ALVÍSSARAS

Vem a gerência do “Hotel Cubo de Rubbish” informar que gratificará quem indicar o paradeiro da recepção do hotel, que desapareceu misteriosamente pouco depois da abertura mole (“soft opening” em inglês) daquela unidade.

Estamos dispostos a dar provas da nossa generosidade para com quem dê indicações que levem à sua localização, oferecendo vouchers para estadias lá para os lados da Praia Formosa.

Este é apenas o último dos eventos que nos fazem suspeitar da existência de uma conspiração contra o sucesso deste magnífico hotel, pois constatou-se também o desaparecimento das paredes exteriores do edifício, que deixaram à vista o forro e as canalizações, fazendo com que o edifício se assemelhe a uma daquelas Construções Século XXI, mas em preto baço.

Em simultâneo com a subtração da forra do prédio, palmaram, sim palmaram, não há outro termo, o nosso parque de estacionamento.

Estão a ser investigados todos os potenciais receptadores deste tipo de bens, nomeadamente Parques Empresariais e roulottes de hambúrgueres, para tentar identificar o paradeiro daquela que era uma extensa área de parqueamento de viaturas, que gentilmente cedíamos ao nosso pessoal durante as horas de serviço.

As agruras não terminam por aqui, pois fomos informados por alguns hóspedes que o 1º andar do hotel também desapareceu! Os hóspedes só se aperceberam quando abriram a janela do quarto e, ao tentar vislumbrar a paisagem pitoresca do Funchal, apenas conseguiam ver os joelhos dos peões no passeio e os pneus dos autocarros que passam na Avenida do Infante.

Até este percalço tem o seu lado positivo, pois a proximidade das janelas dos quartos ao passeio é tanta que permitirá uma maior interacção entre os hóspedes e os transeuntes, dependendo das preferências e dos joelhos de cada qual.

Reiteramos a convicção de que os conspiradores andam perto de nós, desconfiando em especial daqueles que de tão próximos e tão grandes, nos fazem sombra a partir das duas da tarde.

Dão-se alvíssaras!

Sérgio Quaresma