DONATO VARES MACEDO

Lembram-se da frase de Obama quando capturou Bin-Laden? «WE GOT HIM!»

Não era propriamente um resgate, como o caso que vou explicar...Mas a frenética emoção é a mesma.

Os tempos de transição são prodigiosos. Não raras vezes ultrapassam a nossa imaginação mais fantasiosa.

Ora, todos sabemos que só duas mãos lavam a face. Mas não basta ter duas mãos. Eles têm que ser ativas, funcionais e executarem movimentos coordenados, para que a face fique sanitariamente irrepreensível e asseadinha. Se possível com as maçãs do rosto agradáveis ao aveludado toque e rosadinhas, como as de um cândido menino-de-côro de batina, com faixa e roquete, dotado daquela voz angelical que inocenta os céus da humana perfídia...

Este quadro mal-pincelado em jeito de prefácio, serve de mote para a situação "estranha" do técnico camarário do Funchal mais ocultado do sítio, que tramitou dos holofotes mediáticos, para a condição esdruxulamente tímida, que mais parece o acanhado ornitorrinco, mamífero da Austrália e da Tasmânia, que, pela sua natureza retraída é difícil de localizá-lo, até pelos treinados olhares dos amantes da natureza...

A referida pessoa é dirigente regional de um partido que integra a coligação de esquerda derrotada, mas, sobretudo pelo seu mérito (tão fugidio como o ornitorrinco), ascendeu nos áureos tempos de 2018, à presidência de uma empresa municipal cuja gestão, não constou do anuário dourado dos CEO's no portal Glassdoor...Pelo que foi "subtilmente" obrigado a apear-se antes da conclusão do mandato de quatro anos. Foi aí que ocorreu a metamorfose do ex-histriónico gestor, para o evasivo "ornitorrinco" na qualidade de simples técnico. Deixou de ser visto, e a condição da mera existência, era apenas evidenciada na folha de vencimento da autarquia. Na cidade e nos Paços do Concelho, falava-se à boca pequena que a pessoa em causa, ora estava de licença sabática, outros avançavam que tornara-se um eremita que se posicionava ao final do dia no Ninho da Manta a meditar naquela imponência monumental do maciço rochoso. Até nos perdidos e achados da polícia há gente que diz ter ido procurar...Os invejosos subversivos (há-os sempre), destilavam o fel que só as bífidas línguas reptilianas executam com maldade, a afirmarem que o (ressabiado) gestor, ausentava-se ao serviço num acordo tácito e metafórico daquelas mãos, que juntas lavam a face, em jeito de moeda de troca com o então executivo camarário...

Precisamente, para que a má-língua deixe de imperar no terreiro da cidade, soou-me ao ouvido um patagarro (Puffinus puffinus) e uma manta (Buteo buteo harterti) que corroborou, aos desmanchar os cáusticos mal-dizeres da coscuvilhice, que o pretenso técnico pretensamente escondido, foi localizado no dia 19 deste mês, a suar na sua inestimável força de trabalho no Ginásio de São Martinho com direito a estacionamento e pelo que parece, sem controlo de assiduidade. Este longo e sofrido assombro que mantinha a Cidade num limbo intransponível, foi desamarrado, graças à tecnologia de ponta, (contrariando aquelas aves "bilhardeiras" que reclamam para si a entusiasmante descoberta), nomeadamente através do recurso a um drone com câmara térmica, que sinalizou uma imagem extremamente ruborizada, fruto do enorme esforço a que o abnegado técnico estaria a desenvolver.

Terminou assim um dos mais intrigantes mistérios da maior autarquia da Região, precisamente neste tempo de alteração do quadro político.

Tudo está bem quando acaba bem.