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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

OPINIÃO



Não é do malho, é do malhadeiro


Por Vitorino Seixas


Ao ler o comunicado que o governo de Miguel Albuquerque fez para “dar a conhecer os nomes que foram propostos para os quadros de chefia de alguns dos organismos da Administração Pública Regional” ¹ fiquei perplexo, não tanto pelo seu conteúdo, mas antes por revelar uma confrangedora inabilidade política.
Desde logo, a inclusão do novo Secretário Regional da Saúde no mesmo comunicado que nomeia 10 quadros de chefia, não só é inédito como desvaloriza por completo o nomeado Pedro Ramos, o qual recebe o mesmo tratamento que a sua futura diretora clínica, os diretores regionais e os presidentes de institutos. Depois deste comunicado, qualquer quadro de chefia passa a ser equiparado aos membros do governo regional, ou seja, aos secretários regionais.
Acontece que os secretários regionais são cargos políticos, nomeados pelo Presidente do Governo Regional, enquanto que os diretores regionais não são cargos políticos, mas sim cargos de direção superior da administração pública, nomeados pelos secretários regionais. Do mesmo modo, os presidentes dos institutos não são cargos políticos e são nomeados pelos secretários regionais da tutela. Por outras palavras, para Miguel Albuquerque não há qualquer distinção entre cargos políticos e cargos não políticos.
A trapalhada é total. Por exemplo, a competência para escolher o Secretário Regional da Saúde é de Miguel Albuquerque, na qualidade de Presidente do Governo, mas a competência para nomear a diretora clínica é do Conselho de Administração do SESARAM, o qual se recusou a aceitar tanto diletantismo e apresentou a sua demissão, 6 meses após a tomada de posse, numa posição de total discordância com a ingerência de Miguel Albuquerque.
Quanto às substituições efetuadas, basta uma breve análise para ficarmos elucidados sobre os critérios obscuros que presidiram à sua escolha. No caso da substituição de Ana Mota, da Presidência do Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR), 10 meses após a sua nomeação pelo governo, significa que Miguel Albuquerque acaba por reconhecer que a sua escolha foi um erro de casting semelhante ao que aconteceu com o Secretário da Saúde. De referir que, para presidir ao IDR, Ana Mota deixou a Direção Regional do Património, onde esteve apenas 9 meses sem que tenham sido explicadas as razões da sua saída.
No caso da nomeação de Lígia Correia para Presidente da Administração de Portos da Madeira (APRAM) convém lembrar a sua nomeação anterior para a presidência do SESARAM onde permaneceu apenas 12 meses, tendo optado por sair sem dar explicações para a saída extemporânea. A sua passagem pela GESBA também não constitui um cartão de visitas promissor para quem vai presidir à APRAM, uma entidade com mais de 162 milhões de euros de dívida.  
No caso da nomeação de Savino Correia para Diretor Regional do Trabalho e da Ação Inspetiva a escolha carece de explicações. Em geral, para se conquistarem os ambicionados cargos políticos é frequente fazer o tirocínio como dirigente da administração regional. No caso de Savino Correia ocorre o inverso. Depois de exercer vários cargos políticos, conquista um cargo de diretor regional.
No caso da nomeação de António Abreu convém lembrar que sucede a Conceição Matos na presidência das Sociedades de Desenvolvimento, a qual apenas resistiu a 6 meses de mandato, após ter sido nomeada pelo governo de Miguel Albuquerque. De referir que, antes de Conceição Matos, a presidência foi exercida por Maria João Monte durante um período de cerca de 3 anos.
Depois de tantas substituições, fica claro que o problema principal do governo não está na oposição, mas sim dentro do próprio governo. Em apenas 20 meses, a inabilidade política de Miguel Albuquerque conseguiu “três em um”: dividir o governo, a administração pública regional e o PSD-Madeira. 
Dividir o governo, porque governar não é criticar e ameaçar em público os colegas de governo que escolheu livremente, nem fazer substituições de membros de governo com tanta frequência. Na liderança há uma regra sagrada: a força do líder depende da confiança que os seguidores nele depositam. Mas, a confiança conquista-se confiando naqueles que se lidera. No entanto, o que temos visto é Miguel Albuquerque a destruir a confiança dos secretários, os quais começam a ver as sucessivas mudanças na saúde como uma ameaça que também os pode atingir de surpresa. Neste ambiente, o foco dos secretários passará a centra-se nos jogos de poder dentro do governo para garantir a sua sobrevivência - “será que serei o próximo a ser substituído” - em detrimento da resolução dos problemas dos madeirenses.
Dividir a administração pública regional, porque, ao concentrarem-se nos jogos de poder, os secretários irão naturalmente utilizar os dirigentes dos organismos que tutelam como soldados do seu exército pessoal. Deste modo, a guerra por poder e protagonismo vai criar barreiras à cooperação entre organismos de diferentes secretarias e, em alguns casos, dentro das próprias secretarias. Por exemplo, as substituições de dirigentes a cada 6 meses, dirigentes que batem com a porta e a dança de cadeiras de uma secretaria para outra são sinais evidentes de uma instabilidade que está a minar a confiança dos dirigentes nos secretários e, por conseguinte, no governo.
Dividir o PSD-Madeira, porque reacende as profundas divisões das últimas eleições internas para a liderança do partido. A coesão do partido depende de um líder unificador e mobilizador. Se Miguel Albuquerque não conseguir promover a coesão do partido, a sua capacidade de ação ficará bastante fragilizada e os erros tenderão a ser mais frequentes, ganhando mais visibilidade e gerando o descontentamento dos eleitores madeirenses. Se isto acontecer, o risco de perda de poder nas próximas eleições autárquicas aumentará perigosamente, e se o partido perder a confiança no seu líder começará à procura de novo líder.
Neste contexto, o futuro de Miguel Albuquerque está cada vez mais “nublado com trovoadas”, pelo que é altura de ter em atenção a sabedoria popular “quanto o ferro quente não se molda, ou é do malho, ou é do malhadeiro”.
¹ “Comunicado”, Governo Regional da Madeira, 27 de dezembro de 2016

16 comentários:

Anónimo disse...

Mas há ainda alguma dúvida onde está o mal? A receita que funcionou numa autarquia e à sombra política de AJJ no governo não funciona além de que aqui está a faltar um número dois com miolos e para mandar... o que nasce torto...

Anónimo disse...

E nestas mexidas todas ninguém se lembrou do Vitorino? Chatice. Olhe, tente na zona do Largo do Município, dizem que estão a admitir gente naquelas bandas.

Anónimo disse...

O engenheiro. Nesta equação falta acrescentrar que a mesma ocorre num período especialmente vocacionado a festas, licores, fumos e pozes, asimm como onde as ativiades circencenses também sao habituais. Período alias ao qual a propria Assembleia se associa como no caso da tomada de posse e os contirnos regimentais usados. Bom mas o que esperamos ja e pelo Carnaval. Vai haver maiss trapalhanças certamente e uma toleranciazinha de ponto. De resto e isto que a malta gosta e naaa haaa gente com'a gente....Da minha parte obrigado Miguel pela animação.

Anónimo disse...

Lindo, foi ver a Paula Cabaço na rua, pagou pelo que fez desde os tempos do matadouro até agora, não olha a meios para objectivos....aqui se faz aqui se paga, até podia ter saído em grande, desde aquela descompustura feita pelo Miguel ela demitia-se, mas o poleiro e as viagens de borla falam mais alto.
Ponha os Kapas a funcionar e vai ver onde isto vai dar....

Anónimo disse...

•••como diria o outro: Miguel já "fostes"😊😊

Anónimo disse...

Tudo muito bem pensado no artigo acima. Obviamente, o problema está, como sempre, na "cabeça", ou seja, no chefe.
Um GR não é uma CMF, quando bons vereadores cuidavam da realidade real, e o chefe era só para a "cultura" , conf. de imprensa e saídas "monárquicas". Agora, a realidade é dura e problemática, o que, com os dados pessoais e políticos em presença, mais a nulidade da oposição regional, só traz à mente o verso de Camões, que é quando "um rei fraco fez fraca a forte gente"!
Face ao perfil e currículos de alguns desses nomeados e as heranças que vão ter de gerir, antes do fim do ano vamos ter turbulência a sério. Mas quem conserta o navio em pleno mar alto?

Anónimo disse...

Excelente opinião. Pena não ter sido mal criado para vir na capa do DN

Anónimo disse...

Esteve bem o comentador das 13:55.
Na CMF tinha uma equipa a funcionar em pleno e um vice que tomava as rédeas da coisa, na quinta vigia ele está sozinho o dono do facial não quer fazer vice presidência para não perder o controlo da "coisa" e estamos neste barco sem rumo.
Se o Miguel não abre os olhos a tempo e põe cada mosca no seu sítio, faz um vice no governo para comandar o todo, isto não vai lá, não vai mesmo, porque o mal vem de cima, sem rumo, sem controlo, sem estratégia política.
O lugar do secretário geral e no partido a unir os militantes, alguém se lembra do Jaime Ramos que foi secretário geral estar em chefe de gabinete? Não.
Então, por aqui já começam a ver o que está mal, e não é nos secretários, é na estrutura governaria.

Anónimo disse...

O comentador das 16.57 está implicitamente a reconhecer que o número um não tem unhas para esta guitarra porque precisa eternamente de um número dois e o que tem e um trafulha Lolol por isso isto nunca vai ter solução que não seja novo líder em congresso e acabar c está palhaçada de renovação

Anónimo disse...

Caro Luis Calixto,
Já lhe ocorreu que o cargo de diretor tegional não sendo político, necessariamente há de ser parapolítico ..., pois é isso mesmo e se assim não for como se poderá desenvolver a confiança político-partidária no poder. Contudo, seria de bom tom haver um concurso público, em que 75% das «questões em exame» fossem de natureza técnica da respetiva área funcional e os restantes 25% de natureza administrativa e organizacional ... Sendo assim a ver vamos ...!!!???

Anónimo disse...

Nomeações ridículas.Tirar a premiada Paula Cabaço para colocar um menino snobe (estou desejando ve-lo a falar e a negociar com as bordadeiras e produtores de vinho). O António Abreu para as Sociedades de Desenvolvimento é uma paródia (se conduzir as sociedades como conduziu o JM vai ser lindo). A triste da Ana Mota deve ser mesmo incompetente, em 1 ano foi despachada 2 vezes ou então é mesmo do malhadeiro. Enfim a estratégia ou a falta dela está à vista. Ninguém ainda falou da sondagem encomendada pelo próprio PSD Madeira que dá 60% ao Cafofo nas Autárquicas. Esconde Rui Abreu esconde!

Anónimo disse...

Rui Abreu esconde agora. Quero e ver como é que vai explicar ao Miguel o resultado no dia das eleições!
Venham elas depressa para ver se abrem os olhos, sim porque PSD nem a Rubina vai conseguir dar a volta.

Anónimo disse...

Prosa de morrer a rir. Pelos vistos o governo regional deveria ter feito 10 comunicados diferentes para anunciar os 10 nomes.
E que tal se fossem ter estas diarreias cerebrais para o divã do psiquiatra. Valha-nos Deus.

Eu, O Santo disse...

As Direções Regionais atualmente são nomeações políticas. Isto significa: os titulares dos cargos, se os querem manter têm que cumprir as ordens dos chefes (legais e eventualmente ilegais).
A segunda coisa que um diretor regional tem que fazer para se manter é não ter problemas, pelo que tende a não alterar nada e a não produzir nada.
Claro que estas situações prejudicam a população e beneficiam a corrupção.
A médio prazo, de que vale mudar a pá, se os cavadores vão ser o mesmos?

É uma questão de tempo para Miguel Albuquerque cair. Ninguém está feliz com ele, e isso é algo que une todos dos cidadãos da RAM.
Os que estão desempregados estão chateados pela falta de oportunidades, os doentes pelo mau funcionamento do sistema regional de saúde e pelo preço dos medicamentos, os que têm emprego pelo medo de o perderem e pala falta de liberdade e ausência de perspetivas de futuro que percepcionam, os que têm cargos porque sentem que qualquer um com Albuquerque pode ter um cargo e pelo medo de perder o cargo, os que não têm cargos estão aborrecidos por não terem pois o critèrio de seleção não é a competência e não o têm porque Albuquerque não quer.
Quanto aos jovens há de dois tipos: os jotinhas que se vendem e que sao capazes de cometer todo o tipo ilegalidades pelo chefe, mas se o chefe mudar também o farão pelo novo. Os não jotinhas ou estão inclusos no grupo de desempregados ou no dos empregados estando descontentes com Albuquerque pelos mesmo motivos.

No entanto, Albuquerque deve ainda ter o apoio de parolos que pensam que um partido politico é como um clube de futebol; são do PSD quer governe bem ou mal. Estes individuos mal começam a falar, pela sua imbecibilidade e falta de consciência social, irritam os seus ouvintes.
Também é provável que Albuquerque tenha o apoio dos que estão a aumentar rendimentos, tais como os corruptos.

Anónimo disse...

Ao Santo e aos demais. A gestão da coisa e no próximo ano do estilo a bolina. Isto e reagir se surgir necessidade se nao nada de ondas e esperar pela governação do Costa. Aproveitar para inaugurar umas pastelarias, ir as medalhas, dia da escoala etc. Os Drs limitam.se a encher chouriços e a preopuparem.se muito com as avaliações dos funcionários, expediente etc. As "contas" fazemos daqui por um aninho e a confirmar.se l cenário de sondagem , bye bye engomadinhos. Ate la malta vai tendo animação com umas mudanças, umas borradas que ainda saírao ao conhecimento dadas pelos que agora foram dispensados e talvez novo secretario da saúde pelos vistos vunica area onde nao ha agarradinhos ao taxinho.

Anónimo disse...

E o filho do sócio.