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terça-feira, 22 de agosto de 2017


SANTA BÁRBARA E OS TROVÕES


Gaudêncio Figueira


Na minha juventude era frequente ouvir-se: só se lembram de Santa Bárbara quando há trovoada. As trovoadas, quando acompanhadas por toneladas de água e raios, que fazem da noite dia, proporcionam algo que, sendo horrivelmente belo, atemoriza. O ribombar do trovão pode ser potenciado em situações de guerra. Vivi isso, na noite de 15/07/1968, em que perdi um amigo – o Juvenal Ávila Araújo.

Há riscos Naturais devastadores, como aquele que vivemos há pouco no Largo da Fonte, em dia de fortíssimo significado Católico. A 1 de Novembro – dia de Todos-os-Santos – de 1755, tivemos 10 mil mortos na orla costeira de Lisboa ao Algarve. Foram tantos quantos os ocorridos, nos treze anos de guerra colonial. O Marquês de Pombal perante o inevitável: e agora?!, consta que terá respondido: “enterram-se os mortos e cuidam-se dos vivos”. A morte é uma certeza para todos nós, cada um a encarará de acordo com os seus princípios religiosos e éticos. Respeitem os mortos e seus familiares, não empolem as emoções com retórica oca que, habilmente, ignorando os factos, visa exclusivamente objectivos eleitorais!

Há 262 anos, o Poder da Natureza, de uma só vez, arrebatou 10.000 vidas. Em treze anos de guerra colonial, perdemos o mesmo número de Cidadãos Aí morríamos por riscos imputáveis a humanos. Mas não assumíamos a distinção entre os Riscos Naturais e as tramóias que quem manda engendra para que, refugiando-se na Natureza, esconda as irresponsabilidades político-administrativas.

A retórica demagógica, permitindo urbanizações encosta acima, rendeu votos em catadupa ao Poder, entre 1978 e 2010. Nessa altura ninguém distinguia o Poder Local – Autarquias – do sufocante Poder Regional, detentor da chave do cofre, abrindo-o para a clientela, fechando-o para a oposição. O Funchal, pelo elevado número de votantes, foi beneficiado. A aluvião de 20 de Fevº, imune à demagogia eleitoral, fez-se sentir e, pela última vez, o Poder pôde esconder-se por detrás das Forças da Natureza, acusando de profetas da desgraça, quem alertara para incúria político-administrativa. Um exemplo, com pessoas reais, ajuda à compreensão.

Um casal, separado por um ribeiro da moradia com o nº 193 à Estª dos Marmeleiros, viu um espaço que lhe servia de horta destruído pela aluvião de 2010 ajudada pela incúria daquele  vizinho. A referida moradia foi transaccionada e, contra todas as expectativas, o novo proprietário com mais vigor, fez do ribeiro lixeira. A 14/02/2017 a Srª D. Maria Alzira G. S. Marques foi informada de que a sua reclamação registada sob o número 6132 junto da CMF, fora enviada pelo Sr. Vereador do Urbanismo, para a Dir. Reg. de Planeamento, Recursos e Gestão de Obras Públicas. Em Abril a queixosa também denunciou àquela Dir Reg que o Sr Carlos Jardim ocupara a linha de água e colocara uma vedação no ribeiro fronteiro à moradia 193 na Estª. dos Marmeleiros. Em Maio recebeu um ofício da Dir. Reg do Eq. Social e Conservação donde retirei:” 3 – Além disso adverte-se que, nos termos do disposto na alínea e) do ponto 2 e, da alínea f) do ponto 3 do artigo 81 do decreto-lei nº 226-A/2007 de 31 de Maio, a ocupação de um linha de água com prejuízo de conservação constitui contra-ordenação grave, sendo que lançar ou depositar em ambiente hídrico qualquer substância ou produto sólido, liquido ou gasoso potencialmente poluente constitui contra-ordenação ambiental muito grave, pelo que iremos solicitar o apoio dos serviços da CMF na identificação do presumível infractor, para efeitos de notificação dos trabalhos de reposição das condições normais de escoamento fluvial que o mesmo seja obrigado a realizar, por razões de segurança de pessoas e bens”.

As fotos abaixo, disponibilizadas pela queixosa, elucidam sobre o estado do ribeiro.




A um mês do fim do Verão, a CMF pouco ou nada informa sobre o andamento do processo. Este casal, como todos nós, gosta de viver. Tem lutado pela sua segurança até onde lhe é possível. Não sei se são Cristãos, Católicos ou não, ou professam qualquer outro credo. Dispensa o casal, aliás todos nós, as máscaras pesarosas de quem manda, quando participam em funerais, e outros actos públicos, em que se homenageiam os mortos. A segurança de pessoas e bens está muito para além da conquista de votos, a única coisa que faz mover os partidos. Vá lá, coloquem as pessoas primeiro. Assim parecem-se com o Maduro, uma vez chegados ao Poder, esquecem os interesses de quem vota e, tratam-nos a chicote.

15 comentários:

Eu, o Santo disse...

É preciso a Câmara Municipal do Funchal para identificar?
A Direção de serviços de hidráulica fluvial tem funcionários que poderiam tentar identificar o proprietário... Pelo menos antes tinham. Agora não sei.

Muitas vezes as entidades públicas não querem ser os "maus da fita" pelo que remetem os processos/responsabilidades/competências para outras entidades. É o o"jogo do empurra".

Anónimo disse...

Afinal o drº Gaudêncio voltou aos velhos tempos! Assim sim! Toca a dar vergastada na incúria e negligência da CMF e dos matarruanos e brogessos que não respeitam a natureza!

Anónimo disse...

Atendendo à coincidência do nome do Sr. Carlos Jardim citado no texto, será que se trata da mesma pessoa que está à frente da empresa Municipal Frente Mar?
Caso se verifique essa coincidência é ainda mais grave o desrespeito pelo ambiente.

Anónimo disse...

Mais 40 anos de PSD e a ilha desaparece!! Fazem tudo para perpectuarem no poder, o que dizer da vossa candidata Rubina Leal, que alterou todos os cartazes para deitar poeira para os olhos do povo, afinal o dente ralo permanece na dita figura!! Especialistas em ocultarem mortos, afinal quantos morreram no 20 de fevereiro de 2010?? Foram muitos mais do que os oficiais e o que prometeram aos familiares?? Um regime politico perigoso que esconde a realidade dos factos, criminosos tipo Hitler, afinal quantos morrerem diariamente nos hospitais?? Quantos dizimaram durante 40 anos de obscurantismo?? ASSASSINOS!!

Funchal Mais Futuro disse...

Fazem e publicam estudos de riscos hidrogeomorfológicos por um organismo dependente da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e casos destes continuam na ordem do dia.
Ao Sr. proprietário e morador no nº 193 na Estrada dos Marmeleiros convirá ler e reler a legislação presente na Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro.
Está a criar um risco desrazoável, desnecessário, um perigo para a integridade dos moradores mais próximos que nada têm a ver com a sua irresponsabilidade mas também para a qualidade do ambiente.
Se o responsável por estas descargas de inertes no leito e margem do troço de ribeiro, pertence à Frente Mar, então ainda mais grave.
Ocupa um cargo numa empresa de intervenção pública mas ignora a lei da água.
Esta área de ribeiro é potencialmente inundável, poderá ser ameaçada por cheias pelo declive dos terrenos a montante e que ninguém esteja à espera de um outro 20 de Fevereiro para corrigir esta situação.
As autoridades competentes não devem pactuar com estas ocorrências ou “assobiar para o ar” como muitas vezes fazem, à espera que os problemas se resolvam por si, sob pena de mais tarde virem a lamentar perdas mais pesadas.
Esperemos que não, esperemos que abram os olhos a tempo!

PM disse...

Esta propriedade é dos meus pais e já foi inundada pelas cheias de 20 de Fevereiro porque o Sr. Carlos Jardim achou que ser vizinho era ter o direito de colocar entulho onde deviam passar as águas de um ribeiro.
A água invadiu e destruiu o que não devia por não ter escoamento naquele sítio.
É o mesmo Carlos Jardim da Frente Mar que parece não saber o que é gerir responsabilidade pública, visto que isto é um atentado à segurança e ao ambiente.
Como não limpou por vontade própria, tem de ser obrigado (vergonha, Sr. Carlos Jardim!).
O processo foi enviado para a CMF mas parece que estão a “dormir sobre o assunto” porque já se passaram vários meses e ninguém fez nada.
Sr. Cafofo & Companhia devem andar mais ocupados na caça de votos do que a resolver problemas.
Como é que querem que as pessoas votem neles se depois só aparecem quando é para lamentar as desgraças?
Enquanto os meus pais já idosos esperam e anseiam por uma solução que lhes possa salvar os bens, estes senhores pensam que podem tudo só porque ocupam cargos públicos, passeiam-se e andam em festejos em branda impunidade.
Alguém tem de agir e fazer com que este irresponsável cumpra as leis que lhe dizem que não pode fazer o que fez e que nada lhe dá o direito de “atropelar” direitos dos outros.

Anónimo disse...

Falou muito bem esta filha.
PPD e PS querem, caso as coisas se compliquem com a chuva, mais um tema divagarem sobre as suas responsabilidades com acontece com o Carvalho do Monte? Não chega um querem dois casos?
Mandem limpar o ribeiro a quem deve fazê-lo, ou, em alternativa, mandem limpar e apresentem a conta ao energúmeno. As eventuais vítimas gostam de estar vivas. Dispensam, de boa vontade, os eleitos de, compungidos, participarem em acto religioso evocando a morte.
A estes sôfregos por votos vale tudo para fugirem às responsabilidades.

Anónimo disse...

Gosto muito do parecer da Dir Reg. do Equipamento social. O texto não fala em data do parecer, mas deve já ter algum tempo. Era interessante saber-se se vão pedir, até ao inicio das chuvas, que a CMF cumpra a lei. Lembram-se quando o anterior Pres. do GR expropriou ruas e praças à referida CMF? Este GR também pode chamar a si a solução do problema.
A chatice é que, GR e CMF, não dançam nem saem da pista!

Anónimo disse...

A satisfação sentida pelos munícipes, quando correram o PPD/PSD da CMF foi grande!
Mas não é que deram poder ao Sr. Carlos Jardim. O homem impõe-se à bruta, abusa do poder. Não respeita a lei. Lei, para ele, certamente é impor a sua vontade os munícipes que têm submeter-se-lhe.
É um comportamento a fazer lembrar o tristemente célebre pistoleiro da Ponta do Sol. Será que este também vai ameaçar os vizinhos com arma de fogo?

Anónimo disse...

Agora sim, isto explica muita coisa.
Se faz isto nas traseiras do quintal começo a perceber porque é que no Funchal se vê tanta balbúrdia...
Vivendo e aprendendo.

Anónimo disse...

Ja vi torres mais altas que o Carlos Jardim e cairam tao depressa que nem se apercebem, eu ja disse que este Sr Carlos mais Bruno e Sérgio e a vereação Cafofo e tudo farinha do mesmo saco.O último a rir ri melhor

Anónimo disse...

Ha pessoas que ao estar num poleiro tacho FRENTE MAR julgam -se poderosos acima da lei e que com os conhecimentos que tem na vereação da Cmf pensa que pode fazer tudo atropelando os outros para alimentar a sua ganância está errado.Ja vi torres mais altas cairem

Anónimo disse...

E ainda queria ser presidente da junta de freguesia do monte bonito trabalho que ia fazer a favor dele

Anónimo disse...

Como são todos farinha do mesmo saco aqui esta o exemplo da educação que tiveram ou seja destruir o bem estar dos outros porque eu posso porque tenho um tacho de diretor e tenho amigos influentes.Da-me vômitos esta gente que se julga melhor do que os outros

Anónimo disse...

Estas pessoas nao respeitam nada nem ninguém e bando de abutres que temos na gestão do funchal