O meu Postal de Natal
para a TAP
Por Vitorino Seixas
“Amor com amor se paga” é um
ditado popular bem conhecido. Em termos comerciais, quer dizer “se tratares bem
os teus clientes, eles vão gostar de ti”. Por razões que a razão desconhece, desde
que David
Neeleman e Humberto Pedrosa tomaram as rédeas da TAP, esta fez tábua
rasa deste ditado, escolhendo, deliberadamente, uma política comercial que
hostiliza e maltrata os madeirenses.
Ao longo deste ano foram inúmeras
as críticas à nova política comercial da TAP, as quais têm subido de tom a cada
nova alteração do tarifário, sendo a mais recente a cobrança de “10 euros para
alterar o lugar no voo” ¹.
Perante a crítica “TAP oferece
tarifa económica mais cara do que a executiva” ², a TAP respondeu rejeitando “críticas
de aproveitamento do modelo de subsídio a madeirenses para aumentar preços” ³ e
alegou já ter corrigido a anomalia. No
entanto, a outras críticas que referem que é mais barato viajar na TAP de
Lisboa para Paris do que do Funchal para Lisboa, a TAP nunca respondeu. De
referir que o voo Lisboa/Paris, que dura 2h30, custa 58,91 euros, na tarifa
mais baixa, quando o voo Lisboa/Funchal, que dura 1h45, custa 250,91 euros ⁴.
Quanto às recentes críticas de Eduardo
de Jesus de que “pagamos o dobro para viajar na TAP” ⁵
do que pagam os açorianos, teremos de aguardar pela resposta para ver se
percebemos as razões de uma política comercial tão desigual e injusta para os madeirenses.
Para ser justo, convém dizer que
Eduardo Jesus é, juntamente com Miguel Albuquerque, responsável por copiar o modelo
de subsídio de mobilidade dos Açores, opção política que escancarou as portas a
práticas comerciais altamente lesivas dos interesses dos madeirenses. Na pressa
de copiar o modelo açoriano, Eduardo Jesus nem percebeu que um modelo
“virtuoso” para os Açores poderia ser contraindicado para uma realidade
concorrencial muito diferente, como é o caso da Madeira. O modelo tem sido
“virtuoso” para os Açores pela simples razão da SATA não se ter demitido da sua
responsabilidade social para com os açorianos, praticando tarifas “justas”, o
que condiciona fortemente as políticas comerciais das companhias concorrentes,
nomeadamente da TAP.
A título de exemplo, é possível
viajar de Lisboa para Ponta Delgada por 98,91€ na tarifa discount da SATA, com
direito a bagagem de porão com 23 kg, enquanto que na TAP a tarifa com bagagem
de porão custa 116,91 euros, ou seja mais 18 euros (18,2%). A tudo isto acresce que a SATA tem uma forte
ligação com os açorianos dado que é a companhia aérea de bandeira regional que
os transporta entre as várias ilhas, assim como para os Estados Unidos e
Canadá, os principais países de emigração açoriana.
Perante as evidentes fragilidades
do modelo de subsídio de mobilidade em vigor na Madeira, Eduardo Jesus limita-se
a defender-se dizendo que “é o melhor modelo de subsídio ao passageiro que a
Madeira já teve”. Quanto às taxas aeroportuárias, que são “até 100% mais
elevadas do que as taxas dos destinos turísticos concorrentes” ⁶, limita-se
mais uma vez a defender-se argumentando que não se pode imputar ao governo
regional aquilo que é da competência exclusiva da ANA.
Neste contexto, confesso que me
surpreendem notícias como “TAP cresce 22% este ano na Madeira” ⁷ pois
parecem transmitir a ideia de que os madeirenses gostam da TAP apesar de serem
maltratados com tarifas proibitivas nos voos Funchal/Lisboa/Funchal.
De qualquer modo, para mim
continua a ser válido “se me tratas mal, não gosto de ti”. Assim, enquanto a
TAP mantiver uma política comercial que apenas busca o lucro máximo e faz gala
da sua falta de responsabilidade social para com os madeirenses, só posso dizer
“EU, não gosto da TAP”.
Apesar deste sentimento, como a quadra
natalícia é tempo de paz e fraternidade, envio à TAP o meu Postal com “Votos de
um Natal solidário e um Ano Novo pleno de
Responsabilidade Social para com os Madeirenses”.
¹ “TAP já cobra 10 euros para alterar
lugar no voo”
²
“Tarifa ‘discount’ da TAP é pouco económica”
³ “TAP já corrigiu anomalia”
⁴ Tarifas
para dia 19 de dezembro de 2016 obtidas às 16h00 de 13 de dezembro
⁵ “Eduardo Jesus confronta TAP sobre
disparidades”
⁶
“Ryanair nega ter exigido 10 milhões e desconhece propostas da Madeira”,
Diário de Notícias da Madeira, 19 de dezembro de 2016.
⁷ “TAP cresce 22% este ano na
Madeira”
5 comentários:
Não se esqueçam de agradecer ao anterior governo PSD/CDS, a privatização da TAP. A esses e a este governo Regional que é da mesma côr e que nada faz.
Concordo plenamente, e adianto. O Governo Regional, a TAP e a EASYJET condicionam a minha liberdade de movimentos. Como a liberdade para mim é a mais importante das nossas aspirações, o mundo é grande, e não tarda que eu e o meu agregado familiar se mude para Lisboa, felizmente tenho essa vantagem que muitos não possuem. Não interessa ao sr Eduardo de Jesus? ok, mas os cerca de 30000 euros que pago de impostos por ano aqui, fora o IVA do Consumo, vão deixar de contar para o regabofe do desperdício de dinheiro em festas e futebol....Passem bem meus senhores....
Bastaria um ferry-boat entre a Madeira e o continente com preços como o Armas praticava para os preços das viagens aéreas descerem a pique.
A TAP sempre usou e abusou dos madeirenses.
http://www.easyjet.com/pt/termos-e-condicoes/residentes-nas-ihas-bleares
Enviar um comentário