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terça-feira, 5 de outubro de 2021

 

JUÍZO ESTÉTICO


GIL CANHA                                                                                  




Ainda esta semana participei num pequeno protesto contra a manobra albuquerquiana de branquear a aquacultura nos mares da Madeira, com a realização de uma conferência manhosa sobre esta temática, no Casino da Madeira.

 Sinceramente, não é tanto a questão ambiental que me preocupa (sei, por exemplo, que nos fiordes noruegueses e chilenos existem impactes devastadores desta actividade nos ecossistemas, nomeadamente em zonas de costeiras interiores); o que me preocupa e aflige são os impactes em termos paisagísticos, que considero brutais e altamente penalizadores da nossa atividade turística.

Com uma linha de costa tão reduzida, acho que é uma perfeita loucura esta política insana de “industrializar o mar”. A Grécia é o país europeu com mais aquacultura, mas como tem centenas de ilhas e uma vastíssima costa, consegue meter estas infraestruturas em locais que não ameaçam a qualidade da paisagem que eles tanto prezam e protegem. Já naveguei na costa iónica, nas Cíclades e nas Espórades, e seja em Corfu, Cefalónia, Itaca, Miconos, Skiathos etc…, nunca vi gaiolas no mar.

Também já percorri toda a costa Amalfitana, na Itália, a ilha de Capri e a ilha de Prócida, na Campânia, e não vislumbrei nenhuma dessas infraestruturas de criação de peixe. Isto para dizer: onde existem locais turísticos ninguém monta 'jaulas no mar', precisamente porque a paisagem é o bem mais precioso dessas regiões costeiras e turísticas.

Quando há tempos li uma entrevista do senhor Teófilo Cunha, secretário das Pescas, a dizer que a Noruega é um país desenvolvido e tinha muita aquacultura, e por isso a Madeira podia-lhe seguir o exemplo, deduzi duas coisas: ou o sr. Secretário é um perfeito ignorante diplomado, por comparar duas realidades completamente distintas, ou então foi buscar este exemplo estapafúrdio para enganar a 'viloada de cá' com justificações matreiras, interesseiras e desonestas.  

Para melhor elucidar os senhores leitores, imaginem que têm um bonito terreno com 10 mil metros de bananeiras e algumas árvores de frutos tropicais, e no meio desse terreno instalam um pequeno galinheiro. Obviamente que ninguém irá chatear ninguém com os cheiros, nem com o cacarejar das galinhas, nem com o impacte negativo das folhas de zinco do galinheiro no meio do bananal; mas, se tiverem um pequeno terreno com 400 metros e lhes meterem um galinheiro no centro, o impacto será terrível para a vizinhança, e irão chover reclamações de todos os lados. É por essa razão que não se pode comparar países que têm milhares de quilómetros de linha-de-costa com a Madeira que é um pontinho no oceano.  

Depois adorei ver o sr. Miguel Albuquerque, com aquela cara de príncipe da Renascença do Bugio, a dizer que é detentor de um apurado 'juízo estético'. E de facto, olhando para o mastodonte do Savoy, para os caixotes que ele licenciou ilegalmente em frente ao edifício Navio Azul e para as talhadas a corte de foice que deu no antigo PDM da cidade do Funchal, percebemos quão vasta é a sensibilidade estética do nosso estarola presidente.

18 comentários:

Anónimo disse...

A página de Facebook dos organizadores internacionais da conferência de aquacultura na Madeira 2021, façam-se ouvir e mandem os vossos protestos: https://www.facebook.com/EAS.SG

Anónimo disse...

"...estapafúrdio para enganar a 'viloada de cá' com justificações matreiras, interesseiras e desonestas." ÓBVIO!
Aliás, como o Calado a baixar o IMI no Funchal. Ou outras promessas do GR. Prometem muito, mas depois de aplicado na prática, é mais um ratinho parido por uma montanha. Um povo que se deixa levar por meia dúzia de tostões, meio frango e um passeio de barco ao por do sol, não consegue discernir as diferenças entre a Noruega e a Madeira.
De resto, é ver quem vai ficar com essas gaiolas para se preceber a enorme insistência e pressão feita sobre o assunto.
"...maginem que têm um bonito terreno com 10 mil metros de bananeiras e algumas árvores de frutos tropicais..." tipo o paraíso que havia alí ao pé do pavilhão do Liceu e que foi transformado em estacionamento?

Anónimo disse...

O importante agora é perceber a razão de tanto empenho do Governo Regional... Simples, no negócio da aquacultura passou a ter um sócio de peso... Um DDT, o chefe do Afaquistão, será?

Anónimo disse...

O sr fulano das 11:19 esqueceu-se de dizer que a estrada ex via salazar (saida oeste) levou mais de metade do paraíso, que foi expropriado pela D Ofelia Gorda a preço de erva mijona e não contentes, por vingança, ainda bloquearam a água de rega do tal paraíso esfrangalhado por uma avenida e por um mamarracho nas traseiras.

Anónimo disse...

Gil, daqui sr. Fulano das 11.19 de ontem:
Coitados de vocês, foram obrigados a impermeabilizar a área e fazer um parque de estacionamento. Uns tristes. Toda a gente sabe que as bananas davam menos trabalho e mais dinheiro que um parque de estacionamento.
Podiam por lá umas piscinas para criar carpas ou salemas.
Foram expropriados ao preço da uva mijona (por alguém que desconheço, mas que provavelmente utilizou a fórmula da expropriação para vos pa~gar, digo eu), mas ficaram com bom acesso à casa velha (podiam recuperar, antes que caia) e agora podem impermeabilizar o resto das bananeiras. É só esperar pelo novo PDM do Calado.
Por falar em mamarracho, aquelas moradias junto ao túnel da Nazaré não te dizem nada?

Anónimo disse...

Um vilão(gilinho) a tratar os outros de vilões.

Anónimo disse...

O sr. Fulano das 11.19 tem absoluta razão e tem uma escrita adorável e requintada, uma coisa muito bonita de se ler.

Anónimo disse...

Já se sente o bedum fétido do Bokassa por estes lados.

Anónimo disse...

17.42
Nota-se pelo requinte a prosa do gilinho. Também na Venezuela havia bons professores

Anónimo disse...

O Gil foi meu colega no Caroço e na Industrial que eu saiba nunca estudou na Venezuela, ou então tem um clone que desconheço?!...

Anónimo disse...

A dor de cotovelo e de corno a funcionar.
Força Gil

Anónimo disse...

Aluno no Caroço e na Escola e "doutorado" pelas Universidades da terra de Simon Bolivar

Anónimo disse...

Este para ter o tacho garantido na redação do Pravda anda sempre a dar graxa ao seu chefe da Redação.A vida está difícil e é de louvar o engraxamento

Anónimo disse...

Canha cuidado a D Ofélia gorda anda brava e vai-te fazer a folha

Anónimo disse...

Andei neste blogue Fenix a ver tudo e para tras e não encontro um artigo do Canha que falam muito a dar porrada no Papadas.

Anónimo disse...

Que bela bananeira me saiu V. EXA.
A seu ver este teria de ser o único bananal da cidade. Mas olhe que lá ainda tem muitas bananeiras verdadeiras 🙏

Anónimo disse...

Grandes viagens, não é para qualquer bolso. Eu só conheço as desertas de baixo, ainda não fui ao planalto. Hahahaha

Anónimo disse...

Essas moradias chocam muito menos do que o mamarracho fúnebre da Socicorreia em frente dos Barreiros. Antes quem subia a Rua Dr. Pita conseguia ver as belas montanhas de Santo António e São Roque em pano de fundo. Agora essa bela vista foi tapada por dois "caixões" pretos descomunais. Comparando uma edificação e outra é fácil ver onde está o mamarracho.