Inspectores Patilhas e Ventoinha, e ainda o impagável Buraquinho, alternam as investigações

Imagens desta manhã, no Monte. Depois do MP, a CMF tem direito a mais uns dias para brincar aos polícias e ladrões.

O drone da PJ é capaz 

de alumiar o mistério

Nos últimos dias, parece que a táctica das agências de propaganda e aconselhamento ao serviço da Câmara é manter Paulo Cafôfo a léguas do tema tragédia do Monte. Nada de misturas. Defesa da imagem pepsodent. Plátanos? Carvalho? 13 mortes? 50 feridos? Cafôfo demarcou-se dessas chatices. Não tem nada a ver com o assunto. Nem sequer Idalina Perestrelo, vereadora do Ambiente, aparece a falar do assunto. Para não dar mais 'barraca'. Quem tem aparecido a falar de botânica, de raízes quadradas, cúbicas e podres é o homem do pelouro das finanças, até porque a vida, bem vistas as coisas, passa toda pelo vil metal.

Pelas intervenções ouvidas aos assalariados cafofistas, pagos com os nossos impostos, há uma razão bastante para não se pedir responsabilidades ao Mayor pelo abandono das árvores do Monte: também no tempo de Zarco a Madeira esteve 7 anos a arder. Mais: o governo regional de Jardim e as vereações de Miguel Albuquerque também se fartaram de asneirar no 20 de Fevereiro e nos vários incêndios.

Comecemos por aqui mesmo: claro que o PPD (governo e vereação) meteu essa água e muita mais. Foram décadas de incompetência! Mas por isso mesmo é que, no caso da Câmara, e enquanto não se chega ao governo de 2019, o eleitorado correu há 4 anos com os sanguessugas insaciáveis do PSD. O povo chumbou a laranja podre precisamente para deixar lugar aberto a outros que higienizassem o ambiente putrefacto da capital. 

O problema é que se a primeira parte do problema - rua com o PSD! - foi cabalmente cumprida, a segunda veio a resultar numa emenda pior do que o soneto. Os fulanos da Mudança-2013, em vez de resolverem os problemas do Funchal, tornaram-se modelos de passerelle, pioraram as situações todos os dias e, quando chamados a contas, alto lá que os anteriores também fizeram mal. Ora bolas! Que o PSD rebentou com isto, sabemos nós de cor e salteado. Não elegemos a nova vaga para que os cafofos nos lembrem o que recordamos tão bem. E não se trata de querer voltar ao passado. A realidade é que não queremos o passado mas também não queremos este presente. Juntem-se ambos e pisguem-se para Argel.

Cafôfo se calhar faz bem em se esconder. Já se viu que, apesar do pepsodent, fica cada vez mais comprometido nas fotografias, sempre que toca a plátano ou carvalho - e também no resto. Não consegue disfarçar o seu estilo de arrumador de motas e de almocreve-das-petas, com as suas lazaretadas e savoyadas que já não enganam ninguém.

Problema maior ainda: deixar voltar o PPD é ideia que rebenta com a cabeça do munícipe mais desleixado com a vida pública. Como se costuma dizer, escolher um entre Cafôfo / Desconfiança e Rubina / Establishment é fugir do lume e cair nas brasas.

Tal é o drama dos funchalenses para o dia 1 de Outubro. Assim como será para os porto-santenses, ribeirabravenses, santacruzenses e ponta-solenses, onde cada candidato, sem excepção, é pior do que os outros todos juntos.

O Monte. 

Foge, Cafôfo!

Vem aí o Monte.

À margem da tragédia que ceifou tantas vidas, ficará para a história a balda municipal perante os pré-avisos sobre o estado lastimoso dos plátanos, que aconselhavam uma monitorização geral, minuciosa e permanente de lés-a-lés na 'Sintra Madeirense'. 

O 'dia seguinte', então, entrará de pleno direito nos anais da mui nobre cidade do Funchal e nos calhamaços da Justiça cega, muda e imbecil que temos.

Há 13 mortes no dia 15 devido à queda de uma árvore, capaz de configurar crime de homicídio por negligência. O MP não põe os pedúnculos no local, nem sequer o manda vedar, como vemos nos policiais desde que nos entendemos. Com as culpas a pairar sobre a cabeça, os gangsters próximos de Cafôfo enviam no dia seguinte, logo de manhã, peritos para investigar. 

Uma câmara a investigar matéria de âmbito criminal... na qual pode vir a ser envolvida sob acusação de homicídio por negligência!

(Para os Leitores de outras partes do Globo, este caso foi passado na Madeira, não na República do Interior Magrebino)

Por sua vez, o MP não mandou parar os peritos da CMF. Uns dias depois, até disse em público - incentivando presumíveis homicidas - achar bem as diligências unilaterais da Câmara! Mas às tantas parece ter concluído que já chegava de regabofe. Que então seria o MP a investigar. Uma espécie de guerra de competências como acontecia com o inspector Patilhas e o inspector Ventoinha, dos Parodiantes de Lisboa. 
Pérola das pérolas, aparece agora o representante Ireneu a dizer que, se não fosse ter o telemóvel à mão, pormenor que lhe permitiu dar um toque a quem de direito, o MP a esta hora ainda dormia! Que espectáculo, cavalheiros!

O MP mandou então a PJ trabalhar no terreno. Mas a PJ disse, para pasmo da gente, que não tinha competências na matéria. Se não o disse, ouviu as televisões referirem essa aberração e deixou correr. Enfim, o MP chegou ao local. E a PJ também. No Largo da Fonte, pululavam aprendizes de investigação, a fazer lembrar o Buraquinho que coadjuvava Patilhas e Ventoinha na desmontagem de casos intrincados da Baixa da Banheira.

A rábula do Monte continuou, com o povo a deixar para trás das costas a tragédia e a sorrir com o jeito dos circunspectos quadros da investigação - uns nabos que não teriam lugar na Secção de Justiça que eu, sem ser da área de Direito, chefiei mais de um ano no '19'. 

Sexta-feira passada, estiveram lá pr'a cima uns investigadores da Judite, a tirar notas através de um drone. O drone evoluiu sobre o arvoredo, baixou, progrediu na horizontal, guinou para um lado, obliquou para outro, subiu em flecha, se calhar fez algum looping entre a copa dos plátanos, evitando os carvalhos. E o resultado - garantido a este blogue por elementos com a paciência para acompanhar a cegada - é que o carvalho só caiu porque chicoteado pelo cabo de aço quando o plátano central da história desprendeu um pesado galho. Será que esta será a versão final?

Lá a ver, Cafôfo.

Pelo sim pelo não, a Câmara voltou lá acima em força. Trabalhos em frenesim já hoje. Tudo a correr. Um puzzle de ramos e galhos no chão do Largo da Fonte. Esta peça talvez encaixe aqui, esta acolá. Um guindaste da 'Norte Gruas' (na primeira ronda de investigações foi um da própria câmara) em operações nas alturas, com transporte de peças vegetais para cá e para lá. Várias viaturas do município a rondar. Mais de 20 técnicos e ajudantes - serralheiros, engenheiros, jardineiros, uns com direito a colete, outros não. Estão todos naquele carnaval, ao alto da cidade.

Falta de meios não há. Até os jardineiros e os cantoneiros foram obrigados a retirar as suas ferramentas de baixo do coreto para deixar o espaço livre aos grandes peritos da câmara, entre os quais um que diz 'pá' tipo Bairro Alto e outro com pronúncia espanhola. 

Tudo bem planeado. 

Ainda há bocado, descavaram um poste de luz e tiraram-no dali, com candeeiro e tudo. Até um banco desapareceu do local.

Era bom terem cuidado e não se esquecerem do galho e de toda a ramagem que levaram dali no primeiro dia de peritagem, a 16 de Agosto. Deve ter muito interesse para Cafôfo, não o deitem ao porco.

Já agora, uma pergunta: os resultados das autópsias indiciaram ferimentos com um cabo de aço?

Idalina Silva, presidente da junta do Monte, é outro caso misterioso. Depois das denúncias minutos depois da queda do galho e das mortes, nunca mais se aventurou a dizer uma vez batatas. Está habituada a jogos políticos, já que sempre precisou deles para viabilizar os orçamentos da junta. Mas as certezas de primeira hora, logo a 15 de Agosto, caíram pelo miradouro das Babosas abaixo. E é recandidata!

A oposição municipal, outra desgraça. Aqueles tipos foram eleitos para quê?! Uns estão vendidos ao situacionismo cafofiano, trocando a rebeldia de outrora por um prato de lentilhas. Outros não gostam de se meter em política. Vêem o MP investigar o Monte às segundas, quartas e sextas, intercalando com o inspector Cafôfo, que investiga às terças, quintas e sábados, e para eles é igual ao litro. Nem a mais leve crítica!

Uma pergunta muito objectiva: MP, câmara, PJ, oposição, quando é que acabam com a palhaçada? Ainda não estão satisfeitos com os danos que já causaram às vossas próprias instituições?

Da nossa parte, é diferente. Morreram 13 pessoas. E o papel de Zé Povo não é lutar pelo tachinho no carreirismo político. Podem contar aqui com um Monte de ossos duros de roer.

O puzzle com ramos no chão do Monte é demasiado complexo para regedores descerebrados. (fotos de hoje)