Discurso do deputado Gil Canha no fim

da discussão do OR 2017 e PIDAR

na ALR

Como já referi noutros discursos, a tentativa de renovação do PSD por parte de Miguel Albuquerque tem semelhanças surpreendentes com a tentativa que Marcelo Caetano fez em 1968 para renovar o regime salazarista. E tanto Marcelo Caetano como Miguel Albuquerque não conseguiram levar em frente as suas ideias reformistas e ambos foram obrigados a retroceder e a aceitar as imposições dos radicais e dos ultras do regime. 

Tanto que, e apesar das promessas,Marcelo Caetano continuou com a Guerra Colonial e com a Censura, como também, Miguel Albuquerque prometeu livrar a Madeira das nefastas políticas do passado – e, como prova a recente remodelação governamental e este Orçamento - voltou tudo à estaca zero; ao jardinismo puro-e-duro e o regresso ao antigo modelo económico suicida, assente nas grandes obras de engenharia pesada e na proteção dos grandes grupos monopolistas. E como também já referi nesta tribuna, na Primavera Marcelista, Salazar estava moribundo e não causava grandes transtornos à governação, ao contrário de Miguel Albuquerque que tem Alberto João bem vivo no Quebra Costas, a lhe impor toda a espécie de exigências e condições. 

Segundo a Ilíada, de Homero, na célebre Guerra de Troia os gregos conseguiram entrar na fortaleza troiana, graças ao ardil de um grande cavalo de madeira, que os troianos introduziram na sua própria cidadela, pensando que era um “presente” deixado pelos atacantes.  Só que pela calada de noite, saíram do interior do cavalo vários guerreiros gregos que tomaram a fortaleza de surpresa. 

O mesmo ardil foi praticado pelos jardinistas que há longo tempo cercavam a fortaleza “Renovadinha” de Miguel Albuquerque, só que em vez de um cavalo, os jardinistas construíram nos estaleiros da AFA, do sr. Avelino Farinha, uma enorme Raposa em madeira, com um ar sorridente e com uns dentes bonitos feitos com resmas de papel do Diário de Mr. Blandy. 

Depois, fingindo que estavam muito combalidos, recuaram para os lados do Quebra Costas, deixando em frente à fortaleza albuquerquista a enorme Raposa em madeira.

 Os “albuquerquistas” ficaram desconfiados, mas como viram que a Raposa tinha um ar simpático e inofensivo, guardaram rapidamente o troféu no interior da fortaleza. Então, na calada da noite, enquanto os renovadinhos dormiam, saíram de dentro da Raposa uma equipa de radicais jardinistas chefiados pelo dr. Pedro Calado, que tomaram de surpresa o bastião reformista, lançando logo os secretários Eduardo Jesus e Sérgio Marques das ameias abaixo e num golpe de asa empalharam o dr. Miguel Albuquerque numa torre. Os que sobreviveram ao ataque, foram obrigados a jurar amor eterno ao Grande Líder do Quebra Costas e Chefe Supremo da Laranjada. 

E para terminar este ato de conquista, obrigaram os vencidos a se ajoelharem em frente aos grandes barões jardinistas e aos grandes empresários do regime, e após este cerimonial de vassalagem, prometeram a todos que nas eleições legislativas de 2019, irão organizar um grande ritual viking, onde queimarão num fogo purificador a enorme Raposa em madeira que lhes serviu para o assalto.