O GRANDE EMBUSTE
GIL CANHA
Esta semana um amigo meu foi à nova loja ´Leroy Merlin´, na Nazaré, e ficou admirado com o tamanho descomunal do terreno onde está implantado este novo estabelecimento comercial, “porque eu pensava” dizia ele, “que isto era muito mais pequeno, agora já percebo porque defendias a construção do novo hospital aqui”, afirmou. Então, eu disse-lhe que a construção do novo hospital em Santa Rita é o maior embuste do governo albuquerquista, e foi engendrado aloucadamente para satisfazer o poderosíssimo loby do betão, fartar meia dúzia de iluminados, e ludibriar o povo superior.
E adiantei: “além deste grande prédio que era ocupado pela PREBEL, ainda há um terreno que pertence à C.M.F, a norte, e na extrema sul, temos as oficinas e docas dos autocarros da SAM, e a nascente, a mata da Nazaré. Tudo junto dá um quarteirão com uma extensão gigantesca e plana (raro na nossa ilha), fácil de construir, com boas acessibilidades, saneamento básico, comunicações, com uma unidade militar na zona, ideal para caso de alguma calamidade pública, tudo melhor que os poios de bananeiras em Santa Rita”. Um pouco céptico, o meu amigo argumentou: “Mas expropriar as instalações da Ford e da SAM custariam um dinheirão e não seria nada barato comprar o terreno à PREBEL”. Expliquei-lhe que o terreno da PREBEL fora vendido por menos de 7 milhões de euros, e que mesmo que expropriassem o terreno da Ford por 15 milhões, ficaria muito mais barato que os 27 milhões gastos nas expropriações do novo hospital, em Santa Rita, e não causaria tanta desgraça nem tanta revolta nas pessoas que perderam as suas casas e as suas propriedades de grande aptidão agrícola. “Mas, mesmo assim, o terreno em Santa Rita é muito maior que este, como metias aqueles blocos todos neste espaço?” Expliquei-lhe que, em Santa Rita, o terreno perdido para taludes, muros de contenção das diferentes bancadas de implantação dos blocos leva mais de 20% dos 174.632 m2 da área expropriada, enquanto que, no quarteirão da antiga PREBEL, por ser plano, não necessitaria daquelas escavações monstruosas nem daquelas muralhas, aliás, andam a meter aquelas toneladas de terra num vale lá para os lados do campo de golfe do Palheiro Ferreiro, sabe lá Deus como, que é um grande perigo em potencial para as populações das cercanias, e como surgiu entretanto o Hospital Particular, o tal hospital na Nazaré poderia ter perfeitamente menos dois blocos, e o custo total não ultrapassaria os 250 milhões de euros. Em Santa Rita, garanto, as expropriações, o custo da obra e respetivos equipamentos irão ultrapassar a bisarma milionária dos 500 MILHÕES DE EUROS (já podem registar para memória futura), uma coisa faraónica, uma coisa de loucos, uma coisa do além, que vamos ter de pagar com mais impostos e mais dores-de-cabeça.
Quando eu era deputado na ALRAM, além de conhecer o
inteligente projecto arquitectónico do gabinete do Arq. Pedro Araújo para a
área da PREBEL, sempre me opus à construção faraónica do Novo Hospital em Santa
Rita, (Como sabem engendrado por gente insana, calculista, irresponsável,
de um populismo mais serôdio que se possa imaginar, ligada ao PSD, CDS e a um
conhecido cretino do PCP), e numa das sessões parlamentares questionei o
Vice-presidente do Governo, Pedro Calado, sobre os valores astronómicos que iriam
ser gastos na descomunal movimentação de terras, muros de contenção periférica,
e, essencialmente, em obra subterrânea, já que o poio de bananeiras
não tinha nenhuma infraestrutura de raiz nas cercanias, tinha uma diferença de
cotas brutal o que obrigaria a enormes muralhas com mais de 30 metros de
altura. E sabem o que Pedro Calado me respondeu?! “Que eu era ignorante,
porque o Novo Hospital não tinha caves subterrâneas”, ora, na gíria da
construção, diz-se - obra subterrânea - tudo aquilo
que de oculto aparece na obra e que faz disparar o seu custo, - geralmente é um
inferno para o promotor e um bombom para o construtor. No caso em apreço, quem
vai carregar com o peso todo, é o povo, sempre bem esmagado e espremido!
E o mais interessante, é que a maioria dos deputados
do PSD nunca tiveram argumentos para me contradizer, a única resposta que tive
dessa gente era que eu queria impingir o terreno da PREBEL para a construção do
Novo Hospital para receber uma choruda comissão dos donos do terreno. (De facto,
se eu papasse essa gorda comissão, acreditem, contrataria um neurocirurgião de
renome internacional para retirar a serradura e a tralha mental que esses
desgraçados costumam carregar nos seus pesados e tronchudos crânios).
P.S. Este artigo não vai adiantar coisa nenhuma porque o mal já está feito, mas para memória futura, será uma prova indelével que houve alguém que chamou a atenção para o embuste. Ah povo enganado!
11 comentários:
Porque não falas que no espaço da Prebel seria o estádio do Clube Sport Marítimo? Ou não te convém falar no assunto?
Bem disse o Calado que"eras ignorante"
E com isso perdeu-se varios terrenos de produção de bananeiras, quantas toneladas/ano vamos deixar de produzir/importar? Já agora, com jeitinho não conseguiam construir naquele imenso terreno um espaço para o arquivo do sesaram de vez de alugarem um edifício por 10 anos? (de acordo com JORAM) e até lá mantinham como teem feito.
Em Africa fizeram o mesmo, hospitais faraónicos que nem médicos têm para meterem dentro e os velhos morrem nas ruas
Palavras sábias
Santa Rita dá pedra, dá transportes, dá betão, dá alcatrão
Os vilões pagam e não bufam
O dinheiro corre sempre para o mesmo rio
Reacionário
Na PREBEL enaqueles terrenos nunca houve nada planeado nem pensado para o marítimo porque o marítimo não é ignorante como tu...sabes o que em 2014 estava a ser planeado para lá... HABITAÇÃO SOCIAL A CUATOS CONTROLADOS PROMOVENDO SE A AQUISIÇÃO...E NÃO O BORLIX...VAI ASNEIRAR PARA OUTRA BANDA...
Acusaste o toque?
Fazes parte dessa laia que como dizia o Zeca Afonso " eles comem tudo e não deixam nada"?
Estou de boca aberta ninguém contradiz o Canha? As tais cabeças que digam porque está errado e com insultos não vamos lá! Se ele diz 500 milhões de euros fico mesmo arrepiado. Tá tudo louco!!!!!!!!!
Sr. Canha, como todo o respeito que tenho por si, porque geralmente gosto muito das suas crónicas. Mas o hospital junto a um quartel não é boa ideia. Um hospital tem de funcionar numa zona sossegada (sem campos de tiro nas redondezas, e se reparar na sinalética do trânsito até é proibido buzinar junto dos hospitais) e segura (em caso de calamidade, podem haver conflitos ou ataques junto ao quartel, comprometendo o funcionamento do hospital).
dizes mal mas a semana passada andavas no Leroy Merlin
Esse gajo já era ressabiado nas terras de Simão Bolivar e a partir quevai cá parar....ainda ficou pior. Não há cura. É os chamados "casos perdidos"
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