Lógica Saloia
PRESIDENTE PRIMEIRO!
Ricardo Nascimento começa finalmente a pôr em prática uma promessa eleitoral de barbas brancas.
Com uma pequena nuance que não chega para estragar o efeito.
Ele ganhou o direito de governar a câmara da sua terra graças à mensagem 'Ribeira Brava primeiro'.
E agora ei-lo triunfante a clamar que primeiro está...
Não é bem a Ribeira Brava.
Agora é o presidente da Câmara que está 'primeiro'.
Pelo que o Ricardo disse na TV, sem dúvida que, no concelho aristocrata, quando se trata de fugir ao perigo, a palavra de ordem muda para 'presidente primeiro'.
O último apaga a luz.
Mas vamos lá a ver: é mais prático vacinarem-no primeiro a ele do que a toda a Ribeira Brava, começando pelos elementos da Saúde, bombeiros, polícias e ocupações afins, mesmo que sejam estes quem está mais vulnerável às infecções.
Se repararmos, há uma prevenção matreira no cartaz propagandístico que funcionou nas eleições em que apareceu.
O outdoor diz "Ribeira Brava em primeiro".
Mas primeiro do que 'Ribeira Brava em primeiro' está 'Ricardo Nascimento'. O nome está por cima, em letra mais pequena, como quem não quer a coisa. Veja lá o Leitor a imagem acima.
Só pelos dotes premonitórios, o homem merece o cargo e uma vacina das melhorzinhas que a Pfeizer - ou lá quem for - fabricar nestes dias.
Mas há mais.
Dentro desta lógica do 'Presidente Primeiro', Ricardo não se esqueceu de fazer uma generalização arrasadora. Disse ele: e também é bem pensado vacinar os presidentes de junta de freguesia mais os...
Mas é claro! Se assim se fizer, algum 'populista' que tenha a ideia de criticar a benesse aceite pelo Ricardo, é capaz de se lembrar a tempo: ora, se até o regedor da junta tem direito à pica, quanto mais o presidente da câmara!
E se houver insistência no tema, é mandar avançar com o rabo para a seringa (aliás o braço) os presidentes de rancho folclórico, casa do povo, banda municipal, os 3 irmãozinhos mais carismáticos da confraria do Santíssimo, o treinador do clube da terra e por aí adiante.
Verão que se esquecem da vacina do presidente.
Mas e se teimarem em gastar a mesma tecla?
É fazer como Pedro Coelho, de Câmara de Lobos. Quem disser que ele, enquanto presidente de câmara, não devia meter-se à frente para a vacina, quem vier com essa é 'oportunista e populista'.
Quem vai arriscar ser carimbado com esses nomes horríveis?
Um balanço parcial: neste momento, temos dois ou três presidentes de câmara com sentido de Estado, que não falham ao alto dever cívico de apanhar a vacina imunitária do covid, mesmo enfrentando a espetadela dolorosa - com a vantagem de ficarem amigos do Miguel das Angústias, o primeiro a defender o direito dos verdadeiros políticos contra os populistas oportunistas; e depois desses dois ou três temos oito ou nove presidentes de câmara oportunistas e populistas, que interesseiramente deixam a vacina para quem dela precisa de facto, no intuito de parecerem altruístas aos olhos dos seus concidadãos.
Não é a primeira vez que ouço chamar 'populistas' no debate deste assunto. Os utilizadores do palavrão dizem: 'Há uns por aí a dizer que os políticos não deviam ser vacinados e isso é populismo.'
Assim parece. E alguns deixam cair o reparo, para não serem apelidados de invejosos e populistas.
Mas há aqui outra nuance. Nunca ouvi um só dos 10 milhões dizer que os políticos não deviam ter direito à vacina. Já ouvi muitos - eu incluído - tentar fazer notar que os políticos deviam esperar a sua vez, na lista competente e razoável, para serem chamados à seringa. Eu quero que eles apanhem a vacina. Quanto mais não seja para levarem com aquilo pelo braço dentro.
Os políticos detentores de cargos públicos de relevo e de difícil ou impossível substituição logicamente devem ser imunizados o mais depressa possível. Não vamos ter em Belém um doente que tanto custou a reinstalar lá no dia 24 (não a mim). Assim como seria má imagem para Portugal mandar o nosso Primeiro Costa, musculado chefe da sargentada ministerial, cheio de febre e a respirar com roncos para a presidência de uma reunião do Conselho Europeu.
E há outros nas mesmas condições, que obviamente têm de ser vacinados.
Os nossos edis da lógica saloia sabem disso. Lançam cocó para a ventoinha só para distrair a populaça do seu egoísmo de salvar a vidinha enquanto é tempo. A sua e quem sabe se a de outros 'necessitados' próximos.
Ah, não pode ser. O Miguel das Angústias já disse que não permitirá truques para dar vacinas à prima e à sogra.
Se bem que na família ainda fique muita gente fora dessa mini-lista discriminatória.
Há dias, um comentador do Fénix saía-se com esta, mais ou menos: não é dizer singelamente que os que estão no poder são corruptos. O povo é que é todo corrupto. Porque cada corja de eleitos sai necessariamente da população. E quando a nova corja chega aos governos faz as mesmas falcatruas, abusos de poder e o tráfico de influências que criticava nos antecessores.
A minha teoria era mais optimista: o poder é que corrompe, já que as pessoas na oposição ou na vida civil criticam as máfias dos corredores aveludados e depois quando por acaso chegam lá acima caem numa hipnose irresistível do poder e, pronto, tornam-se nos novos barões muito ágeis a esvaziar-nos os bolsos com impostos que não iam acontecer, com o pagamento popular dos buracos na banca e com os aumentos de vencimentos... que os deputados idealizam e aprovam para si próprios.
A minha tese perde com a do comentador. Nós realmente temos é todos a mesma escola e está tudo à espera de sentir a chave do orçamento colectivo na mão.
Oportunistas! Populistas! E eu a julgar que ser solidário com o povo era compartilhar com todos também os momentos maus e perigosos. Porque a força moral de uma nação é muito importante. E é pela atitude regional e nacional assumida por muitos 'oportunistas e populistas' - como os nossos oito ou nove autarcas que decidiram esperar pela sua vez de cidadãos - é por aí que os madeirenses/portugueses sentem que, apesar de tudo, não estão sozinhos. Há mais gente a juntar aos profissionais da Saúde, Forças de Segurança e tantos Cidadãos com C grande.
Quanto aos corajosos que atacam os 'populistas', não falta muito para interromper a fase do 'Presidente Primeiro', a realidade vigente entre cada duas eleições. Quando cheirar a autárquicas, a música será outra vez a falácia 'Ribeira Brava em primeiro'.
Quem diz Ribeira Brava diz Câmara de Lobos - para já.
PS - No dia em que toda a Região aprender a votar com a sapiência de Machico e Porto Santo, como novamente se viu nas Presidenciais, muitos 'estadistas saloios' verão como elas mordem.
Luís Calisto
2 comentários:
No mundo dos que nunca chegam lá e estão sempre a saltar de partidos a novidas , um que lhe foi roubado o partido agora anda ver se consegue tacho no chega , para ver se consegue ter hipoteses ja começou com um discurso radical de matar dirigentes, o que lhe roubou agora está numa aproximação ao partido do psoas . Já correu mal da 1° vez mas como tem um fascinio para estar na ribalta vai tentar outra vez
Força Ricardo
Cuida-te com a vacina, senão na quarentena tens de fazer dieta e perdes essa barriguinha de padre
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