PICA-MIOLOS
(5)
Luís Calisto
Já que estamos na repisa...
Bloco central de Sousa e Avelino
agora a três partidos
Não sei se Rui Barreto resolveu ignorar a explosiva reunião do Conselho Nacional do CDS este sábado-domingo, em Lisboa. Ou se não se apercebeu realmente da agenda do seu já putativo partido nacional.
De uma maneira ou de outra, ficou mais patente a irrelevância do CDS nacional, na perspectiva dos populares madeirenses.
E ficou mais evidente a irrelevância do CDS-M perante o irrelevantíssimo CDS nacional.
Tudo isto para dizer que o CDS-M está cada vez mais apostado em seguir a estratégia do PSD-M e do PS-M.
Atentemos:
O Laranjal dos Netos não quer ser visto ao lado do PSD liderado por Rui Rio. O ponto a que aquilo por lá chegou - que, se não negociar com o Ventura dos castigos químicos, o Rui Rio pode depositar a chave da São Caetano à Lapa nas mãos da comissão liquidatária.
Oh Sá Carneiro! Oh Fernando Nogueira! Oh Mota Amaral! Oh Cavaco!
Para o PS-M, tanto melhor quanto mais distante estiver da 'onda rosa-Costa', esta em queda livre no rectângulo para um abismo sem fundo.
Oh Soares! Oh Zenha! Oh Guterres! Oh Sócr...
E agora o CDS-M encostadinho ao velho concorrente da direita regional, o PSD-M, que nem quer ouvir o Chicão de tão hipnotizado pelas directrizes de Albuquerque.
Nunca estiveram reunidas tão eficazmente as condições para os estipendiários 'social-democratas', 'socialistas' e 'democrático-sociais' organizarem as suas vidinhas para uns anos de bem-bom. Mesmo que atirando à lama todo o trabalho que os respectivos antecessores tentaram construir.
O PS da Praça Amarela elogia o sentido de abertura do ex-arqui-rival Albuquerque. A sério, que bem li.
O PS-M até reivindica tenazmente o seu apoio ao candidato presidencial da 'direita social', o direitolas Marcelo.
Assisti bem a isso num debate da RTP-M em que, ferrenhos marcelistas, Rubina Leal e Victor Freitas se esforçavam para parecer cada qual mais direita do que o outro, a respeito das presidenciais.
O PS-M, que outrora chamava de 'vendido jardinista' a quem falasse em Autonomia, continua pela voz do seu 'líder' Cafofo a ser mais autonomista do que o papa.
Formidável!
O PS, que acusava o reacças PPD-M de viver de mão estendida para Lisboa, agora oferece-se para ajudar o PPD-M a pedir 'mais do mesmo' a Lisboa, seja na revisão das Finanças Regionais, seja nos limites de endividamento, seja em outras políticas de antanho que o PS considerava ruinosas para o futuro da Tabanca.
Piramidal!
O PSD-M só tem de retribuir a boa vontade dos 'socialistas', como tem feito, e de deixar campo para que chegue algum orçamento à Praça Amarela, sem alarde.
O bloco central que deu para o torto ao nível nacional, noutra época, tem tudo para singrar agora, ao nível de musseque.
Até porque o CDS-M já está no comboio - aliás entrou para a carruagem de 3.ª classe antes do PS-M.
O CDS-M 'está-se marimbando' para o discurso de Francisco Rodrigues dos Santos a falar da inclusão do seu partido sacristão no governo açoriano, ao passo que omite idêntica realidade na Madeira, se bem que antes do Chicão líder sénior.
O CDS-M 'está-se nas tintas' para o estado cataléptico do partido ao nível nacional. Nestas horas de sábado-domingo num Conselho Nacional vergonhoso, não se viu Rui Barreto tomar partido pelo voto de braço no ar ou pelo voto secreto, ou a defender Chicão ou Mesquita ou a transmitir uma palavrinha em defesa das sobras de bom nome que ainda afaguem o velho partido.
Está na hora de repartir o que resta da Madeira Velha, da Madeira Nova e da Madeira pós-Nova.
Os interesses são elevados. De contrário, não se veriam partidos rivais aliarem-se aos abraços e beijos num ano de eleições autárquicas.
Trata-se de dividir irmãmente os tachos disponíveis, para que ninguém saia prejudicado da corrida. Será preciso disfarçar o conluio. A ponto de pôr o bloco central em perigo?
Nada disso.
Haverá teatro, isso sim.
E porquê?
Porque, é muito simples, as ordens para constituição do bloco central a três - PS-PSD-CDS - vêm de cima. Do último piso do Savoy e do comando do Lobo Marinho.
O 'diário de bordo' está sob controlo - expressão sinónima de 'está tudo controlado'. Adeus aos direitos de resposta e aos processos quotidianos em tribunal por 'crime de difamação através da imprensa'.
Esclarecimentos partidários também serão intempestivos, posto que os dados são lançados previamente para vigorar nas plataformas adquiridas. Ora cá, ora lá, ora lá em cima.
É domingo, cantemos com o Xarabanda:
Já que estamos na repisa / Vamos fazê-la bem feita / Que o patrão fica contente / E a patroa satisfeita.
Havia um político justificadamente contestadíssimo pela oposição - e não só - que quando havia dúvidas esclarecia o seguinte: o poder político é eleito, e então o poder económico tem de se submeter ao poder político, porta-se bem, sem barulho, e é se não quiser 'chatices'.
Pois é verdade, tudo mudou. Os políticos hoje em dia são assalariados do poder económico, este com a vantagem de mandar nos bolsos de quem gosta de viver a vida sem pensar muito.
Materializando essa teoria, foram atempadamente mandados para fora da política viva alguns activistas como os do Bloco de Esquerda, outros ex-PND e outros do PTP, enquanto se alimenta a fogueira para o PCP e o JPP.
Autárquicas? Ora, na grande maioria das câmaras tanto faz quem ganha a maioria ou quem a perde, já que o poder fica sempre no triunvirato que é o bloco central a três. Que é o mesmo que dizer ao dispor dos que mandam no triunvirato.
Não estou a insinuar que recuámos à Madeira Velha, como se percebeu. Estou a dizer que recuámos ao salazarismo, em que os políticos executivos eram lançados por acordos entre o das Botas, o Champalimaud, os Mellos, os Espírito Santos...
PS 1 - Faço uma aposta: se o partido Chega marcar pontos nas autárquicas regionais (o diabo seja surdo), teremos André Ventura como figura muito ouvida pelos partidos do bloco central regional quando nos aproximarmos das legislativas de 2023.
PS 2 - Pois é, caro Leitor, isto é demasiado mau, só pode ser o vírus '19' que chegou à cabeça dos partidecos que temos aí. Não vale a pena 'carregar cascalho'. Ao lixo com esta prosa. Inspiremo-nos em Bocage: "...Se me creste, gente ímpia, rasga meus versos, crê na eternidade!"
13 comentários:
Que saudades tenho de ver deputados como Roberto Almada, Gil Canha e Raquel Coelho a "malhar" nesta máfia no bom sentido que nos rouba diariamente através dos monopólios, do betão, das ribeiras e outras alcavalas.
Aquela casa de loucos, como outrora apelidava o nosso ditadorzinho bokassa, mais se parece com uma missa fúnebre. Uma autêntica tragédia. Mas este povo superior gosta de ser roubado, não há nada a fazer!
Grande Análise da actual política regional!
Calisto parabéns, denunciaste a máfia do bloco central madeirense (PS,CDS,PSD) todos feitos com os DDT. Acompanho os trabalhos da ALRAM e só apetece dormir com aquela gente.(os meus colegas da CS também queixam-se do mesmo) Falta o Coelho, a Raquel, o Canha, Roberto Almada a tocar nas feridas.tens absoluta razão na tua analise.
tudo sempre a piorar
Sr Calisto,como ficará a coligação PSD/CDS ao funchal?
PSD quer Pedro Calado, o CDS-PP não risca nada e apresenta quem?
Os DTT não mandam no voto do povo,podem mandar nos políticos mas no povo não.
O PSD já dá sinal de fraqueza ao avançar em coligação com o CDS.
O PSD não acredita que o seu dito melhor candidato consiga só um bom resultado?
Estará Albuquerque com a história do patriotismo, em prol do partido despachar Calado como fez á Rubina Leal?
Se as hipóteses do PSD ganhar eram poucas,agora muito menos, não tenham menor dúvida.
CDS? Qual o papel? Atrelado? Só não risca nada,acompanhado retira votos ao parceiro.
Bem, só vejo uma explicação, Albuquerque sabe que, com a derrota tem congresso e eleições internas e consequentemente saida inevitável, maneira de sair sem pedir demissão.
Se é essa a sua vontade nós militantes estamos dispostos a ajuda-lo com todo o gosto.
Manuel António estamos aqui!!
Manuel António clone do Bokassa, LEVA PARA CASA. Queremos gente séria e não gajos vendidos aos DDT. Lista de vendidos: Calado, Cafofo, Albuquerque, Barreto, Iglesias, José M. Rodrigues, Farmacêutico de Santana (nem sei o nome do gajo)
No passado domingo fui dar um passeio com a família pelo Paúl da Serra – qual não é o meu espanto quando vejo por lá a deambular o Manuel António, sozinho na sua travessia do deserto… lamentava-se para o vento que uivava que ninguém lhe liga… nem o cunhado, a quem providenciou na ARM uma confortável prateleira dourada, se lembra dele… e lá continuou a deambular e a divagar até que o perdi de vista lá ao longe no planalto…
Parabéns Calisto por este brilhante artigo.
14.21,
E como é que foi isso se as estradas para o Paul da Serra estavam fechadas para a populaça não ir à neve?
18:46
Existem várias formas de evidenciar o desterro a que é votado um aspirante a líder (ao qual a liderança da tribo devota o mais nítido desprezo) e simultaneamente ilustrar que a construção artificial duma imagem impoluta e honesta que esse aspirante a líder procura cultivar é falseada pelo seu passado de uso do lugar de governante para favorecimento familiar.
12.59,
O que é que tem a ver o seu discurso, com a observação da impossibilidade de chegar ao Paul da Serra no domingo pelo facto das estradas de acesso estarem fechadas?
Se eu fosse o canha e o coelho nunca mais concorria a nada. A vilhoada merece este tipos.
O Cafofo também andou a deambular no Paul, completamente perdido...
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