PSD Machico sem rei nem roque - parte II

João Pão

Estava eu a folhear o excelentemente renovado Jornal da Madeira, parabéns ao pessoal dirigente e colaboradores, quando fui brindado com um artigo intitulado “QUANDO O HORIZONTE TERMINA NO PRÓPRIO UMBIGO” segundo um amigo, da autoria de uma conterrânea, Sílvia Ornelas, o qual entre várias pérolas nos delicia com “A elevada autoestima é uma virtude, mas quando vem em doses reforçadas leva ao exagero da veneração por si próprio. Há quem por aí ande com a plena convicção de que foi o resultado de uma inspiração divina, um exemplo de perfeição física e intelectual”. 

Ao ler estas palavras, fui invadido pelas minhas memórias relativas à excelente e imaculada campanha delineada pelo coordenador concelhio do PSD Machico, inspirado e encorajado pelo seu amigo escocês. Com efeito a sua autoestima teve doses bem reforçadas reveladas pela estratégia perfeita, qual jogador de xadrez, onde só ele e os seus famosos discípulos eram suficientes para enfrentar e derrotar os socialistas. De facto, o estratagema por si montado para ganhar os órgãos autárquicos em Machico foram um exemplo de perfeição, a perfeição intelectual da derrota, diria mesmo digna de um manual de como perder eleições, obviamente patrocinado por alguma empresa do seu amigo do país da gaita de foles.

Ao continuar a ler o artigo citado nova pérola surge “Ninguém sabe tudo, ninguém é dono da verdade absoluta e muitas vezes é mais fácil sacudir a água do capote e disparar em todas as direções”. Palavras santas, o cego é aquele que não quer ver! Cara senhora, quem mais tem sacudido a água do capote e justifica a derrota estrondosa do que o seu amigo coordenador político? Como muito bem afirma “Há sempre quem queira mais e mais, quem não tenha limites para o ego e cuja ambição é tão grande que a impaciência toma lugar à razão e aí não importa que a máscara caía, mais importante é mesmo chegar àquele objetivo tão sonhado e desejado”. Melhor descrição é impossível para ilustrar o desespero para continuar a manter o tacho deputado. Deputado deveria ser um representante do povo que o elegeu e, dessa forma defender os seus interesses. O que realmente importa são os seus benefícios, como tantas vezes tem afirmado publicamente, em estados lastimáveis ao lado do seu amigo escocês, o resto é secundário, o povo que vá às urtigas.

Como simpatizante deste partido custa-me a entender como é possível, tudo ficar na mesma. Como é possível continuarem estes senhores que foram esmagados e rejeitados pelo povo a quererem mandar e definir a estratégia política futura do partido, com reuniões e encontros numa sede outrora fantasma que de repente está de serviço permanente? Como é possível que o PSD Machico, um partido do povo tenha sido delapidado e esteja entregue a um bando de incompetentes e irresponsáveis? Como é possível este bando continuar a comandar em total divórcio com os militantes e simpatizantes? Nunca assisti a tamanho afastamento e desmotivação das bases em relação aos seus órgãos locais. A humildade deu lugar à arrogância, à prepotência. O trabalho e a defesa do concelho cederam aos interesses e às vaidades pessoais. E sinceramente espero que, parafraseando as doutas palavras da minha conterrânea Sílvia Ornelas, “Mais cedo ou mais tarde, o pano cai, os olhos voltam a enxergar e aí já ninguém vai ter medo de gritar bem alto: “O Rei vai nu”. E desta forma surja a esperança de que novos ventos soprem e tragam a tão aguardada e desejada mudança.