Lógica Saloia
Luís Calisto
De que estamos à espera para
mandar
o colonialista Gonçalves Zarco abaixo?
Pelas Lisboas andam numa briga por causa do jardim na Praça do Império.
Páginas e páginas de jornal;
horas de televisão e de rádio; debates entre bancadas municipais.
Valerá a pena uma guerra civil
por causa de meia dúzia de plantas mal regadas, por mais profundo e sugestivo
que seja o seu simbolismo?
Parece que sim.
Os brasões floridos
representando as antigas colónias ultramarinas portuguesas vêm desde há muito a
mexer com os nervos do já antigo vereador alfacinha José Sá Fernandes. O homem tentou
várias vezes apanhar Zé Povo distraído e varrer dali aqueles símbolos
colonialistas, colocando outra coisa qualquer no seu lugar, bem à frente dos
Jerónimos, se calhar uma tenda de vacinação, uma pista de skate ou uma
esplanada com imperial e conquilhas ao natural.
A populaça aproveitaria para
desfrutar de uns entardeceres de bonito pôr-do-sol à beira Tejo, lá para depois
da pandemia.
Nos últimos tempos, com o
papagaio também anti-colonialista Medina em alcaide na capital, toca
de apertar mais com o projecto para a Praça do Império.
Vá de varrer os famigerados
brasões que só fazem lembrar os navegadores a trocar espelhos, pulseiras e cordões de
pechisbeque por ouro e diamantes com os ingénuos nativos do antigamente, para
não falar da escravatura e da imposição de culturas europeias em África e nas
Américas.
Toda esta saga lisboeta enquadrada nas
ideias em voga para mandar abaixo os padrões que há por esse mundo a lembrar a
época das Descobertas, bem como dinamitar estrondosamente as estátuas dos
Colombos, Pedros Álvares Cabral, Fernões de Magalhães e Vascos da Gama.
Um movimento
neo-anti-colonialista com razão de ser e carradas de legitimidade.
É pegar nos calhamaços da ONU e
verificar se os figurões daqueles séculos de rapinagem além-mar cumpriram
minimamente os princípios civilizacionais que o Guterres prega aos peixes
(quando precisa de mostrar serviço).
Neste contexto
pandémico-libertador, sugiro ao povo ilhéu que pegue no camartelo e venha por
aí abaixo para juntos deitarmos a estátua do Gonçalvez Zarco abaixo, enquanto
em Machico se faz o mesmo com a do Tristão. Vai tudo a eito.
Entretanto, a malta das escolas
aproveita para se livrar dos afectados tratados épicos que cantaram a dilatação
da fé e do império mas hoje em dia estão fora de prazo.
Uma fogueira que ponha a arder
os 10 cânticos de Camões, as tretas do Gaspar Frutuoso e uns versos mal paridos
do Pessoa até regalaria a vista. Um desanuviamento intelectual nas livrarias e
nos programas escolares feitos por botas-de-elástico que também já deram o que
tinham a dar.
Podem alegar que a Madeira e o
Porto Santo não eram habitados e portanto, não havendo colonização sobre
ninguém, porque as cabras e os francelhos não contam, perdemos qualquer
direito a mandar estátuas abaixo.
Não havia habitantes na Tabanca
em 1418?
Certamente que o Zarco, o
Bartolomeu e o Tristão não foram recebidos no calhau (futuro S. Lázaro) por um
pelotão de jornalistas, mas também não se poderá garantir a cem por cento que
não havia ninguém aqui antes dos 7 anos de arvoredo a arder.
Não se esqueçam de que a Lenda
de Machim continua mal explicada e que a Madeira aparece em mapas de navegação
elaborados praticamente no tempo de Cristo.
Quanto aos senhores que vieram
armados em inventores da pólvora, para ganharem direito a capitanias na
Tabanca, bem sabemos do massacre que fizeram aos lobos marinhos encurralados na
baía de Câmara de Lobos.
Os senhores do ambiente da
actualidade escondem o facto histórico, mas nem por isso deixou de
acontecer a matança dos inofensivos lobos marinhos que só festejavam a
chegada dos marujos.
Com razão ou sem ela, quebremos
à cacetada os ídolos do mar e queimemos as histórias da carochinha que os
endeusam.
Porquê?
É moda e não há mais conversa.
Lá na capital do reino,
derramem distraidamente uns litros de creolina e de ácido sulfúrico nos brasões
floridos do tal jardim. Uma semana depois ninguém se lembra do assunto - é
sempre assim.
Não peço que também façam
explodir bombas no Padrão dos Descobrimentos, na Torre de Belém e no Mosteiro
dos Jerónimos.
Só gostava que, por uma questão
de coerência, mexessem na toponímia do sítio. Ao invés de 'Praça do Império',
metam lá 'Praça do Saloio'.
PS 1 - Caso este artigalho
indigne a novel vaga de intelectuais, avisem-me, que escrevo outro a dizer o
contrário.
PS 2 - Quanto a derrubarmos a estátua do Gonçalves Zarco, deixem o Costa mandar primeiro os milhões da Bazuca europeia.
9 comentários:
Calisto,
Às tantas o próprio tiro da bazuca manda o Gonçalves Zarco ao chão.
E essa sua ideia de chamar a populaça para vir de camartelo não está com nada. Para isso é preciso fazer um ajuste directo à AFA do Avelino. Respeitinho lá com isso.
não de ideias ao bloco de esquerda
Não é preciso ir para a Praça do Império, para encontrar na Mamadeira o maior índice de saloios por metro quadrado da europa. Que eu costumo de apelidar de vilões da cidade e vilões do campo. Basta ver o que estes matarruanos estão a fazer às nossas belas paisagens e ribeiras. Só mesmo de canelo nas arcas!
Folgo em vê-lo de volta e em grande, Caro Luís Calisto ! Nos tempos que correm, de facto, que melhor arma do que a ironia, com pitadas de sarcasmo ! Muita saúde e ao jeito de Vinicius, apesar de hoje não ser sábado (ou melhor, no fundo é como o Natal, é quando um homem quiser), aquele abraço !
12.11
Caro comentador, como aludi a obras, tomei como implícita a questão da atribuição do ajuste directo. Não falei do meu Amigo Avelino para não ser pleonástico.
Em todo o caso, obrigado pela observação.
Caro Dr. Francisco Santos
Viva! Obrigado pelas suas imerecidas referências, para mais tratando-se de um tema de que o meu Amigo percebe muitíssimo mais do que eu. É mesmo: só com ironia e sarcasmo resistiremos a certa intelectualidade nacional. Aquela mesma que antes do 25 de Abril condenava os 3 Efes, para depois da Revolução se agarrar despudoradamente a eles (Fado, Futebol e Fátima) quando viu chegada a sua vez de tirar partido do 'ópio do povo'.
Grande abraço
LCalisto
Calisto, foi apenas uma observação para esclarecer que ali, povo de camartelo só se trabalhar para o amigo Avelino.
Convém o Calisto atremar com as regras!
😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳posso enviar uns camaradas daqui do Brasil? Ficaria perfeito neste quadro. Vixe, seu menino...o povo brasileiro ia agradecer o livramento.
manuela deves perceber tanto de historia como eu percebo de foguetes
o povo brasileiro iria agradecer o derrube da estatua porque ?
na escola que aprendi João Gonçalves Zarco descobriu a Madeira e pelo que sei não andou pelo Brasil
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