MP arquiva queixa das Vestais

Gil Canha 

Na reunião plenária da Assembleia Legislativa da RAM de 4 de Janeiro de 2017, e aquando da discussão da proposta de Decreto Legislativo sobre o Regime jurídico de utilização de donativos em casos de acidentes graves e catástrofes, eu fiz uma intervenção onde critiquei a má utilização de dinheiros provenientes da solidariedade pública, tomando como exemplo a associação ASA, que teria desviado quase metade dos donativos que recebeu do 20 Fevereiro, para a sua administração interna. E no seguimento do discurso, referi que “o dinheiro que a Câmara recebe (…) o grosso vai é para o Diário de Notícias. O Diário de Notícias, neste momento, é que está a receber milhares de euros (…) para lançar o seu candidato Paulo Cafôfo”. 

O Presidente da Câmara, juntamente com o seu guarda-livros ficaram todos ressabiados (a verdade dói!) e foram para o DN cramar que o Gil Canha teria dito que a Câmara (a deles) estava muito ofendida porque eu teria dito que a Câmara (deles) desviava donativos para o seu boletim municipal de propaganda - o Diário de Notícias. 

 Ora eu nunca falei de donativos, o que eu falei foi de dinheiro…de pilim…de cacau…de massa…de carcanhol… que esta Câmara desvia dos seus cofres para alimentar a sua máquina de propaganda, nomeadamente o Diário de Notícias de Mr. Blandy e de Mr. Câmara, em vez de utilizar esse dinheiro para ajudar os mais desfavorecidos do concelho. Concluindo, a Câmara (deles) utilizou (e utiliza) avultados meios financeiros para a impressão de verdadeiros panegíricos impressos de glorificação autárquica e de autopromoção do sr. Cafôfo que fariam inveja a qualquer jornal da   Coreia do Norte.

Então, em nome da Câmara (deles) resolveram apresentar queixa de minha pessoa ao Ministério Público, dizendo que a Câmara (a nossa) estava muito ofendida com as minhas palavras, e que o fantasma do Morgado Francisco Câmara Leme, antigo dono dos Paços do Concelho, já nem conseguia exalar os seus odores afrodisíacos pelos sofás e canapés do edifício, tal a ofensa, o enxovalho e o ultraje do malvado do Canha. 

Só que no dia 17 de julho do corrente ano, o MP resolveu arquivar a queixa cafofiana, não só porque os magistrados tiveram dificuldades em aferir os sentimentos, os estados-de-alma e os achaques do fantasma autárquico como também relembraram que “os deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções”. 

Não conformadas com o arquivamento do MP, as nossas Virgens  Vestais do templo autárquico resolveram pedir a abertura de instrução, para que o malvado do Canha seja pronunciado pelos alegados factos que eles “entendem configurar a prática de ofensa a pessoa coletiva”. (Aqui não sabemos se são os fantasmas, ou se é a Câmara, nossa e deles, que estão ofendidos?!) 

Então, ontem, dia 23 de Novembro, o sr. Presidente da Assembleia Legislativa foi notificado pelo Tribunal da Comarca da Madeira – Juízo de Instrução criminal do Funchal, a solicitar autorização ao plenário, para que o malvado do sr. Deputado Canha seja presente no tribunal, na qualidade de arguido. 
Como o Deputado Gil Canha não cultiva a cobardia e o “acagaçamento” do sr. Paulo Cafofo em não prestar declarações aos representantes do povo por causa da sua maldita árvore, o Gil Canha vai pedir ao plenário que lhe levante a imunidade para poder comparecer em frente à Justiça. E embora não tenha grande confiança nela, confessa que não perderá esta oportunidade-de-ouro para se divertir um pouco, e até utilizar os seus préstimos (da justiça), para solicitar documentos camarários, concursos e outras minudencias, que só um arguido tem o privilégio legal de o fazer.