeth. Aliás insusceptíveis de ali serem entendidos, se acaso por lá aparecerem. 

Não. O fantasma é o jardinismo. O terror do jardinismo que, ao longo de tantos anos, por actos e obras esforçados, levou o Povo a não votar nos tansos. 

O terror de que o jardinismo volte, uns percam o tacho e outros expectativas. 

E eu a rir da tontaria. 

Mas foi isto que se que viu na discussão do Orçamento Regional. A imagem de uma Oposição indigente quanto ao Conhecimento, preguiçosa quanto ao Trabalho - é esta “geringonça à madeirense” que se apresenta como “alternativa”?!...

Em vez de cada partido da Oposição se afirmar através das respectivas estratégias próprias, optaram pela preguiça. 

Optaram pela preguiça, repetindo exactamente as mesmas patetices estéreis que já lhes ouço desde 1978. 

Optaram pela preguiça, até no vocabulário. Continuam a falar contra o “betão”, não querem investimentos, os Empresários madeirenses não prestam, bons são os do fora e se ingleses melhor, um Orçamento onde metade  é para a Educação e Saúde e Solidariedade, segundo eles não é Social, só seria se todo o dinheiro fosse para distribuir em borlas, almoços, sacos de arroz, cabazes de compras quase sempre para quem não precisa mas que rendem votos. Os Madeirenses não deviam ter vias rápidas, nem aeroporto, nem escolas, nada.

Já estão a ver o que seria um Governo Regional destes tipos!

O dinheiro todo para comezaina e copofonia eleitoralista, nada de Investimento, nada de Emprego (pois eles vão dar tudo...) nada de incentivos às Empresas, nada de Desenvolvimento Sustentado!...

Comes e bebes!...

A Oposição optou pela preguiça, pois limitou-se a, comodamente, andar a reboque das obsessões e raivas do candidato dos interesses da “esquerda caviar” em que tudo continue na mesma, de nome da pequena árvore que dá pêras!

O terror que a Oposição vive na casa assombrada! Agravou-se quando viu não estar a funcionar um “pacto de silêncio” renovadinho, que só disparava suicidamente contra os seus e o seu incontestável capital político-cultural. 

A propósito. Nestes dois anos e tal, quais os nomes dos estrategas “renovadinhos” que iam dando cabo da Madeira e do PSD? Suspeito que também possam ser fantasmas do jardinismo, por conveniência agora encarnados na tolice...

A Oposição não contava com a excelente prestação de Pedro Calado e, sobretudo, com a Sua lição de ética política, abrangente de todos os que são Autonomistas e Sociais-Democratas. 

A Oposição desespera com o seu temor dos fantasmas da casa assombrada, e ainda mais se atrapalhou com o excelente cheque-mate que representou para eles a grande intervenção do Deputado Carlos Rodrigues. Perfeito mesmo, o desafio feito à Oposição aterrorizada pela assombração do Parlamento, de dizer claramente ao Povo Madeirense quais são as obras que não quer que se faça, já que ficou claro ser contra a feitura das vias rápidas e das vias expresso existentes. 

E que gozo dá ver, quem teve obra embargada por violar a legislação sobre alvarás, sendo um capitalista, pregar “moral” contra os outros Empresários! E ver a “comunagem” ainda a querer lançar mais impostos sobre os Madeirenses e Portossantenses!

É positivo voltar a ver o Governo Regional com bons ventos, a assumir sem complexos o seu Património histórico-político, bem como agora demonstrando a capacidade de torná-lo ainda maior e melhor. 

Até já voltou a Bandeira da Madeira nas iluminações, Identidade vergonhosamente apagada nos últimos dois anos. Para desgosto da maçonaria só falta agora, nas decorações, o retorno dos símbolos da nossa Cultura cristã do Natal. 

Por isso, não faz sentido um “tempo de antena” outra vez usado para atacar a própria Obra partidária, com comparações mentirosas e narcisicamente ridículas. 

Há pessoas que estiveram sempre na primeira linha política autonomista e social-democrata, mas agora querem fazer crer ao Povo que a Madeira foi “descoberta” em 2015. 

Mas que silenciam comprometedoramente ante a Oposição. 

Quando as coisas são fáceis de explicar. 

As dificuldades para a Madeira, desde 2005, resultam do desastre  causado pelos socialistas. 

Foi Sócrates que ia liquidando o País.

Ou não foi?!...

Por causa dos socialistas, então estivemos sob administração externa e os Portugueses pagaram o preço que pagaram. 

António Costa, com a incompetência política de Passos Coelho e dos seus amiguinhos aqui tutelados por ele, vai colhendo frutos da administração estrangeira e dos sacrifícios dos Portugueses, conseguindo fazer esquecer as verdadeiras culpas e danos causados pelo Partido Socialista. 

Aqui na Madeira tudo se complicou também, dados os estratagemas colonialistas-separatistas (PAEF) do Governo Passos Coelho, para o partido dele concretizar as suas golpadas internas na Região. 

Assim, agora, aquele que é ainda o Partido Social Democrata da Madeira tem muito trabalho pela frente. 

E urgente. 

As pessoas com Valores e Competências são o capital mais valioso de qualquer organização. Porque suscitam Confiança. 

Não podem ser trocadas por indivíduos virados para o relativismo, para o imediatismo e para o oportunismo, narcisos sem criatividade, servos do “politicamente correto” e da “opinião publicada”. 

E cito Mário Centeno, Ministro das Finanças de Portugal, independente num Governo socialista e eleito presidente do Eurogrupo: “encontrar bons caminhos e boas soluções, é questionar, é encontrar erros e desafiar os equilíbrios feitos”.

Funchal, 22 de Dezembro de 2017

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim