Autárquicas 2017

Carlos Pereira sem apoios a Norte e a Sul

Miguel Costa

As autárquicas levantaram uma tempestade de areia em todos os quadrantes políticos.

Albuquerque fez alterações de fundo no elenco governativo, retirando três secretários, Rui Gonçalves, Eduardo Jesus e Sérgio Marques, e fazendo entrar Pedro Calado o super-secretário e futuro vice-presidente do GR, e os secretários regionais Amílcar Gonçalves (Obras) e Paula Cabaço (Turismo e Cultura).

O vendaval foi tal que Carlos Pereira, que deveria estar a arrumar a casa, optou por duas estratégias:

1.    Negação – anda com facas espetadas nas costas e finge serem piercings (sempre dá um ar moderno à coisa).

2.    Fuga para a frente – anunciando que pondera apresentar uma moção de censura ao Governo porque entende que há um “caos governativo”

Poucas horas depois de Carlos Pereira ‘escrever’ que ponderava apresentar uma moção de censura, o tal do “caos governativo” caiu directamente no colo do presidente dos socialistas madeirenses.

Emanuel Câmara, presidente do Município do Porto Moniz anunciou que é candidato à liderança do PS-Madeira.

Com o vento a soprar bem forte do Norte, as peças do tabuleiro de xadrez já se movimentam e as reacções são quase imediadas. No facebook, Vítor Freitas, ex-presidente do PS-M, e Miguel Iglésias, o estratega da Confiança, já disseram que apoiam Emanuel Câmara.

É agora de Carlos Pereira vai arrumar a casa? Depois de ter andado a dizer que o PS tinha tido o melhor resultado de sempre na Madeira em eleições? Depois de ter dado um saltinho ao Porto Moniz para um abraço a Emanuel Câmara, outro pulinho até a Ponta do Sol para cumprimentar Célia Pessegueiro, mais uma presença em Machico com Ricardo Franco e um pé de dança pela vitória de Paulo Cafôfo.

Carlos Pereira foi concentrar-se nas festas, nos abraços, nas vitórias que não foram suas, foi concentrar-se no governo de Albuquerque. Enquanto isso o estratega da queda de presidente do PS-Madeira, Miguel Iglésias mexeu as suas peças do xadrez político e com Emanuel Câmara, como testa de ferro, e com o apoio de Vitor Freiras e Célia Pessegueiro, o xeque-mate parece estar próximo.

Não sei qual a estratégia que o presidente do PS-M vai arranjar para safar-se desta, porque tem sido um náufrago sobrevivente.

Possivelmente está à espera que o governo regional caia pois só assim conseguirá salvar a pele. Mas sinceramente acho que este governo não cai. Porque aquilo que Albuquerque fez foi muscular o executivo regional. Afastou quem quis afastar e foi buscar quem lhe dava garantias de poder fortalecer o governo criando o ‘super-secretário’ Pedro Calado (vamos ver se dá conta do recado – Finanças e Economia).

Quanto a Carlos Pereira, vai ser difícil manter-se como líder do PS, o que deixa os restantes partidos ‘abalados’, porque a sua impopularidade sempre rendia votos aos outros. Ficou sem apoios a Norte e a Sul.

Enfim… no fundo há que reconhecer-lhe o mérito de ser aquele bom técnico, que nunca conseguiu granjear popularidade junto dos eleitores.

Espero ansiosamente pelos próximos capítulos da temporada ‘Autárquicas 2017’.