Albuquerque, o
ultraperiférico
Na Declaração Final da 22ª Conferência de Presidentes das
Regiões Ultraperiféricas, que teve lugar nos passados dias 26 e 27 de outubro
na Guiana Francesa, pode ler-se que a recente aprovação da nova estratégia para as Regiões Ultraperiféricas (RUP) ¹ “permite à Comissão Europeia refleti-la, (…), nas
propostas financeiras e legislativas para o período pós 2020” ², assim como “o
compromisso da Comissão Europeia em adaptar as políticas da UE à situação das
RUP, incluindo uma aproximação “feita à medida” da realidade destas regiões” ².
Em síntese, constata-se que há uma nova estratégia, a
qual será concretizada no quadro pós 2020 com uma abordagem “feita à
medida” de cada uma das nove regiões ultraperiféricas.
Neste contexto, tendo em consideração as atribuições da
Conferência de Presidentes e o teor das notícias divulgadas pelo governo
regional, não bate a bota com a perdigota. As notícias tentaram passar a ideia
de uma participação muito ativa de Miguel Albuquerque com uma agenda sobrecarregada
de propostas nas áreas dos transportes, agricultura, turismo, proteção civil,
etc. No entanto, basta ler a Comunicação da Comissão Europeia, que define a nova
estratégia para as RUP, para constatarmos que o principal objetivo da
Conferência era fazer uma análise conjunta da referida estratégia e
das medidas a implementar e não debater propostas dos Presidentes das RUP.
Por outro lado, as notícias demonstram cabalmente que
Miguel Albuquerque desconhecia o seu papel na Conferência. Senão, vejamos o
teor de duas notícias. A primeira tem a ver com a intervenção de Miguel
Albuquerque “pedindo um aprofundamento da doutrina regionalista, “a qual é
necessária para trazer um suplemento de alma à construção do projeto europeu,
porque acrescenta legitimidade política em razão da sua proximidade com os
cidadãos” ³.
Provavelmente, inebriado com a declaração de independência
da Catalunha, decidiu dar nas vistas perante uma assembleia adormecida com a
monotonia das intervenções. Será que Miguel Albuquerque desconhece que as
questões regionalistas são do foro interno dos estados membros e nunca do foro
da União Europeia? Quem, de bom senso, imagina a Comissão Europeia a incluir na
estratégia para as RUP, o aprofundamento da doutrina regionalista?
A segunda diz respeito à intervenção de Miguel Albuquerque
apelando à “necessidade de uma melhor resposta na área da saúde aos cidadãos,
situação que, (…), se agudiza quando somos confrontados com o regresso de
muitos compatriotas, nomeadamente da Venezuela” ⁴. Mais uma vez, Miguel
Albuquerque demonstra desconhecer a nova estratégia para as Regiões Ultraperiféricas. Basta consultar a lista de medidas que
constam da Comunicação da Comissão Europeia para verificar que não há nenhuma
medida na área da saúde.
Assim sendo, se Miguel Albuquerque pretende o apoio dos fundos
europeus para suportar os custos da saúde que se agudizam com o regresso de
compatriotas da Venezuela, deverá fazer a reivindicação ao governo português,
pois é ao estado membro que cabe a negociação dos apoios dos fundos estruturais
da União Europeia. A este propósito convém referir que o Secretário de Estado
das Comunidades Portuguesas já garantiu que “os portugueses radicados na
Venezuela que decidam regressar a Portugal têm garantido a acesso aos apoios
sociais disponíveis para os que vivem no território português” ⁵.
Contudo, esta reivindicação levanta uma questão política.
Se Miguel Albuquerque está verdadeiramente preocupado com o regresso de muitos
compatriotas da Venezuela, porque razão decidiu ir à Conferência na Guiana
Francesa, uma região que fica bastante perto da
Venezuela, mas não demonstrou essa preocupação visitando os milhares de
compatriotas que vivem uma situação de gritante desespero na Venezuela, ao
contrário do governo português que alega já ter percorrido 22 dos 23 estados da
Venezuela? Onde está a política de proximidade que refere Miguel Albuquerque para
justificar o pedido de aprofundamento da doutrina regionalista?
Se a tudo isto acrescentarmos o facto de Miguel
Albuquerque ter escolhido ir para a longínqua Guiana Francesa depois de ter
sofrido uma humilhante derrota nas autárquicas e de ter remodelado meio
governo, deixando os madeirenses entregues a um novato nas lides governativas,
temos uma ideia clara da sua dimensão política. Miguel Albuquerque é um
político ultraperiférico, não porque a Madeira seja uma RUP, mas sim porque
entregou o centro da governação da Madeira a Pedro Calado e se “refugiou” num
obscuro papel secundário na ultraperiferia da governação.
A. Lima
¹ Comunicação para uma parceria estratégica, reforçada
e renovada com as Regiões Ultraperiféricas, 24 de outubro de
2017 (COM (2017) 623 final)
⁵ Apoio a quem voltar, Diário de Notícias da Madeira
de 30 de outubro de 2017
6 comentários:
Valeu pelas fotos com o Macron e Junker...
Albuquerque foi tirar fotos para mostrar que está vivo. Já apareceu a correr. Antes fotografaram-no no guichet do aeroporto. Daqui a dias, veremos nas redes sociais a tocar piano, a comer uma espetada, a beber um copo e a "mandar um fax".
Ganda Zombie!
Não era mais fácil comprar os instigadores da Revolta.
Gostaria de vê-lo a tentar convencer a Sofia que ama os filhos dela.
Miguel Albuquerque, anda ultra-afastado da Madeira, dos Madeirenses e dos seus reais Problemas!
Cheira cada vez mais a final de ciclo, k no caso nem sequer começou.fostes.... Ja agira k se comece a tratar da sucessão com gente credível e sobretudo que seja fiel aos princípios do psd e depois promova a outra neste desgoverno completente esfarrapado . Ja agora alguém ja vou resultafs desta remodelação? Psd atento.
Tem direito a mala diplomática? Não queremos que lhe falte nada. Nada de tremores.
Qualquer dia vai e já não volta. O avó ia ficar orgulhoso!
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