O trio de Odemira contra o duo Bobby e o Tareco,
o combate que se segue no PSD Machico
João Pão
Ao analisarmos a conjuntura político-partidária em Machico, constatamos facilmente que o PSD perdeu o poder não em 2017, mas em 2013. Tal facto ocorreu por um lado devido ao desgaste natural do poder. E, sobretudo devido à sua mudança de atitude perante o povo e o poder. Ao longo desse período a humildade, o trabalho, a dedicação e o empenho deram lugar à arrogância, à prepotência, ao desleixo e à falta de respeito. Os machiquenses não perdoaram esta mudança de atitude. Como consequência deste resultado, as divisões internas começaram, as acusações surgiram e surgiu a velha máxima “em casa sem pão todos ralham e ninguém tem razão”.
Com a vitória de Miguel Albuquerque, os renovadinhos moralizados, sentiram que tinha chegado à sua hora e tomam quase de assalto a sede do partido e os respetivos órgãos partidários. Escorraçaram os derrotados de então. Sentiram-se nessa altura invencíveis, a sua moral não tinha limites, a sua confiança atingiu níveis nunca vistos, pura ilusão! À semelhança dos seus companheiros de partido perderam novamente a câmara, obtendo o pior resultado de sempre, para gaudio dos derrotados em 2013, os quais estão sedentos de vingança, transbordam raiva e anseiam por uma batalha para saldar dívidas antigas. Com efeito assiste-se a um partido dividido, completamente centrado em guerras internas em vez de se preocupar em lutar e devolver a capacidade e a competência que este partido, do qual sou simpatizante, para se reerguer e apresentar uma estratégia política ganhadora para Machico. E eis que surge a oportunidade perfeita para que esse combate aconteça, as eleições para as comissões políticas de freguesia. Com o seu aproximar é, cada vez mais nítido a preparação de ambas as partes, o frenesim à volta da sede, do bar o Casco, tascas como a chupa, o xenica e o carvalho. As estratégias estão a ser afinadas, as negociações e as conspirações transbordam e, o mais evidente é a confiança que cada ala transpira. E quem são estes valentes guerreiros que se consideram capazes de comandar os destinos deste depauperado partido machiquense? Por um lado, temos o Trio de Odemira (o qual já descrevi na minha última publicação) que, apesar do descalabro eleitoral, considera ter condições e capacidades para ganhar tão difícil combate. Por outro lado, temos o duo Bobby e Tareco. Bobby foi nos tempos áureos da governação Emanuelina, um excelente funcionário do porto de recreio, cuja sua atividade profissional exemplar começava a meio da manhã na tasca “o quedas”. A sua principal e árdua tarefa consistia em baralhar, dar e jogar às cartas com os clientes daquele famoso estabelecimento da rua do Leiria, imune a qualquer vento ou tempestade que tentasse incomodar aquela zona da nossa baía. Contudo, o seu melhor turno laboral era o noturno, onde exibia uma mestria nunca vista, enquanto guarda costas de confiança canina ao seu mestre, aquando as suas visitas aos bares, restaurantes e discotecas dentro e fora do nosso Concelho. Ao menor sinal, Bobby acudia e satisfazia rapidamente qualquer pedido do seu mestre. Outra característica a destacar era o seu rosnar perante o mínimo sinal de conflito ou sarilho. Podemos dizer que Bobby era o guarda costas fiel que todo o dono gostaria de ter. Contudo, com o decorrer do tempo tais características foram se degradando devido ao excesso de confiança e o rosnar deu lugar ao morder por tudo e por nada quem tentasse sequer ameaçar. E desde então foi o seu declínio que culminou com a derrota de 2013, tendo sido escorraçado, com o rabo entre as pernas pelos renovadinhos. Por seu lado Tareco, seu companheiro foi e tem sido um confidente e conselheiro do mestre, fruto da sua brilhante e eloquente carreira na JSD Machico. Graças à sua perseverança e, especialmente, à sua ignorância chegou a vereador onde desenvolveu políticas culturais que têm marcado o nosso concelho, com especial ênfase na elaboração do livro, considerado uma bíblia, chamado “guia da noite em Machico, onde beber, dançar e dormir em cima do balcão”. Foi afugentado de mansinho, qual bichano, do partido pelos renovadinhos. Como se pode facilmente deduzir, teremos um combate muito atrativo para ambas as partes, mas infeliz para o PSD Machico, dado que, independentemente de quem ganhar, as divisões e as guerras vão se acentuar, os militantes afastam-se e desinteressam-se e sem qualquer dúvida Machico fica a perder. Por isso, Trio de Odemira e Duo Bobby e Tareco, basta de guerras suicidas! deixem de olhar para os vossos umbigos e defendam os reais interesses do nosso Concelho. Finalizo citando Emanuel Gomes que termina o seu artigo dizendo: “Os resultados obrigam-nos a relembrar a alegoria da caverna, de Platão. Pois quem se limitou a ver sombras toda a vida confunde as penumbras com a realidade em si. E, uma vez solto, como no mito, depois do espanto, alguns voltam para o lugar onde se sentem seguros. Outros, perdidos, lutam contra tudo e contra todos para manter a nova” e antiga “posição que tanto ambicionaram. Vencidos, mas não convencidos de que, à partida, por incompetência e ignorância, de uma forma ou de outra, serão sempre pessoalmente derrotados.”
3 comentários:
É urgente uma terceira via. Pão para a mesa. Como diz o povo, terra onde não há Pão todos ralham e ninguém tem razão. Mas atenção pq Deus dá o Pão, mas não amassa a farinha.
Sr. João Pão ou outro nome que tenha e que não quer dar a conhecer. Ao ler o seu artigo, e para quem se identifica sempre como simpatizante do PSD, entendo que o seu conteúdo é ofensivo e divisionista e que em nada contribui para melhorar a situação atualmente existente. Apesar de concordar consigo que o PSD-Machico está dividido, não poderei de deixar de discordar do início temporal da referida divisão, uma vez que o resultado das eleições Autárquicas do concelho de Machico em 2013, bem como de outros concelhos, entre muitas outras razões, também, foi uma consequência das divisões internas já existentes nessa altura.
A solução passa pela união de esforços de todos os simpatizantes do PSD-Machico que estão interessados a participar, situação que devia ter ocorrido após as eleições internas do PSD regional.
Critico veementemente discursos de união, pois estes sugerem o abandono da luta pela Justiça e o abandono da sua alma para passar a agir consoante interesses de outros, que na minha opinião, são sacanas gananciosos que se mascaram de boas pessoas.
Resumindo, apelar à União é solicitar apoio e conivência com a Corrupção.
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