O Cangalhedo!

Gil Canha

A Câmara prepara-se para comemorar os 77 anos do Mercado dos Lavradores na Praça do Município. Deste modo, só esperamos que nas próximas comemorações do Arquivo Municipal, a Câmara não faça os festejos na praça do peixe, no bar do Teatro, ou mesmo na Guiné Equatorial. 

Mas até percebemos a ideia desta Câmara em recriar o Mercado em frente ao velho edifício da autarquia porque assim o Iglésias pode mostrar aos funchalenses a sua ideia de transformar o nosso Mercado num espaço de petiscos alentejanos, de canecos, de lojas de quinquilharias e de artefactos sado-masoquistas. 

Quem visita o Mercado dos Lavradores fica assustado com os espaços vazios, as bancadas abandonadas, os penduricalhos, o pó e as floristas instaladas no meio de cangalhadas desconjuntadas. E estando o mercado a perder à “velocidade da luz” os vendedores de frutas e legumes, tão característicos daquele espaço, a autarquia, em vez de criar condições para fixar esses vendedores, afugenta-os! E, não contente com esta desertificação e abandono deliberado, ainda tem a excelente ideia de autorizar bancadas de venda de frutas no exterior, logo ali, no início da Rua Fernão Ornelas.

Isto é um pouco parecido com a tão apregoada “reabilitação” do comércio do Funchal. A Câmara licenciou umas lanchonetes motorizadas (a fingir que são móveis) de venda de sandes, cafés e  bolos na Av. do Mar, como a dizer: - senhores turistas dos cruzeiros! ATENÇÃO! Não vale a pena visitar o interior da cidade e seus pitorescos recantos, porque os bares e cafés do nosso casco histórico são explorados por uns príncipes árabes cheios de dinheiro e que não estão nada interessados em receber mais clientes. Consumam aqui as suas sandes e bolos, vão até ao Monte no teleférico e, na vinda, tomam aqui os seus refrescos e cafés, e desapareçam para os barcos, porque o Funchal é uma cidade decrépita, cheia de matilhas de cães ferozes!

E, “last but not least”, ficamos a saber que a Câmara adjudicou o Café do Teatro por 15 anos, o que achamos muito pouco, tendo em conta que o verdadeiro dono do estabelecimento foi uma espécie de mealheiro para a campanha eleitoralista cafofiana. Seria mais justo adjudicar por 600 anos; assim, não só ultrapassavam pela direita e pela a esquerda as famosas  adjudicações jardinistas, como também garantiam a toda a Humanidade que, enquanto os homo sapiens andassem a colonizar outras galáxias e outros planetas, o patrono do sr. Cafofo continuaria na Terra, a vender cafés e cerveja! 

Gil  Ressabiado Canha