Os pobres é que pagam
A secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais anunciou, quando da sua participação na “Sessão Final do Congresso Nacional da Economia Social – 2017”, ter estabelecido contactos com investigadores do ISCTE com a finalidade de criar “startups sociais” na Região, um “projecto-piloto” que considera ser “uma mais-valia, até porque esta seria uma forma de ficarem menos dependentes de financiamentos públicos” ¹.
Li e fiquei perplexo. Será que Rita Andrade, inebriada com o sucesso da Web Summit 2017, decidiu aderir à Igreja Universal do Reino do Empreendedorismo?
Tudo indica que sim, pois os crentes desta igreja acreditam, cegamente, que o empreendedorismo é a salvação para todos os males da humanidade no século XXI. Só assim se compreende que Rita Andrade acredite que os graves e persistentes problemas sociais da Madeira (taxa de pobreza monetária de 33 por cento ²) se podem resolver com startups sociais.
Senão vejamos. Será que Rita Andrade sabe o que é uma startup? Segundo Steve Blank uma startup é uma empresa que ainda está à procura de um modelo de negócios viável que seja repetível e escalável. Por outras palavras, como ainda não sabem se existem clientes para os seus produtos, se o modelo é lucrativo e, sobretudo, se é sustentável, as startups são empreendimentos de alto risco. Mais, atendendo a que as startups são empresas inovadoras, que nascem em condições de extrema incerteza, a sua taxa de mortalidade é extremamente elevada (9 em cada 10 fracassam ³).
Se isto é verdade no mundo da nova economia, onde sobressaem as apelativas startups tecnológicas que são idolatradas na Web Summit, será que na “economia social” tudo vai ser diferente? Sinceramente, creio que não. Basta conhecer, minimamente os problemas sociais da Madeira, para perceber que a sua solução não passa por criar startups sociais, ou seja, empresas lucrativas para resolver problemas sociais. Como Rita Andrade defende que as startups sociais sejam “menos dependentes de financiamentos públicos” ¹, provavelmente, vai defender que o seu financiamento seja feito através dos mesmos instrumentos a que recorrem as startups tecnológicas: fundos de capital de risco, Business Angels, etc.
Por este andar, arrisco uma previsão: Rita Andrade vai anunciar em 2018 a criação da “Startup Social Madeira”, uma incubadora para startups sociais, assim como a realização anual de uma Social Summit, uma Feira do Viagra Empresarial Social.
Parafraseando a canção de António Variações: Quando a cabeça não tem juízo, os pobres é que pagam.
J. C. Silva
¹ Rita Andrade quer criar “startups sociais” na Madeira
² Madeira tem taxa de pobreza «mais elevada»
³ 90% Of Startups Fail: Here's What You Need To Know About The 10%
6 comentários:
É mesmo ideia de quem não tem nada na cabeça cruzes abrenuncio já agora porque não exterminar os pobres era mais fácil. Já se percebeu porque é loira
Mas que raio de merda é uma startup social ?
Senhora, quando se não tem nada de inteligente para dizer, fica-se calado.
Assim, ao menos, não se corre o risco de dizer uma asneira.
V. Exa. que me desculpe, mas quando fala sai-lhe cada uma que não lembra ao diabo.
Elo mais fraco deste Desgoverno de Renovadinhos e Ajardinados.
Ganda noia chefe!
Que desastre esta senhora !
Nunca fez nada de valor na vida, caíu de para-quedas no Instituto de Emprego onde nada fez e agora foi promovida a Secretária.
E ainda não se viu nada.
De onde virá a proteção a este cromo ?
E, por tabela, o marido da dita, que andou por aí desempregado e agora vende casas na Remax (será que vende?) foi na comitiva do Presidente à África do Sul.
Onde isto já vai ?
E assim vamos, cantando e rindo. Discordo, no entanto, que seja o elo mais fraco do Desgoverno actual que, por incrível que pareça, até ficou bem pior após a remodelação. Há um ao mesmo nível,o que parecia ser quase impossível, um tal que já foi seu subordinado e que não tem tento na língua, que tanto de anunciar um tal seguro de Colheitas, alguma vez vai acertar!.
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