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quarta-feira, 3 de março de 2021

 

ANÁLISE


Luís Calisto                                                                                                         


Sondagens (e barões) confirmam

Eleições no Funchal

por 'moeda ao ar'


Os estudos mudam uma diferença de 40% para 11% em meia dúzia de dias, mas não os podemos ignorar




Digerida que deve estar a sondagem do JM sobre as autárquicas na capital, deduz-se que ninguém estará eufórico face ao veredicto dos auscultados. Ninguém pode cantar vitória antecipadamente, como durante tempos aconteceu.

Sondagens? 

Se for para continuar a evolução registada desde a do Económico (Aximage) à do JM (Intercampus), aonde é que isto vai parar? 

De uma para outra, em tão poucos dias, a 'vitória' de Pedro Calado sobre o actual edil Miguel Gouveia desce de cerca de 40% para 11%. 

Enfim, as sondagens são um instrumento importante para monitorizar as apetências do eleitorado, como diz Gouveia. Enquanto são merecedoras do mais completo silêncio, como aquele que o jornal promotor do estudo encontrou em Calado e também nos outros laranjas chamados à arena - que empatariam com Miguel Gouveia, independente apoiado por uma coligação.

A grande realidade é que o eleitorado não se decidiu ainda. As pessoas, têm mais que (não) façam neste clima interminável e pegajoso do covid 19.

Pior: entre as faladas candidaturas de Gouveia e Calado, não há diferenças que motivem paixões políticas, nem sequer partidárias. Mais precisamente: a ausência de diferenças não está entre ambos, mas entre o PS-BE e o PSD-CDS que os apoiam. 

Na presente alvorada eleitoral vive-se uma situação bizarra: Gouveia está para a esquerda-direita como Calado para a direita-esquerda.

Por um lado, não há ideologias antagónicas em campo entre o 'socialismo' à madeirense e a 'social-democracia' à madeirense. 

Vê-se o alegado centro-direita numa correria louca para mostrar mais 'social'. E assiste-se a uma obsessão do alegado centro-esquerda para cavalgar a 'economia'. 

O sistema está assim montado, agora.

É o resultado de um plano maquiavelicamente traçado a bordo de jactos particulares e à mesa do comando de navios, para pacificar a Região do ponto de vista e no interesse dos altos barões.

Cada um com as suas quintas, a beneficiar de monopólios técnicos e de contratos sem concurso, para não travar a recuperação económica.

E evidentemente com a participação activa dos mágicos da comunicação social que, de uma penada, transformaram atentados ambientais em necessidades populares e 'roubos de pedras' em actos de altruísmo. 

Tudo fácil: o dinheiro compra papel, o poder económico influencia e controla a informação pública.

Obviamente que os políticos eleitos continuarão debaixo dos pés do sistema, sendo parte integrante dele. 


Pedro Calado, avançando para a candidatura, receberá muitos votos se conseguir afugentar os 'emplastros' partidários internos da campanha, abrangendo o CDS. Terá votos da direita, porque está próximo do patronato que dá emprego, e a própria esquerda calculista não lhe fará guerra. O seu currículo de vice na Câmara e vice no Governo ajudou a convencer os cidadãos quanto à sensatez que injectou numa equipa de perigosos repentistas - onde a favor só há o trabalho anti-pandemia.

Por seu lado, Miguel Gouveia ganharia o euromilhões se uma crise política qualquer afastasse o PS e o Bloco de Esquerda da sua pista eleitoral. Se andar na campanha importunado por sorrisos de plástico e mentiras à vista do freguês, muito dificilmente segurará a cadeira de alcaide funchalense. 

O Bloco desapareceu com o adeus (forçado) de Paulo Martins e a saída (também forçada) de Roberto Almada. Muito mau para a Esquerda (com maiúscula e sem aspas) na Madeira.

E o PS cafofista, que precisa de mostrar 'pêlo na venta' - como constata Gil Canha no anterior post do Fénix -, tem-no feito 'num só sentido', disparando contra os Afas mas facilitando os Sousas. 

Continuando a aplicar a filosofia insular, note-se a insistência de Carlos Jardim, também aqui no Fénix, a lembrar que as câmaras não se ganham, perdem-se. É sempre útil ter presente certos pensamentos fáceis.

 

A direita-esquerda e a esquerda-direita não têm preferências vincadas. Ganhe quem ganhar, não haverá festa de arromba. Porque do outro lado os derrotados ficarão tranquilos, no seu conformismo. Ganhou o outro, e depois?

Com mais sondagens, menos sondagens, os dois principais candidatos singram ainda num mesmo mar, de características únicas, impostas pelos respectivos apoiantes - águas incolores que nada auguram de bom para o Funchal futuro. 

Nenhum deles se apresentou até hoje como cabeça-de-lista numas eleições deste calibre. Mas não precisavam. O voto lá para o Outono será um pouco ao ritmo aleatório - e isto nada tem de desconsideração para ambos os concorrentes. 

...Ou prováveis concorrentes. 

Afinal, se cumprir o que dele se sabe, Gouveia não aceitará intromissões na sua equipa por parte da tal Praça Amarela da icterícia súcia.

Nem Calado se submeterá a 'regras' partidárias paridas de cérebros que já sabem a laranja podre, ali para os lados da Rua dos Netos - e para as Angústias, restaurante oficial do partido.

Farão finca-pé? Ou aguardarão pelo sistema de 'moeda ao ar'?

 

Miguel Gouveia e Pedro Calado têm outra parecença curricular.

Calado foi pronto-socorro para livrar o PPD-M de uma derrota que chegou a ser dada como inevitável em 2019. Mas... e se ele for candidato agora ao Funchal e perder, coisa mais do que possível? Pois nem câmara, nem liderança do partido no pós-albuquerquismo, nem governo regional. 

Gouveia também chegou a tempo de acabar com o folclore cafófico que ia levando os funchalenses à loucura urbana - a ponto de ele, Gouveia, constituir hoje para os cidadãos interessados na coisa pública, a presença da sensatez, que não cinzenta, ao comando da principal Câmara da Região. 

Com o retrato das absurdas diferenças de 40% - e mesmo de 11% - e com freguesias 'socialistas' a não dar ao actual presidente um único 'sim' na sondagem do JM, o que é deveras notável -, os dois principais possíveis candidatos continuam a ser, a isso obrigados, duas faces da mesma moeda. 

Ou rompem com o sistema, coisa nada simples sobretudo para Calado, ou teremos decisão por 'moeda ao ar'. 

E quem lançará a moeda sabemos quem são.

 

PS - Que o eleitorado tenha aprendido e não deixe fora da Câmara forças minoritárias, umas antigas outras recentes - aquelas sem as quais o eleitorado ficará 4 anos sem saber do que se passa lá dentro e que a todos interessa. Já chega o plenário monocórdico do Parlamento.

15 comentários:

Anónimo disse...

Plenamente de acordo,nem câmara nem governo nem partido. Esse será o caminho mais que provável para Calado.
Albuquerque na ânsia de tentar se segurar arrisca o próprio governo.
Pedro Calado aguentou-o por mais uns anos quando tudo parecia perdido,salvou-o da derrota,não conseguiu o mesmo em relação à maioria,não conseguiu porque,ja ninguém tolera Albuquerque.
Albuquerque continua o mesmo arrogante,incompetente e ditador. Não aprendeu a lição.
Quer é festas,almoços e visitas. Trabalho?
A sondagem do JM não diz nada,melhor sondagem são as pessoas no dia a dia, os militantes sem tacho,os verdadeiros militantes, não os martelados.
A unanimidade é enorme, votar em Pedro não, queremos que Albuquerque seja corrido.
Tão simples quanto isso.

Anónimo disse...

Brilhante artigo. Tem razão, os partidos pequenos é que chibavam cá para fora as podridões. Os tubarões tomaram conta dos bastidores dos grandes partidos e promovem a lei da rolha.

Anónimo disse...

"O Bloco desapareceu com Paulo Martins e Roberto Almada"?! Ou SEM Paulo Martins e Roberto Almada?! Desapareceu foi com o antigo braço direito de Calado na CMF a quem a falsa bordadeira entregou aquilo...

Luís Calisto disse...

10.10
Tem toda a razão, caro Comentador. A Língua Portuguesa é exigente e não admite conversas gagas. Ou seja, ambiguidades, como é o caso desse meu infeliz parágrafo. Já está corrigido, aliás com a ideia que já deixei vincada aqui mais do que uma vez.
Obrigado pois pela preciosa observação do atento comentador.
LC

Anónimo disse...

É uma lufada de ar fresco jornalístico ler este artigo de opinião do Luís Calisto. Imparcial e objectivo. E tocando em todos os pontos fracos dos putativos candidatos. E não o que é publicado na imprensa regional, muitas vezes artigos laudatórios de A e B, escritos nas sedes de poder por assessores e enviado para as redacções, onde são publicados 'ipsis verbis' e aos quais apenas se acrescenta o nome dum pseudo-autor, um jornalista escolhido por moeda ao ar, ora hoje um, ora amanhã outro, para não dar muito nas vistas. Bem-haja a opinião sensata e livre do Calisto. Quanto à vendida imprensa madeirense só me apetece perguntar: 'quo vadis'?

Anónimo disse...

A falsa bordadeira vendeu-se ao Cafofo por bugigangas, e fez um abraço de morte com o careca. VAI TUDO AO FUNDO!

Anónimo disse...

Na Câmara Municipal Funchal os vereadores andam todos brigados. Miguel Gouveia anda as turras com o Careca para fazer a sua equipa e não uma equipa imposta pela maquina do Iglesias/Careca

Anónimo disse...

O Gouveia sem o apoio do PS tinha mais a ganhar do que a perder, senão vai ter de engolir os Caldeiras, os Vitor freitas, os Sergios e todos os fofos.

Anónimo disse...

Calisto,
Vou criar na próxima semana uma empresa de estudos sociais e de mercado.
Assim se o Calisto pretender para a sua Fénix uma sondagem idónea, será só contactar-me. Diz-me qual o resultado que pretende, e eu apresento-lhe os dados como manda o figurino, e com a conclusão que o amigo previamente.
É coisa séria. O método já foi utilizado pelo Governo no EIA das Ginjas. Como vê, é só copiar os que "sabem disto".

Anónimo disse...

Às 10.37 deverá ler-se "previamente enviou".

Anónimo disse...

Gouveia ou reverte as "fossadas" no trânsito (beco criado na Estrada Monumental impedindo acesso a hoteis...inversão sentido na rua do Carmo...etc) ou vai perder muitos votos

Anónimo disse...

bem lembrado a estrada monumental , vai ser o fim das aspirações politicas do gouveia , agora que não a turistas já existem filas de transito quando isto voltar o normal vai ser o caos completo .

vai acontecer como aconteceu no Bom Jesus semanas depois vai ser reposto o horiginal devido ao caos

o Caos vai começar acontecer no verão com a retoma dos turistas e até as eleições vai se intensificar o caos , gouveia podes ter o apoio dos que querem ver a Madeira afundar mas o povo trabalhador esse tu não tens . Eu gostaria saber a opinião do concelheiro do Ps Sr Trindade sobre está obra que o iria prejudicar e muito

Anónimo disse...

"PIOR QUE UM CEGO É AQUELE QUE NÃO SABE VER"...Presidente Gouveia está rodeado em cargos de chefia (Vereadores/Directores Departamento/Chefes Divisão) por uma "seita" de incompetentes e/ou com ligações (fortes) à oposição!

Anónimo disse...

comentário das 22:08 (primeiro na lista) é muito provavelmente de um blogger de fake news que tem um fetiche com o Albuquerque. Como ninguém lê as fantasias que ele escreve, vem para aqui perorar.

Anónimo disse...

É desestimulador ler tudo isto. Quanto mais estudamos e lemos,mais se percebe que a humanidade continua agindo sempre da mesma forma. Quando eleitos, esquecem que votamos neles para defender nossas causas e não interesses próprios. Tento, sempre que possível, atualizar-me lendo esta página, mas vejo que as ações políticas não são diferentes de onde vivo atualmente.