INTEMPÉRIE ATINGE LARANJAL
Pela primeira vez numa reunião de comissários, o péssimo ambiente fez Jardim 'sair do sério'. |
BRONCA COM ROBERTO LEVA JARDIM
A INTERROMPER COMISSÃO POLÍTICA
Na reunião de comissários social-democratas sexta-feira, ninguém exigiu a demissão do líder, não houve demissão em bloco. Mas em equação andou a demissão de Roberto Silva, deputado que levou Jardim a sair da sala. Quem mais ficou com orelhas a arder? Miguel Albuquerque, Sérgio Marques, José Prada, Jaime Filipe Ramos e, imagine-se, Cunha e Silva e Manuel António. A noite foi brava.
Roberto enfrentou o chefe conforme a missão que levava. As coisas ficaram mal resolvidas e na próxima semana tem de ir às Angústias. |
Em 39 anos de liderança, nunca nenhum subordinado partidário o enfrentara, muito menos diante de toda uma comissão política. Jardim não fez mais nada: deu a reunião por interrompida, levantou-se da cadeira com espavento e saiu da sala deixando para trás um chorrilho de imprecações dedicadas a Roberto Silva.
O ambiente de 'cortar à faca' que dominava essa fase da reunião de sexta-feira à noite começara a desenhar-se praticamente no princípio dos trabalhos. Pondo em campo a sua inseparável táctica subordinada ao princípio de que 'a melhor defesa é o ataque", chefe laranja fez a declaração de abertura já com a coronha da espingarda ao ombro... não tentasse algum comissário pôr o líder em causa à conta dos últimos acontecimentos intra-partidários, de que demos conta oportunamente aqui no 'Fénix'.
As hostilidades constaram, inicialmente, de ataques a figuras ausentes.
Sérgio, Albuquerque, Prada, Manuel António...
Sérgio Marques, claro. Um "politicamente correcto" incorrigível que apareceu agora, calcule-se, com a peregrina proposta de pôr não filiados a votar para a liderança do PPD! "Deus nos livre de gente dessa a liderar o partido", disse assim mesmo Jardim, passando os olhos pelo espaço da sala bem preenchido de comissários - mau grado algumas ausências notadas na altura, como a de Miguel Mendonça e a de Coito Pita. Mas por motivos justificados, como viemos a confirmar.
Já viram - arrumou Jardim - o que seria simpatizantes do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda pagarem 1 euro e escolherem o líder que achassem ideal para arrumar com o PSD?
Miguel Albuquerque, evidentemente, outro alvo das farpas. O inimigo interno, aquele "guerrilheiro" que actua por dentro para fazer o jogo dos capitalistas maçónicos apostados no regresso da "Madeira Velha". Chefe a deixar perceber que ainda não perdeu a esperança de o ver expulso.
Era uma deixa para bater também numa figura posta em foco por força das circunstâncias: José Prada. Jardim a dizer que não percebia o porquê de o conselho de jurisdição não chumbar, pura e simplesmente, o documento com as assinaturas recolhidas por Albuquerque pedindo congresso extraordinário electivo. Pois bem: José Prada há-de devolver o documento à mesa do conselho regional. Se o parecer não lhe agradar, Jardim é capaz de recorrer contra o posicionamento de Prada.
Não pode. O parecer do conselho de jurisdição é vinculativo e nem o órgão homólogo ao nível nacional pode vir à mão de José Prada.
Como - já o dissemos - há 325 assinaturas validadas, quando eram necessárias apenas 300, o documento de Albuquerque seguirá direitinho, já na próxima semana, para o conselho regional. Ponto final.
Jardim puxa conversas umas das outras, como cerejas. Por que raio João Cunha e Silva, presidente da mesa do conselho regional, não inviabilizou logo essas assinaturas de Albuquerque? O também vice do governo - entende o chefe máximo - alegava singelamente que as datas do congresso já estão decididas pelo conselho e que não há legitimidade para repetir votações.
Mais uma vez errado. Qualquer militante pode apresentar propostas de convocação do congresso independentemente das decisões do conselho.
Cunha e Silva, longe da sala de reuniões, não ficou em branco, portanto. Mas Manuel António Correia, que estava lá, também não se pode gabar. Meio a sério meio a brincar, o chefe 'picou': o secretário delfim já evidencia divergências com ele, chefe.
Manuel António Correia, na reunião do mês passado, não concordou com a 'carta dos cinco' em que se condenava o recurso às expulsões? Pois aí está a resposta.
Troca de azedume Miguel de Sousa-Jaime
Na tormenta em que decorriam os trabalhos, não faltou uma troca de 'piropos' entre Miguel de Sousa e Jaime Ramos - social-democratas desavindos com processos um contra o outro ainda pendentes.
Jardim falava das condições a observar pelos candidatos à liderança quando começar a campanha interna propriamente dita. As sedes poderão ser utilizadas pelos delfins, mas os que formalizarem a candidatura. Miguel de Sousa ainda nem sequer se anunciou publicamente. E Jaime: sim, porque de repente o 'Inguila' (Ilídio, simpatizante e activista das campanhas do PPD) resolve dizer que é candidato e temos de lhe facultar as sedes para ele fazer reuniões.
Miguel de Sousa, para quem as condições de trabalho devem estar disponíveis em Junho, não se deixou ficar: as sedes têm dono!
O que significa: Jaime Ramos acha que é dono das sedes?
Jaime não se ficou: têm dono, pois têm.
Pois.
A vez de Jaime Filipe subir ao ringue
Não parecia uma reunião de políticos do mesmo partido.
Jaime Filipe Ramos, o que aliás não surpreende, também teve o seu embate com o chefe. Jardim tem atravessada na garganta aquela carta contra a política de expulsões assinada por Jaime Filipe e mais 4 militantes. Então, disparou nesta reunião, com subtileza: se houvesse chegado às Angústias uma carta qualquer, trazia-na sem abrir para o partido para que ela saísse no Diário no dia seguinte.
Uma insinuação perante os 'números' político-partidários exibidos através da imprensa.
Jaime Filipe não se deixou ficar. Assumiu o conteúdo da carta que assinou com outros companheiros entregue ao líder. E noticiou que, sempre que achar necessário, escreverá cartas.
Travou-se um diálogo cheio de avanços e recuos, elogios e críticas. Jardim começou por gabar a antiga JSD - do tempo de Jaime Filipe Ramos - pelo facto de ter retomado agora o movimento 'Autonomia XXI'. Porque o debate é sempre útil. Mas logo depois adoptava uma postura muito sua - a desconfiança. Que diabo pretende esta 'Autonomia XXI'? Quer ser alternativa no PPD? Vem aí mais uma candidatura?
Roberto estava decidido e precipitou os acontecimentos
O ambiente não estava nada agradável. Muito menos para Roberto Silva resolver fazer perguntas embaraçosas ao chefe e insistir em levar a cabo a missão de que os seus companheiros do PPD-Porto Santo o haviam incumbido.
A semana fora de fogo cruzado Jardim-Roberto. O líder exigia a expulsão de 42 militantes porto-santenses acusados de subscreverem uma candidatura adversária nas autárquicas. Roberto entendia que fazer ressuscitar um problema depois de 4 meses se devia apenas à intenção de varrer, na vaga de expulsos, um apoiante de Miguel Albuquerque. E tomou a defesa desses militantes.
Jardim, embora sem dar a cara, fez publicar no Diário um cartão escrito por Roberto para o comprometer perante os companheiros do Porto Santo - já que, segundo o cartão, teria sido o próprio Roberto a indicar os nomes de quem devia ser expulso.
A sequência dos factos é conhecida: Roberto, insurgindo-se contra a publicação de um cartão privado - no que, com as excepções esperadas, foi apoiado pelo partido em peso -, negou terminantemente que tivesse sugerido expulsões além dos 9 filiados que concorreram por outras listas. E que hoje estão expulsos, como mandam os estatutos.
Na própria terça-feira em que saiu a reprodução do cartão no Diário, a comissão política do PPD-Porto Santo reuniu-se na Vila Baleira, solidarizou-se com Roberto e mandatou-o para 'tirar as coisas a limpo' na reunião da comissão política de sexta-feira.
Mas Jardim não se deixava desarmar. Pelo contrário, levou a público, através do JM de quarta-feira, novas insinuações contra Roberto: que o deputado, que se queixava do cartão delatado, também divulgara uma carta privada enviada às Angústias; e que a solução para o PPD-Porto Santo era substituir a comissão política local, de que Roberto é presidente.
Sexta-feira à noite, os membros da comissão política perceberam que Jardim, na vez de Roberto Silva falar, tratou de lhe abreviar o 'tempo de antena', passando a palavra para o comissário seguinte. O social-democrata porto-santense não colaborou. Pelo contrário, puxou à conversa o assunto de que mais se falara durante a semana. Para não mais o largar.
Relatando que tinha tentado saber junto de responsáveis do JM qual a paternidade do artigo acima referido, sem que obtivesse êxito na diligência, Roberto perguntou se Jardim o podia ajudar com essa informação. Jardim, claro, disse desconhecer quem era o autor do texto.
Roberto então quis ouvir do chefe se acaso se identificava com o teor do artigo. Porque, se sim, e se as 42 expulsões seguiam em frente, então não havia outra saída senão a sua própria demissão do partido.
Situação nova, chocante para Jardim. Nunca lhe acontecera tal, muito menos diante de tantos comissários. Roberto Silva ali à sua frente a insistir numa resposta.
Jardim levantou-se: Está a fazer mais um número para sair no Diário? Pois demita-se!
E Roberto: pois demito-me, e já segunda-feira.
Jardim não aguentou tal atrevimento. Levantou-se, anunciou a interrupção dos trabalhos e saiu dali a vociferar.
Imagina-se o silêncio de sepulcro que ficou na sala.
Pouco depois, regressou um pouco mais calmo. Ambos concluíram ser aconselhável decidir tudo na próxima semana, mais a frio. Jardim já não insistia na expulsão dos 42. Mas, daqui lá...
Melancolia na noite
Muitos comissários saíram da reunião mais convencidos do que estavam da inevitável derrocada. Não entenderam - ou evitaram entender - ser hora de exigir a demissão global da comissão política. Também não expressaram apoio ao líder. Em pequenos grupos, saíram pela cidade e sentaram-se para uma bebida. O sentimento é geral: a comissão política ainda se reúne, mas já não existe. Ninguém lá vai por gosto. Uns já não usam o tempo para falar. Outros falam por frete. Acabou-se a euforia dos poderosos PPD's.
Quanto à bronca nuclear desta reunião, as coisas terão epílogo na semana que vem. Não conseguimos confirmar se na segunda ou na terça-feira. Só sabemos que o encontro de Jardim com Roberto decorrerá na antiga presidência do governo, a Quinta das Angústias, onde actualmente funciona o gabinete do presidente do PPD e a Editoria de Opinião do JM.
P.S. - No final dos trabalhos, Jardim foi porta-voz da comissão perante os jornalistas. Falou do congresso nacional do PSD e bateu nas câmaras que mudaram de cor na Região.
11 comentários:
Agora que estão todos Ricos à custa do Presidente,e como este está de saída... Viram-se para outra paróquias a procura de tachos,etc,etc, Esses sim são os Verdadeiros Traidores,Covardes, Nojentos!
Homens de palavra é assim. Existe um PSD Nacional, regional e local... Os militantes do Porto Santo não quereriam ver 42 expulsos por questões pessoais e o Roberto Silva não baixou a guarda fazendo as vontades ao seu superior!
O PPD/PSD morreu. Paz à sua Alma!
Não deixem o homem rebentar mais o partido. Tenham dignidade! Com este Nero na liderança nunca mais ganharemos nada! Demitam-se de uma vez por todas Cara...o!!
Para quem ainda tinha dúvidas, está reunião da comissão política mostra inequivocamente que o principal inimigo do PSD-M não é afinal a Maçonaria, o diário dos Blandy, os comunistas, os colonialistas de Lisboa ou a Madeira Velha. O maior inimigo do PSD-M é o próprio ALBERTO JOÃO JARDIM!!!
O comentador das 22.09 de 15 de Fevereiro sabe,exactamente,aquilo para que tem servido o PSD-M.Devia era ter vergonha!!!!!!
Esperemos pelos novos capítulos desta novela na próxima semana. Será que Roberto fará as pazes com Jardim, ou será que se vão separar? Não percam os próximos capítulos.
Calisto, já reparou que de repente os madeirenses perceberam que vivem bem sem o PSD?
Comentador das 22.09- E o Presidente não tá rico? Há 36 anos no poder, ofertas, viagens e férias pagas, dois vencimentos, etc, etc, e furreta! Mas quem fez o PPD e a Madeira das obras, foi só o Presidente? Ele quer fazer crer isso nos escritos dos Horácios e do Augusto Paulo Pereira, mas não já não engana ninguém
José Pedro .... coloca na Praça Pública todos os podres desses traidores ,que agora buscam Novas Aventuras Desesperadamente!
Este gajo é um espertalhão. Mas a culpa é de quem o foi buscar à Electricidade para lhe dar os tachos que deu. Um traidor continua sempre a ser traidor. Este foi o culpado do que aconteceu ao PSD.
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