Powered By Blogger

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021


            Lógica Saloia           



Luís Calisto                                                                                            



De que estamos à espera para mandar 

o colonialista Gonçalves Zarco abaixo?







Pelas Lisboas andam numa briga por causa do jardim na Praça do Império. 

Páginas e páginas de jornal; horas de televisão e de rádio; debates entre bancadas municipais. 

Valerá a pena uma guerra civil por causa de meia dúzia de plantas mal regadas, por mais profundo e sugestivo que seja o seu simbolismo?

Parece que sim.

Os brasões floridos representando as antigas colónias ultramarinas portuguesas vêm desde há muito a mexer com os nervos do já antigo vereador alfacinha José Sá Fernandes. O homem tentou várias vezes apanhar Zé Povo distraído e varrer dali aqueles símbolos colonialistas, colocando outra coisa qualquer no seu lugar, bem à frente dos Jerónimos, se calhar uma tenda de vacinação, uma pista de skate ou uma esplanada com imperial e conquilhas ao natural. 

A populaça aproveitaria para desfrutar de uns entardeceres de bonito pôr-do-sol à beira Tejo, lá para depois da pandemia.

Nos últimos tempos, com o papagaio também anti-colonialista Medina em alcaide na capital, toca de apertar mais com o projecto para a Praça do Império. 

Vá de varrer os famigerados brasões que só fazem lembrar os navegadores a trocar espelhos, pulseiras e cordões de pechisbeque por ouro e diamantes com os ingénuos nativos do antigamente, para não falar da escravatura e da imposição de culturas europeias em África e nas Américas.

Toda esta saga lisboeta enquadrada nas ideias em voga para mandar abaixo os padrões que há por esse mundo a lembrar a época das Descobertas, bem como dinamitar estrondosamente as estátuas dos Colombos, Pedros Álvares Cabral, Fernões de Magalhães e Vascos da Gama.

Um movimento neo-anti-colonialista com razão de ser e carradas de legitimidade. 

É pegar nos calhamaços da ONU e verificar se os figurões daqueles séculos de rapinagem além-mar cumpriram minimamente os princípios civilizacionais que o Guterres prega aos peixes (quando precisa de mostrar serviço).

 

Neste contexto pandémico-libertador, sugiro ao povo ilhéu que pegue no camartelo e venha por aí abaixo para juntos deitarmos a estátua do Gonçalvez Zarco abaixo, enquanto em Machico se faz o mesmo com a do Tristão. Vai tudo a eito.

Entretanto, a malta das escolas aproveita para se livrar dos afectados tratados épicos que cantaram a dilatação da fé e do império mas hoje em dia estão fora de prazo. 

Uma fogueira que ponha a arder os 10 cânticos de Camões, as tretas do Gaspar Frutuoso e uns versos mal paridos do Pessoa até regalaria a vista. Um desanuviamento intelectual nas livrarias e nos programas escolares feitos por botas-de-elástico que também já deram o que tinham a dar.

Podem alegar que a Madeira e o Porto Santo não eram habitados e portanto, não havendo colonização sobre ninguém, porque as cabras e os francelhos não contam, perdemos qualquer direito a mandar estátuas abaixo. 

Não havia habitantes na Tabanca em 1418? 

Certamente que o Zarco, o Bartolomeu e o Tristão não foram recebidos no calhau (futuro S. Lázaro) por um pelotão de jornalistas, mas também não se poderá garantir a cem por cento que não havia ninguém aqui antes dos 7 anos de arvoredo a arder. 

Não se esqueçam de que a Lenda de Machim continua mal explicada e que a Madeira aparece em mapas de navegação elaborados praticamente no tempo de Cristo.

Quanto aos senhores que vieram armados em inventores da pólvora, para ganharem direito a capitanias na Tabanca, bem sabemos do massacre que fizeram aos lobos marinhos encurralados na baía de Câmara de Lobos. 

Os senhores do ambiente da actualidade escondem o facto histórico, mas nem por isso deixou de acontecer a matança dos inofensivos lobos marinhos que só festejavam a chegada dos marujos.

 

Com razão ou sem ela, quebremos à cacetada os ídolos do mar e queimemos as histórias da carochinha que os endeusam. 

Porquê? 

É moda e não há mais conversa.

Lá na capital do reino, derramem distraidamente uns litros de creolina e de ácido sulfúrico nos brasões floridos do tal jardim. Uma semana depois ninguém se lembra do assunto - é sempre assim. 

Não peço que também façam explodir bombas no Padrão dos Descobrimentos, na Torre de Belém e no Mosteiro dos Jerónimos. 

Só gostava que, por uma questão de coerência, mexessem na toponímia do sítio. Ao invés de 'Praça do Império', metam lá 'Praça do Saloio'.


PS 1 - Caso este artigalho indigne a novel vaga de intelectuais, avisem-me, que escrevo outro a dizer o contrário.


PS 2 - Quanto a derrubarmos a estátua do Gonçalves Zarco, deixem o Costa mandar primeiro os milhões da Bazuca europeia.

9 comentários:

Anónimo disse...

Calisto,
Às tantas o próprio tiro da bazuca manda o Gonçalves Zarco ao chão.
E essa sua ideia de chamar a populaça para vir de camartelo não está com nada. Para isso é preciso fazer um ajuste directo à AFA do Avelino. Respeitinho lá com isso.

Anónimo disse...

não de ideias ao bloco de esquerda

Anónimo disse...

Não é preciso ir para a Praça do Império, para encontrar na Mamadeira o maior índice de saloios por metro quadrado da europa. Que eu costumo de apelidar de vilões da cidade e vilões do campo. Basta ver o que estes matarruanos estão a fazer às nossas belas paisagens e ribeiras. Só mesmo de canelo nas arcas!

Francisco Santos disse...

Folgo em vê-lo de volta e em grande, Caro Luís Calisto ! Nos tempos que correm, de facto, que melhor arma do que a ironia, com pitadas de sarcasmo ! Muita saúde e ao jeito de Vinicius, apesar de hoje não ser sábado (ou melhor, no fundo é como o Natal, é quando um homem quiser), aquele abraço !

Luís Calisto disse...

12.11
Caro comentador, como aludi a obras, tomei como implícita a questão da atribuição do ajuste directo. Não falei do meu Amigo Avelino para não ser pleonástico.
Em todo o caso, obrigado pela observação.

Luís Calisto disse...

Caro Dr. Francisco Santos
Viva! Obrigado pelas suas imerecidas referências, para mais tratando-se de um tema de que o meu Amigo percebe muitíssimo mais do que eu. É mesmo: só com ironia e sarcasmo resistiremos a certa intelectualidade nacional. Aquela mesma que antes do 25 de Abril condenava os 3 Efes, para depois da Revolução se agarrar despudoradamente a eles (Fado, Futebol e Fátima) quando viu chegada a sua vez de tirar partido do 'ópio do povo'.
Grande abraço
LCalisto

Anónimo disse...

Calisto, foi apenas uma observação para esclarecer que ali, povo de camartelo só se trabalhar para o amigo Avelino.
Convém o Calisto atremar com as regras!

Manuela_a_Lusa disse...

😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳😳posso enviar uns camaradas daqui do Brasil? Ficaria perfeito neste quadro. Vixe, seu menino...o povo brasileiro ia agradecer o livramento.

Anónimo disse...

manuela deves perceber tanto de historia como eu percebo de foguetes

o povo brasileiro iria agradecer o derrube da estatua porque ?

na escola que aprendi João Gonçalves Zarco descobriu a Madeira e pelo que sei não andou pelo Brasil