O DESASTRE POPULISTA
GAUDÊNCIO FIGUEIRA
A meses das eleições autárquicas assistimos a uma grande desorientação nas várias forças partidárias que procuram, na propaganda, o remédio para todos os males. Isso foi chão que deu uvas. As pessoas, cansadas de 40 anos de algazarra política, têm dificuldade em distinguir o Poder Autárquico do Super-Poder Local, também conhecido por Poder Regional, exactamente pelo recurso desenfreado e continuado à propaganda e ao populismo.
O populismo levou a que, em momento de zanga de compadres, se tenha dito, para achincalhar, que às Câmaras cabe tratar de galinheiros e apaziguar brigas de vizinhos. Avocando um duvidoso poder de tutela, o Super-Poder impôs a sua vontade, sacrificando a racionalidade económico-financeira à procura de votos. Ficou com a chave do cofre, abria-o, discricionariamente, em função dos seus objectivos políticos que, durante anos, coincidiram com os das Câmaras. Os populistas adoram o Povo, mas depois fazem-lhe a cama pela calada. Morrem pessoas à fome, suicidam-se ou ficam a dormir pelos cantos das ruas? Isso não é problema deles.
Confundindo competências, Super-Poder e Autarquias autorizaram e fomentaram a construção de “casas para o povo” encosta acima, sendo, luz, água, arruamentos e viaturas especiais – os declives impunham – investimento público. A “Madeira Velha” era inimiga do Povo não queria dar-lhe habitação “estilo lapinha”, afirmou a propaganda populista. O 20 de Fevereiro mostrou a irresponsabilidade, e realçou o bom senso anterior ao limitar a construção nas zonas altas. Um populista de há 25 anos escreveu recentemente: “Um verdadeiro autarca, não deve ter problemas em estar perto dos seus, deve lutar pelo bom saneamento básico na sua terra, por uma boa distribuição de água, e luz eléctrica nos lugares públicos e nas casas dos seus conterrâneos, por transportes públicos eficazes, vias de circulação em bom estado e com a sua manutenção regular, incentivar a construção de caminhos e ruas pedonais cuidados e seguros ter na sua terra bons equipamentos na aérea da saúde, da educação, cultura e desporto”. Já não trata só de galinheiros e brigas de vizinhos.
Usando as suas competências, o Poder Regional brindou-nos com o prolongamento do aeroporto. Daí em diante foi um susto. Felizmente a “Sociedade de Endividamento” da Zona Oeste – de tão má memória – não levou por diante aquele hotel na foz da Ribª da Madalena, seria mais um menir a pesar nos nossos depauperados bolsos. Porém, falta-me falar no verdadeiro hino à demagogia de que o “oculto” não fala, ou se fala é pela rama, para zurzir A ou B.
Em 2001, é idealizado para Stª Rita um hospital. Tem projecto em 2003. Seguem-se as expropriações que se concluem em 2005. A 23 de Abril de 2007, o então candidato a novo mandato comprometeu-se a que teríamos os Barreiros e o novo hospital até 2011. A 22 de Maio, porque a situação “das finanças públicas não é desafogada” avançou com mais uma das suas muitas “engenhocas financeiras” para que se concretizassem aqueles dois investimentos. A 6/11/2011 Jardim Ramos anunciou, na ALM, que o GR desistia do Novo Hospital por falta de financiamento. A 01/01/2012 as vítimas da “urgência populista”, mostram-se desagradadas pelo modo tresloucado como haviam corrido as expropriações. Em Dezº de 2012, o TdC diz que teriam sido gastos 5 milhões em projectos que iam direitinhos para a Meia Serra.
A Resolução n.º 43/2012, publicada no Jornal Oficial da Região, a 1 de Fevereiro, contém a reacção política ao empréstimo de 1.500 milhões que, nessa data o GR fora obrigado a contrair, para nós pagarmos. Não perderam tempo, o GR e o PPD/PSD-M, e de repente surgiu uma “dívida política” de 9 mil milhões do Governo Central ao GR. Era o contraponto aos 6,3 mil milhões de “dívida escondida”. A dívida da RAM levou o Estado a instaurar um processo de averiguações – o “Cuba Livre” – do qual duvidamos que surja acusação.
Porém, politicamente, temos o dever de exigir aos partidos que, credibilizando-se, assumam as suas responsabilidades. Os eleitores assistem a esta novela do Hospital desde 2001, já não acreditam nas palavras bonitas da propaganda caça votos. Não vale a pena o PSD insurgir-se contra os anónimos, nem o PS apresentar-se como interlocutor do Governo Central. Porque, 1.500 milhões não se pagam em quatro anos e, pensem no futuro desta terra, que é bem negro. A responsabilidade, não podendo ser a criminal, seja pelo menos a política. Assim como estão, PSD e PS, trarão de volta, em breve, o “populista oculto”.
8 comentários:
Excelente artigo Dr. Gaudêncio.
Quanto ao Cuba Livre, não acredito que dê alguma coisa. Só se tivesse o super juiz a fazer a instrução.
DR. e oacrescente também o teleférico no Rabaçal no valor de 6.000.000,00 de euros que não foi feito, poupados graças à intervenção do Dr. Raimundo Quintal.
O populista oculto está à espreita da sua oportunidade. Com os erros da "renovação", não lhe vai ser difícil alcançar o poleiro.
Não se percebe muito bem a ligação da dívida oculta ao projecto do novo hospital tanto quanto se sabe só cerca de 10% dos terrenos foram expropriados e o projectista ainda nao foi pago. E interessante a fixação do articulista no passado talvez para branquear um presente em que se retomou a ideia da construção do novo hospital sem haver qualquer certeza do seu financiamento e apesar de continuar a insistir se na ideia tudo não passou ainda de intenções deixe lá o populista oculto do passado e preocupe se mais com a insanidade é desorientacao do presente
Com que então um sermãozinho de encomenda Sr.das 00:08! Conhecer o passado é importante para projectar o futuro. Até na Saúde é assim. Os psiquiatras começam sempre por perguntar se há casos de doenças mentais na família quando lá vamos.
Leia lá isto que o homem escreveu: "Porque, 1.500 milhões não se pagam em quatro anos e, pensem no futuro desta terra, que é bem negro. A responsabilidade, não podendo ser a criminal, seja pelo menos a política. Assim como estão, PSD e PS, trarão de volta, em breve, o “populista oculto”.Tem aí o recado para o futuro.
Confesse que tem uma simpatia muito grande pelo "populista oculto". Ele pagava bem aos servidores do ex-Jornal da Diocese, está entre eles?
Andre, este comentário que o "outro" te mandou colocar aqui peca por não conseguir esconder a origem.
É como o Renovadinhos. O homem bem insiste que não é ele, mas o estilo da escrita é inconfundível.
Tens que o por a fazer redações para ver se ele consegue mudar um pouco. Assim talvez alguém acredite que és tu, e não ele.
Fernando Vouga é essa a mensagem que quis deixar.
Esta guerra dos 50% que pago eu e dos 100% que pagas tu não é rigorosamente nada.
Sentem-se à mesa, tendo em frente de cada participante uma cópia da Resolução 43/2012.
Aí deveria ter começado uma vida nova. Deveriam começar por reconhecer o esgotamento do modelo, coisa que teimam em não fazer e terá custos com a desmotivação das pessoas. Elas já não acreditam em nada.
Os 5 milhões gastos com os projectos juntam-se a todo o desvario financeiro levado a cabo depois do perdão de 110 milhões de contos do Engº Guterres. Há quem não perceba isto!
Percebe se a inquietação muita da chamada renovação fez se de coisas e gente que de tão reles até o jardinismo repeliu. De resto são lições do sr goebbels e nada mais. Triste da política sem conteúdo cujo único desígnio e angariar vontades manipular factos e servir clientelas desavergonhadamente se estava mal ficou mil vezes pior mas nunca como agora tantos arregimentados e escribas se levantaram ou não fosse a renovação da propaganda só falta mesmo é contaminar o fênix e será tudo perfeito
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