TIRANIA NÃO,
OBRIGADO
GAUDÊNCIO FIGUEIRA
Diz-se que o Mundo só avança tendo à
frente um capataz. Porém, os critérios pelos quais avaliamos os capatazes são
determinados pelos filtros que os mitos instalados em nossa cabeça nos
impõem.
A Libertação do Continente Americano
uniu EUA e Cuba entre 1895 e 1898, na luta contra Espanha. Em 1924 o Pres.
Gerardo Machado assumiu o poder. Quis uma Constituição à sua medida e,
forçando-a, foi reeleito em 1929 e destituído em 1933. A Revolução dos
sargentos, em Setembro, apoiada pelos EUA, fez emergir Fulgêncio Baptista, que,
saneando oficiais, rapidamente chegou a General. Homem forte do regime, pactuou
com vários Presidentes até que, em 1940, fez parte do Governo. Entre 1940/44,
enquanto Baptista enriquecia, Cuba apoiou os Aliados e aprovou uma Constituição
“progressista”. Em 1944, Baptista, parte para a Florida. Regressa a Cuba em
1948, com o estatuto de Senador e potencial candidato às eleições de 1952.
Prevendo a derrota, socorreu-se do golpe militar. A Constituição foi mandada às
malvas. Cuba transformou-se no lupanar do vizinho rico, tendo a corrupção e os
negócios mafiosos tomado conta da Ilha. Foi ajudado financeira e militarmente
pelos EUA e matou milhares de opositores. Hoje, na opinião pública, este é o tirano
bom. Havia mais uns quantos iguaizinhos a ele por aquelas paragens nos anos
40/50. Ao ditador bom, Baptista, seguiu-se o mau. Fidel, O Comunista.
As condições de vida e de trabalho na
zona, resumo-as num depoimento elucidativo, mas desfasado 30 anos da queda de
Baptista. Um diplomata Português que, a convite de um fazendeiro visitou uma
propriedade, na Venezuela dos anos 80, escreveu: “ Aí por volta do meio-dia…
depois de estar suficientemente bebido…[o proprietário] resolveu ir buscar uma
metralhadora e começou a disparar contra os homens que trabalhavam sobre um
calor insuportável. Não queria acreditar no que via e pensei o que seria
daquela gente se…um Fidel Venezuelano tomasse o poder”. Vou falar-vos de
“escravos” e se o depoimento diz muito sobre as condições propícias para a
“doutrinação comunista”, também é o retrato das condições de vida, sob os
ditadores amigos do Tio Sam.
O mito do comunismo serviu às mil
maravilhas para fazer acreditar aos “escravos” de Baptista – o ditador bom –
que valia a pena sofrer e lutar. Mortes, perseguições e medo foram as armas de
Fidel – o ditador mau – rumo aos amanhãs do sol brilhante. A primeira geração,
transida de medo, abdicou de ter voz. O Poder punia. A geração seguinte, à
conta do Internacionalismo Proletário, combateu em Angola a mando da URSS. Os
filhos, embalados no mito propalado por pais e avós, já eram o Homem Novo, eles
não conheciam a exploração do homem pelo homem, o mercado nem a Liberdade. Na
escola, “eu” não usavam. Diziam “nós”, ou camaradas. Há três gerações neste
percurso, a dos sacrifícios, a da utopia e a do desmantelamento. A actual
juventude cubana já não acredita no Robin Hood que rouba aos ricos para dar aos
pobres. O mito ruiu. Os Cubanos renderam-se ao mercado, ao consumo e ao dinheiro.
O Internacionalismo Proletário,
preocupação do Ocidente em geral e, dos EUA em particular, ao ser aceite por
Fidel, acarretou o embargo económico à ilha. Terminava assim uma amizade de
anos, com custos para os Cubanos. Findo o comunismo, a reconciliação parecia
lógica. Eis que surge o arrogante e ignorante Mr Trump que, rendido às
qualidades dos herdeiros do comunismo, junta-se-lhes. Faz o percurso de Fidel,
57 anos depois. Espantemo-nos! Winston Churchill disse: “Os americanos
estão sempre tentando fazer a coisa certa, após terem tentado todas as outras
alternativas.” Esperemos que o Mr Trump seja uma alternativa pois coisa
certa não é. A política, assente em valores, que levou Churchill a dizer: “Se
Hitler invadisse o inferno, eu faria pelo menos uma referência favorável ao
diabo na Câmara dos Deputados”, hoje não podemos contar com ela. Os dirigentes
estão voltados para si próprios e, para os seus interesses pessoais ou de
pequeno grupo. Trump e Putin são o exemplo acabado disso. Move-os os negócios e
os “mercados”, aos quais tudo sacrificam. O Ser Humano, para eles, nada vale.
Preparam-se para instalar uma Tirania onde vigorará o Estado Social à moda
comunista. Trabalhem, não reivindiquem, pois, se não o fizerem, serão lançados
no desemprego.
Homens, ricos, pobres, brancos, negros,
amarelos ou mesmo roxos – é essa a cor do sofrimento de todos nós, quando a
fome e o medo nos tocam – apenas têm, como Dirigente que a todos acolhe, o PAPA
FRANCISCO. Os outros, unidos pelo dinheiro, limitam-se a criar mitos na
Comunicação Social, de acordo com os seus interesses, para nos fazerem adeptos
das suas causas.
5 comentários:
Mto bem resumido e analisado. E nao falou do Jardim.
Parabens
Sr. Calisto, sabia que a empresa donde veio a sra. Presidente do Desemprego entrou esta semana em processo de revitalização? Conseguirá que os seus K descortinem o que está por trás disto, depois dos falados negócios de formação aos desempregados?
O Anónimo das 00:15 está enganado. O homem continua a falar do Jardim.
A pancada de sono e os licores da Festa é que não o deixaram ver direito.Aquilo é só porrada no Jardim de uma ponta à outra.
O Jardim às 2ªs, 4ªs e 6ªs era o Baptista (o ditador bom) pois não via negócios escuros que geraram corrupção. Às 3ªs, 5ªs e Sábados era Fidel (o ditador mau que expropriava a torto e a direito). Aos Domingos fazia "esperas" à porta das Igrejas para reforçar a sementeira que o seu JM durante a semana enfiara na cabeça das pessoas. Lê isto: "Os outros, unidos pelo dinheiro, limitam-se a criar mitos na Comunicação Social, de acordo com os seus interesses, para nos fazerem adeptos das suas causas."
Se achas que isto não é com o Jardim é com quem então? Deve ser com o Pai Natal não!?
Da mesma forma que nunca é demasiado lembrar os horrores perpetrados pelos Nazis de Hitler, nunca é demasiado alertar para os perigos dos messias de domingo que, de vez em quando, aparecem por aí. Dizem-se salvadores da Pátria mas acabam por leva-la à ruína.
Pois é Fernando eu centrei a minha atenção em dois mas a lista é muito extensa.
Só na América Central, contemporâneos de Baptista, havia uma mão cheia deles.
Messias de Domingo só Jesus Cristo, mas há uns impostores que se lhe colam. O Trujillo quando alguém tinha alta de um hospital assinava um papel com esta ladainha: Agradeço a Deus ter-me dado saúde e a Trujillo hospital
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