Câmara hesita mas tenta safar-se

Embargo parcial ao Savoy

Parte II

O embargo táctico, parcial no espaço e no tempo, incidiu no lado da Imperatriz D. Amélia. Pois no lado do Infante, como nos vasos comunicantes, recrudesceu ontem o espavento de obras, camiões, poeiras e ruídos. Até a Rua do Favila foi fechada ao trânsito para facilitar a vida de suas excelências e a do Largo António Nobre está muito condicionada.

No episódio anterior da novela Savoy, que publicámos quarta-feira passada sob o título noticioso que acima reproduzimos, tínhamos ficado no desespero da Câmara do Funchal por causa da falta da assinatura de Domingos Rodrigues que era preciso carimbar no embargo parcial ao simpático mostrengo de betão. 

Agora, como certamente os Leitores souberam ontem à tarde, o embargo já foi 'decretado' mesmo. Pergunta-se: e como conseguiram a tão ambicionada rubrica de Domingos? Resposta: não conseguiram. O ainda vereador não se quis meter na fossada do Savoy e desapareceu para um passeio ali mesmo à China - e agora é o encontras o prof. Domingos!

Como só não há remédio para a morte, eles nan vereação desenrascaram-se e, ao que nos dizem, foi o próprio Cafôfo a pôr lá o nomezinho na ordem de embargo, porque só o Mayor se pode substituir a um vereador para esse efeito. A menos que se tenha refugiado na figura da 'deliberação', colegial... 
Pronto: se o MP, cedendo às pressões do Dr. Prada e de outros chagas que não largam as ilegalidades de Zé Avelino - se o MP aparecer lá em cima na Imperatriz D. Amélia, a parte das obras não conformes com o projecto aprovado estão paradas, não há espiga.

Assim, Cafôfo não será acusado civil e/ou criminalmente na trama inofensiva urdida com Zé Avelino.  

O problema - como dissemos na tal peça de quarta-feira anunciando o embargo parcial que a Câmara veio anunciar ontem, sexta - era a falta do necessário parecer da Secretaria do Turismo sobre a parte do projecto que está a fugir à polícia, como se costuma dizer. Podia dar chatice. Aquilo anda na obscuridade desde Março! A solução foi um cozinhado com Avelino: a gente embarga a excrescência daquele lado da Imperattiz por uns dias, vocês aceleram as obras no resto do monstrinho, para adiantar serviço - como se viu já ontem -, entretanto gaguejam uma justificação burocrática para os 5 meses de ilegalidade, que a gente na câmara aceita logo, e depois de vir o parecer favorável do Eduardo Jesus vai-se todos a uma almoçarada no 'Madeirense', à porta fechada, e levanta-se a chatice do embargo. 

Deste modo, a gente pode outra vez falar de alto sobre o volume de negócios que o Savoy trará à nossa economia e dos postos de trabalho que aí vêm na hotelaria (evidentemente sem necessidade de dizer que serão postos precários e pagos a pataco, como está em moda).

Entalada em várias frentes, a Câmara lá vai arranjando artes para se safar. Não sabemos se, no caso do Monte, a D. Câmara conseguiu fazer naqueles dois dias de peritagem particular as análises suficientes para apuramento da 'verdade municipal' sobre a queda do carvalho. Tardia mas inesperadamente, o MP mandou vedar a zona fatal e se os homens de mão do inspector Cafôfo não fizeram o trabalhinho com rapidez, agora não podem lá entrar. E não só pelo MP. Parece que o PSD pôs lá em cima equipas em permanência para registar em vídeo todo e qualquer elemento afecto à vereação que tente entrar no perímetro vedado no Largo da Fonte e socalco sobranceiro. É abjecto e pidesco, sem dúvida, típico do já velho laranjal, mas convém ter cuidado com esse controlo adicional. Enfim, ódio com ódio se paga. Os rapazes da brigada cafofista também não são flores que se cheirem e operaram um truque de mestre: além de fazerem desaparecer vidas, provas criminais, qualidade quotidiana dos munícipes, parqueamento de automóveis na cidade e tranches salariais, os rapazes deram cabo do edital sobre o arraial do Monte que estava quieto no site da Câmara. Malandrice!